24 de dez. de 2007

Urânia (Fábio Sirino)


Leve-me contigo
Nessa busca inusitada
Na passagem para o nada
Vamos ao desconhecido

Num belo lago azul
Onde sul e norte
Não fazem fronteira
Com os sóis alaranjados
Quais as próximas barreiras
Para um espírito encarnado?

Nesta sinfonia de seres perfeitos
Um lago simboliza
As poucas lágrimas
E acalma o vento
Atrai o tempo
Derretendo o gelo

Busque a vida
Como a própria felicidade
Que tudo não acaba
Com o fim do temor

Que as palavras
Amanhã não se repetirão
Libertando a alma,
De toda ilusão, toda dor
E aquele amor que há no coração


28 de dezembro de 1996.

22 de dez. de 2007

Desconhecida (Fabio Sirino)


Fora da roda
Não comum ao ciclo que eu já conhecia
Ali quieta quase anônima
Como se santa fosse ela
Na zoada que fazia observava eu de canto de olho.
A sua beleza e a paciência ao aguardar...
A filosofia dançava
E se não enxerguei os olhos dela
Assim os imagino
Não azuis ou verdes
Penso neles castanhos ou pretos
Penso que ali o mundo que viaja em cores
Mas tudo era predominantemente branco
Na gira a descer em bênçãos
Antes, no quintal os baques quase surdos.
Hoje, é tudo muito alto,
Num ponto onde a cultura se aflora
Não tenho vergonha da minha macumba
E se a senhora ali quieta deixar
Também apresento minha poesia
Recitada com voz rouca e já cansada
- Pois não canto mais como outrora sonhei
Reservo-me para em eventuais momentos
Soprar cânticos ao pé do ouvido
- E assim faria se perto dela estivesse
Saciar meu curioso desejo
Ouvir a voz e ver as mãos
Saber ao menos o que faz aquela linda moça
Aqui às escuras tudo é especulativo
Solto na medida dos segundos que a imagino
Por vezes despida.
Mas nada tenho
Uma lembrança quase incomoda
Da minha falta de iniciativa
E se algo me serve de lição
Aprendo que na distancia
O sentimento só se faz belo em poesia
Sim sou louco e disso faço pouco
Não me intimido com loucura
Vejo leio loucos como eu o tempo todo
E neles me sinto parte de algo que nem sei se conheço
Mas que me soa familiar
Irei ofertar as flores que minha ausência
Deixou em falta
Para que ela um dia volte
E eu possa simplesmente ouvir sua voz
Tocar suas mãos e olhar no fundo dos olhos que imagino
Sem palavras ou versos
Dançar e beijá-la ao fim da musica
- Sou ousado e sempre quero mais
- Pois no fim de todo artista a sempre um menino
Cheio de vontades e medos
Então conhecerei a menina dela
O que esconde na discrição de sua serenidade
Pois de longe tudo é pura ficção
Entre a áfrica e os orixás
Entre o computador e a estética
O resto é detalhe, adereço ao que vi.
Como se já perdido fosse
Como se não fizesse falta ao todo
Deixo um registro ao mar
Que ele aceite esse escrito meu
Pois dela não tenho o endereço, nem nome.
Ficou apenas sua imagem a me encantar
Em meio aos toques e bênçãos
Da casa de Iemanjá.


5 de dez. de 2007

O Sagrado Sangrando ( Kelly Baêta e Fábio Sirino )




Eu já não quero mais cantar as minhas tristezas
E hoje eu já sei o que significa cada letra da palavra amor
Eu não acredito em nada do que me contam e o que é pior
Eu não acredito no que os meus próprios olhos enxergam
Simplesmente por que você me traz a inspiração de viver

-Hoje eu não quero mais cantar as minhas alegrias
Pois sofri junto para entender o significado das palavras
Que um dia nos amando você me ensinou
E não acredito nas horas que tanto esperei
Para você não chegar e me trazer de volta a alegria de viver

Tudo em mim ainda é agonia intensa
Acho até que nenhum ser humano já sentiu tamanha dor
Mas eu já disse que não quero mais contar tristezas
Porque nossa história de amor é linda e intensa
Igual as minhas dores, as nossas dores e nossas histórias particulares

-Por ti meu eu ainda clama, no fogo, no ar,
No calor que nos trazemos
E só em pensar em não mais aquecer a minha alma
Busco-te mais e te quero mais
Pois a minha verdade é te amar

Juro a ti e imagino quantos poetas loucos como nós
Já exprimiram seus sentimentos em palavras soltas
Palavras que significam algo para nós
E somente nós iremos entender cada verso
E cada ponto que damos para continuar nesse universo

-Então amarro cada lembrança que vivemos juntos
Na esperança de um dia ter de ti o que sempre sonhei
Para viver em vida um sonho que sempre tive
Ao lar, ao ar, voar e conhecer o mundo
Reinventar o que você me ensinou a acreditar acordado

O Engenho Jaraguá, o Teatro Deodoro, O Museu da Imagem e do Som
Os bairros dos nossos sonhos, formosos e benditos
O palco dos teus encantados e escândalos
Os nossos museus que são lembranças e meras expectativas de ser
Imagens e sonhos reais que sentimos em cada centímetro de ser-mos.

-Hoje, já nos permitimos ser assistidos ao escrever
Jornais, matérias, crônicas e anotações despretensiosas
Dançamos, nos encantamos e fomos além
Que o mundo que sonhamos nos permita
Mais um dia, ou mais mil anos sendo felizes

E nenhum de vocês irão entender
Os nossos pecados mais íntimos
Tentem... apenas tentem
Mas não nos imaginem
E estejam preparados para sangrar!




Sem respostas ( Fábio Sirino )





Os dias se seguiram sem notícias
E pelo meu temor
Não tenho certeza de nada
Fico hoje a imaginar-te
Em pseudônimo nem tão secreto
Se meus escritos tolos
Foram lidos ou se quer foram abertos
Na minha insegurança
Esconde em poemas
O desejo de falar-te ao pé do ouvido
Segredos e perguntas
Coisas bem nossas
Ouvir dos teus medos
Saber das tuas loucuras e delícias
Estar perto, nunca colado
Descobrir os furacões que escondes
Nesse olhar leve e misterioso
Mas contento-me em versar-te
Assim anônimo, apenas para te envaidecer
E não temas esses escritos
Pois minha loucura
Não ultrapassa a linha de uma poesia
Já sei do meu lugar a muito tempo
Aprendi a amar assim
Soube diferenciar o que querem de mim
E quem sou de verdade
E nunca fui amado por ser quem sou
Mas sim pelo que represento
E julgam que os poetas são tolos
Julgam erradamente
Mas que não fascina mais a ninguém um poema
Os poemas impressionam os egos
Os poemas exaltam a vaidade de suas musas
Mas nenhuma musa hoje ama seu poeta
Talvez seja o mal do novo mundo
Hoje se ama via cabos de fibras óticas
Faz-se amor com teclados e tela de plasma
Mas e o toque, a conquista?
Quero em alguns momentos ser ao menos quem sou
E se isso for safadeza, que deixem ser
Pois ai do poeta que não for “safado”
Nas palavras, o poder da exaltação, do desejo
Nele, o amor e a paixão como fina flor
E não deixo que meu mau humor das manhas de domingo
Estraguem a madrugada que passei a sonhar contigo
Mas os dias seguem e nessa quarta
Deixo o meu quarto
Só para mandar-te, versos e desejos implícitos
Num eu que ainda se esconde do mundo.

4 de dez. de 2007

Desilusão (Fábio Sirino)



Antes que me mandem calar
Antecipo-me calando
Só, num quarto desarranjado
Vendo na fumaça do meu cigarro
O tamanho da minha vaidade
Quase nu deitado ao chão frio.

Já não ligo a televisão
Tenho vontade apenas de ler e-mails
Tenho vontade é de ler os alheios
Ver a vida do outro e comparar a minha
Só assim me sinto menos infeliz.

Sinto-me menos infeliz
Quando encontro um moribundo
Quando falo com alguém que esta prestes a morrer
Na verdade minha infelicidade se vai
Ao ver a desgraça maior que a minha
A dor maior que a minha.

Se bem...
Que quando eles se vão volto eu a minha dor
A minha desgraça e desamor
Mal amado talvez
Pense de mim o que quiserem
Mesmo assim me repito nos coletivos e esquinas
Meio que a invejar os que sofrem

Então resolvo ajuda-los
Ouvi-los e entende-los
Mesmo estando pior que ontem e melhor que amanha
E nesse ciclo que se repete e perdura minha vida
Preciso de um revolver e uma bala
E principalmente coragem para atirar
Tirar-me a vida
Recomeçar um outro sofrimento talvez
Mas esse talvez me leve a crer
Que isso pode vir a ser melhor
Talvez eu sofra menos
E quando passar pelas esquinas do inferno
Eu já nem olhe mais para os lados
Eu já enxergue apenas o belo.

Mas não! Isso não daria certo
Esse já mais seria eu.

Preciso de algo pra me preocupar
Mulheres que chorem e clamem ajuda
Mas que não se rendam
A minha vontade assim fácil
Gosto das que gritam
E também adoro a conquista.

Sou inteiramente apaixonado pelo ser humano
Complexo e problemático.

Creio ser narcisista e adoro ver no outro
O que sou ou o que quero pra mim.

Assim chego a cada fim de minhas vidas
Regado a um novo amor ou uma nova desilusão

Manhãs de Domingo (Fábio Sirino)


Fazia-se leve
Com ar simpático ao tragar
Um cigarro ou uma e outra palavra
Atrasada na chegada
Ela é precisa na forma
De se mostrar presente
Clareando não apenas o sorriso
Mas todo o ambiente;
A noite ficava mais clara
Transbordando luz em descrição
Sem precisar exaltar-se
Para ter atenção
- Não! Ela não faz charme!
- E eu um desconhecido a observar
Os olhares que a buscavam
Um desconhecido a imaginar
Os seus projetos e medidas
Decorando no exterior cada gesto
- A forma que umedecia os lábios
Á aparente tranqüilidade
- Mas que furacão será que ela esconde?
Como será seu beijo?
- Ao menos sei que ela dança
Compassadamente sexy ao som de "Já"
- Seguimos caminhos opostos
Eu aqui na parte alta da cidade
Acordado a sonhar em versos
Ela ao nível do mar
Dormindo (creio eu) linda;
Talvez a sonhar
Com sacadas de casas e edfícios
Ou quem sabe um príncipe meio bandido
Talvez arquitetando um mundo
Tão belo quanto o jeito dela
Com céu azul bem clarinho
E cores fortes nas flores
E o mar de um azul bem escuro
Mas nada com muita maquiagem
Pois ela parece ver as coisas sem muita fita no olhar
E como é bom não sublimar
As coisas e as pessoas são o que são
A vida flui como num sorriso
Ou numa lágrima
Os momentos são únicos
Como uma boa peça de arte
Detalhes e cores nunca vistos
No mesmo entrelace de imagens
Assim parecia ela nessa noite
Um quadro cheio de entrelace de luz.
- Lá vou eu sublimando...
-Mas como não faze-lo
Se ela a mim não soava comum
Mas sim, sublime
Como a lua, o sol, o mar
As cores do arco- íris
O som de um violão...
- Chegou minha hora
- É manha de Domingo.
Estou sorrindo...!?
- E eu odeio as manhãs dominicais
- Acho que realmente preciso dormir...

2 de dez. de 2007

O brilho de sua timidez (Fabio Sirino)



As estrelas são facilmente confundidas
Com as pessoas mais iluminadas
Pelos holofotes e a amplificação de gritos
Perde-se no vão do infinito da alma
Clara alma guiada pela luz
Longe do meu campo de visão
Se perdem no medo de multidão.
Lá de cima se quer deu pra perceber
Se seus olhos enxergarem
Nossos sons e melodias
Mas ao fim dos tambores
Um sonho de forma frágil
De olhar doce e sempre terno
Chega como se para mostrar-nos
Como se brilha um astro vivo
Pois ela estava lá desde o começo
Ela não se denomina como estrela
Ou luz do sol dos campos
Sem fascinação pelo culto do mito
Desmistificando a customização
Do nosso padrão do comportamento
Do tido com sexy
Do tido com fatal
E ela chega tão fatal quanto sua timidez
Ela entra em sena e se quer tem luz ,
Ela não representa, ela é.
E seu sorriso me confirma
Que ainda temos chance
De dignificar a raça humana
Ou simplesmente ficar mais apaixonado

17 de nov. de 2007

Eu... (Fábio Sirino)


Antes que as paredes voltem
A esconder quem verdadeiramente sou
Nas mentiras dos risos que dou
E dos olhares que me escondem
Eu grito ao mundo
Que existo!
Mesmo que digam o contrario.
(foto:Thalita Chargel)
***
Não Sei Dançar
(Alvin L.)
Às vezes eu quero chorar
Mas o dia nasce e eu esqueço
Meus olhos se escondem
Onde explodem paixões...
E tudo que eu posso te dar
É solidão com vista pro mar
Ou outra coisa prá lembrar...
Às vezes eu quero demais
E eu nunca seiSe eu mereço
Os quartos escuros
Pulsam!E pedem por nós...
E tudo que eu posso te dar
É solidão com vista pro mar
Ou outra coisa prá lembrar
Se você quiser
Eu posso tentar
Massss!...
Eu não sei dançar
Tão devagar
Prá te acompanhar...

O Quarto (Fábio Sirino)


Aqui as coisas são tão irreais
Um quarto quase sempre desarrumado
Sujo por vezes que aqui cheguei
Com roupas e bolsas espalhadas
Pelos cantos quase apertados
Aos pés do guarda roupa, cinco portas.
Mas aqui, mesmo de cortina fechada.
O sol invade e chega a nos com força
Num misto de alegria e euforia
Quase plena quase sublime
Quanto à beleza que nele se irradia.
Tanto já vivi aqui
Mesmo sendo um reles convidado
A confiança amistosa que a me é ofertada
Meu “tesão” se aflora a cada minuto
Que respiro o cheiro o que ele exala
Daqui desse mundo aparte
Dos medos e fracassos
Um objeto dos nossos desejos
Faz o elo entre nós e o resto dos mortais
Sem tempo hora ou vontade de seguir
Aqui desejo apenas ficar
Para fazer parte do universo que sei não ser meu
Na evidência mais efusiva
Da paixão que sinto
Na imensidão dos segredos
Que sei que guardas em teus domínios
Amontoados pela cama
Já não me impressiono com tua beleza
Já não me engano com tua sensualidade
Hoje, estou apaixonado apenas
Pela verdade que sei que eis
Linda, livre e desorganizada
Charmosa, audaz e astuciosa
Verdadeira, forte e mascarada
Assim como uma bijuteria que será esquecida
Após o passar da moda
Meu ciclo é curto
E meu sentimento parece longo
Na falta de regulador
Das horas e sonhos
Que expelimos um para o outro
Nesse pouco espaço de tempo e medidas

14 de nov. de 2007

Mais um amor da minha vida (Fabio Sirino)


Assim como as catástrofes
Acontecem as paixões
Sempre estamos despreparados
De defesa baixa e lá vem ela
Forte e audaz como uma onda gigante
Arrasando, mas com beleza e gostosura.
Pois se for pra se dar mal
Que faça isso gostoso
Nas teias do destino
No enlace dela
Busco explicações sobre esse tal gostar
Que nos leva as loucuras da abnegação
Do ego, do eu, tudo em prol do outro.
Do outro que nem pensa no nosso outro
No outro de cá, os de lá,
Enxergam o real, a possibilidade da dor.
Exageradamente racional
Fruto da mais pura safadeza
Os de cá, os apaixonados:
Sonham com as probabilidades do prazer
Exacerbadamente imoral
Fruto do mais puro romantismo
Disputam um jogo desleal
Onde um luta pelos dois
E um por se e só
Assim meio deles meio de todos
Meio de todas e meio de ninguém
Na verdade gostaria de escolher as minhas
Talvez por ter conhecido
Uma das mais belas mulheres que já vi
Pela doçura e sensibilidade
Pela irreverência e aberturas
Nos assuntos mais sórdidos e amorais
Pela beleza de alma e corpo
Pela sutileza ao consolar minhas lagrimas
Assim de certa forma amo como mulher
Mas não aconteceu nenhum acidente
Que me causasse o trauma da paixão
Que pena não ter morrido por ela também
Pois morreria gostoso como nunca morri antes
Por outros amores da minha “vida”.

8 de nov. de 2007

De Rosto Dado (Fabio Sirino e Kelly Baêta)




De rosto dado um ao outro
Olhares de sol vão alem do vento do mar
Por que o divagar do seu pensamento
É tão lento quanto a velocidade
Do passar do teu tempo...
O sentimento vai além da falsa estética
Sem sofismo ou filosofia
O sentimento chega ritmado
Em fotos que guardamos juntos
E lágrimas que choramos separados
Porque juntos aprendemos a ser - mos
Na imensidão que transformava
Nossos dias em noites
E as noites em dias...
Porque juntos aprendemos
A ser o que já éramos separados
Onde a coragem do sentir dava sentido
A qualquer explicação
Na imensidão de uma fantasia de bailarina
Ou na fumaça de um cigarro
Se é que colecionávamos agonias...
Simplesmente pelo tresfoliar do passar dos dias...
Pois discurso e poesias
Não nos levam ao entendimento
São arcaicos demais para a nossa modernidade
A fotografia apenas apreendeu um momento
Dos tantos que ainda existirão...
Portanto, o encontro nada mais é que o discordar
Das palavras que foram ditas

14 de set. de 2007

Distancia (Fábio Sirino)





O oposto da luz nem sempre é as trevas

Alem dos discos voadores e dos fotógrafos

Aqui bem distante dos problemas que nem sei quais são

Fico a imaginar noticias e fantasiar artistas

-Qual desculpar ou história da realidade alheia irei ouvir?

Apenas sei que quase não escuto

E meu grito cala pra ter silêncio

Perto da ponta grossa minha voz afina

E uma saudade já doida entra no tom

Uma cama que chama por nomes proibidos

No alto distante da cidade chuvosa

E eu a falar-te baixo

Enquanto gritas por socorro

Nosso egoísmo não nos permite

A ser o que o outro mais precisa.

22 de ago. de 2007

Grato! (Fábio Sirino)


Foi tão calmo que se quer notei as perguntas
O tempo se esgotando e meu cansaço nem importavam
Pois tudo era tão suave que eu apenas ia
Que apenas continuava a seguir tuas curiosidades
No seu silêncio uma arma de me deixar livre
Pelos fios que nos deixam falar e escrever
Nas nossas moradas e sonhos
Andam ainda aculturados os medos
E os que se calam por eles
Segue os teus pensamentos
Com a música que da raiz do bem te gerou
Quase inseticida para aniquilar a má qualidade
E dos arpejos um som mais encorpado
Mas não menos suave que tua voz
Assim mansa ao pé de ouvido
Em off, apenas respeitado o meu silêncio
Deixado-me falar mais e sonhar em paz
E era apenas uma entrevista
Como tantas outras
Mais a forma que surge novas formas
Fazem do homem um diferencial
Assim por me fazeres sentir melhor
Mesmo ficando indignado
Falo com Gentileza
Não mais obrigado
Pois estou é agradecido
(Para Paulinha Felix e Gentileza)

16 de ago. de 2007

Tentar ? (Fábio Sirino)


Espero já ansioso

Pela próxima noite em minha casa

Pois ontem, mesmo escondidos

Percebi que te desejo mais

Mais que consegui mostrar

Mais que meus dedos e mãos demonstraram

Mais que o socorro que fostes me dar

Sou a soma de situações que nem viveu

E não posso mentir e dizer que te amo

Mas também mentiria se negasse

A força do prazer que me deste

Ou a intensidade dos minutos que vivemos

Talvez não passe de um momento nosso

Talvez seja uma fantasia mais minha

E tudo é risco no campo das possibilidades

Pois antes de te

Outros de mim morreram por amores vãos

Para longe dos barcos e portos

Meu mar é agitado

Sem plano de saúde ou seguro de vida

Uma vida para uma paixão

Uma paixão para uma vida

Assim os dias de confusão

Cercaram-me de mentiras fascinastes

Em enredos bem traçados

E sonhos bem sonhados

Hoje após a linda madrugada

Ainda não sei se convido a te

Para tentarmos juntos

Ou se continuo seguindo sozinho

6 de ago. de 2007

Mexicana II (Fábio Sirino)


Cartas para o filme


Hoje quero escrever-te

Em versos simples

Para que sintas minhas palavras

Sendo ditas próximas ao ouvido

Sussurradas, quase despropositadas

Do todo que há em mim

Desejando teu corpo e espírito

E nada além disso

- Se é que existe o além...-

Se de tu já não tenho certezas

Nas dúvidas que me ofertas

Não encontro mais teus beijos

E sinto faltas deles

Como sinto falta do teu calor

E do teu sorriso

Invadindo meu apartamento

Preenchendo meu quarto

Seminua, com meus panos a abraçar-te

E fico eu assim

Sem crédito para por no teu celular

Ou um veículo para te levar cigarros

Não posso te ofertar garantias

Tão pouco fazer promessas para a eternidade

Mas se queres

Posso levar-te para dentro de mim

Ajudar-te a conhecer o mundo

E enfrenta-lo contigo se preciso for

E se preciso for

Subirei aos céus para pedir por tua alma

Ensino-te e tu me ensinas

Então me proponho a ser teu aluno

(Mas não na tua arte de mentir)

Assim como também serei teu professor

(Mas não na minha arte de iludir)

E nenhuma companhia

Fará-me sentir mais tranqüilo

Que a tua presença

E se ainda assim pretenderes fazer

O que julga ser certo

Por ti, farei o errado

O que tu nunca me pediu

E farei sem pedir perdão

Sem ter que repetir que te amo

Sem precisar da tua confusão

Pois já não mais acredito

Em alma gêmia ou em eternidade

E se nascemos para ser só

Porque então nos buscamos?

Porque então nos arrasamos

E nos desesperamos?

Se tudo isso era tão óbvio.

Se não queres mentir para mim

Então fale a verdade

É bem simples assim

Se não tem ou não pode

Dar-me o que quero

Sai apenas do meu caminho

Que tenho necessidade de andar

E não me sinto livre

Pois estou preso no teu olhar

Nesse filme de amor bandido

Onde, como o vilão

Matam-me no fim...


23 de jul. de 2007

Minha Hora (Fábio Sirino)



Talvez seja minha hora de descansar

Assim como alguns amigos já fizeram

E tantos outros que vieram antes de mim

Dormir um pouco, por vários e vários dias

Sem som, luz ou imagem do homem forte que criei

Já sem voz pra gritar, já sem medo

Assim como eles, pretendo desistir

Der-me tempo na busca pelo desconhecido

Pelo nada que já carrego

Assim como eu, estranho

Deslocado, solitário solicito

Com ar de bom moço alegre

-Como sei mentir-

Assim se vão minhas vontades

E em muito breve minha vida

Dores amores e feridas

Para o céu, inferno ou para o nada

E quem me conheceu imagem e cantos

Terá uma pergunta, um julgamento

Milhões de duvidas

-Porque será meu Deus?-

Dirão os que gostam de mim

Sentirão talvez minha falta por alguns dias

Mas somente por alguns dias

Após as formalidades

Tudo correrá para a mais simples normalidade

Dentro da mediocridade dos dias que se seguem

E como já bem disse Álvaro de Campos

-Lentamente esquecerão de te, e só serás lembrando

Em duas datas, aniversariamente-

Tão breve seja a vida, assim também se dará as lembranças

E parti como hoje desejo

Tornou-se quase inevitável

Pela falta ou pelo excesso

O exagero dos sentimentos que me cercam

Deixo então meu legado de fracassos

Deixo então minha coragem e covardia

Essa é minha herança:

Uma mão estendida, aos que me negaram abrigo,

Um sorriso largo, aos que choravam perto de mim,

Um ombro aos que buscavam consolo,

Enquanto me abandonava pelo mundo

Nas mentiras e histórias que criei

Assim apagarei esse “fake” que sou

Com um “delete” e um ponto na poesia...

9 de jul. de 2007

O primeiro dia...(Fábio Sirino)



O primeiro dia após o fim
É uma ressaca doida e sóbria
Pois na noite anterior,
O adeus fica martelando os sonhos
As projeções, as expectativas e os planos
Todo que se foi pelo ralo, nas lágrimas
Da alma a sarjeta onde estou
Onde penso estar, mesmo sabendo da saída
Fico eu vivendo essa dor, esse medo e esse amor

Lógico que eis a primazia que sempre busquei
Cor da vida que tando desejo
Lógico quanto à vinda da morte
Como meu olhar vazio procura tua imagem
Como teu cheiro, invade meu eu
E como eu, meu desejo sucumbe a tua alma
A tua força e as tuas duvidas

O primeiro dia é sempre assim
Parecemos até mais fortes do que estamos
E quando olho no espelho
Meus olhos refletem os teus
Minha mão busca a tua
E longe isso corta o peito e me deixa nú

Quero então uma bala
Um revólver e coragem para dar-me fim
Assim sem cartas ou testamentos
Sem ti a vida some, perde claridade
Sem ti o sol já não brilha
E se for para teu bem
Assim serão meus dias
Sem brilho nem claridade
Sem cheiro de menina arteira
Menina levada às melodias e movimentos
Uma grande mulher de alma rara

Corri para longe e sei que fui injusto
Mas não covarde como pensas
Enfrento a distância do que mais quero perto
Por escolha, ou por imposição do destino
Queria mais que isso, quero formalidade sim.
Namoro de porta até
Quero mais filhos e sonhos
Projeto de vida a dois
Quero dizer todos os dias que te amo
Mais que ontem e menos que amanhã
Que só a morte nos separa

Mas é dia de calar e seguir
Sem a noite de quarta no calendário
Pois para mim ela ganha um outro nome
E a quinta o mesmo
O resto da semana chamem do que quiser
Mas sem ti, eu a chamo de tédio...

8 de jul. de 2007

FIM... (Fábio Sirino)


Há noites propícias para uma despedida
Há dias que as coisas
Têm uma outra forma de serem vistas
E minha visão inebriada
Toma forma e ganha humidade
Ao contrário de Elisa, farei de sacanagem
Mas talvez não para bem, ou pra inocência
Mas voltarei à dureza e a hostilidade
Que me trouxeram até aqui.
*
Aqui nessa madrugada,
Onde não me acompanho e “me abandono”
Nas ruas estreitas e antigas da cidade velha
Ruas vazias e sofridas, ruas de sonhos e medos
De gente e de almas que já se foram
Partiram e seguiram suas estória
Fecharam seus círculos
Ou como eu, tiveram medo e ficaram calados
*
Agora é hora de gritar
Mandar a merda tuas inseguranças
Os teus desejos que me cortam a alma
Quero mais do pode me dar
E agora acho que tinhas razão
Quero mão, pé, boca e sexo explícito
Quero um vinho e um baseado
Mas não esconderijo ou abrigo
E sim liberdade sem mentira
E sim doação sem cobrança
*
Deixe-me seguir então
Perto dos fracassos que não te pertencem
Perto dos sonhos que não são teus
Do amor que não pode me dar
Deixe-me calar e pegar a Piedade
Que ele me leva em casa
Volto para perto das nuvens
E do meu disco voador
E desejo a te a melhor dança e a melhor noite
O melhor sonho e o maior amor
Que já sonhou um dia ter vivido
Porque pra mim acabou
E eu já deveria ter partido...
***

6 de jul. de 2007

Depois da noite de prazer (Fábio Sirino)



No fim da tarde

As coisas ganham o verdadeiro sentido

Na realidade mais dura e cruel da vida

Depois dos sonhos que mal sonhei

Depois dos poucos momentos de sorriso

Um soco em minha alma

Ou apenas mais uma despedida

Outro momento de choro

Que resposta Deus nos dar com isso?

*

Esperei a noite como se fosse eu a morrer

Eu a sofrer, só num apartamento de paredes brancas

E insisto nessa repetição

Pois assim, se dão meus dias

Minhas vitórias

Como num livro sem escrituras ou fotos

*

Como ser quem sou, antes de me sentir algo?

Antes de me sentir parte de algo

E no nada que me incomoda

Vejo de dentro o vazio dos segundos que se seguem

Antes que me leve uma recordação

Mais um dia de minha vida

Eu quero gritar

Eu quero chorar e poder cair

Antes que diga-me que é tarde demais

Quero tentar e tentar até cansar

*

Vejo então as despedidas de uma outra forma

Vejo os fatos que se seguem assim também

E se como não bastasse

Repito-me na forma de ver toda essa mudança

E por isso me calo

Mesmo querendo gritar

Mesmo precisando chorar e cair

*

Talvez, hoje, eu faça um testamento e me mate...

Mas minha vontade de viver é tão maior que eu...

Meu desejo de amar é tão maior que eu...

Que naufrago em esperança já desiludidas

Já fadadas ao fracasso

E nele, eu a lutar, eu a seguir, eu a calar...

*

Porra! Mais o que fazer?

Se a resposta de Deus não cala a minhas perguntas...

Deixo meu filho e minha música,

Deixo poemas e risos para posteridade,

Ou deixo dívidas e inimizades?

*

Desejo o mundo e o que tenho?

Uma força que não enxergo

Amigos mórbidos que se matam

Amigo forte que clamam por mim

Um coração enorme que sofre mais

Não! Eu tenho apenas medo de me sentir ridículo.

***

3 de jul. de 2007

Revendo (Fábio Sirino)

Enquanto tento fugir dos seus doces sorrisos
Peguei-me sim, a sonhar com seus beijos no meu ouvido
Mas não liguei e nem fiz pirraça
Já me encontro ferido o bastante pra inda te ver em carne viva
E seguirmos sem solução
Nesse amor de via única que ainda nem nasceu direito
Mas que já deveria ter morrido assim, só.
*
Se tu pudesses ter te visto ou se enxergado um pouco mais
Se tu tivesses tido a calma de ouvir os que a te admiram
E esperasse pelo viés da verdade tuas respostas
Tudo estaria exposto de uma outra forma
Se tu quisesses poderias reverter
Se crescesses e não se desculpasse ou não se culpasse
Mas se tu soubesses do quanto que te quero bem
E do medo do mais que isso, do querer bem mais que isso
Do que não posso mais sonhar
*
Vou de volta ao meu segredo, vou para o meu passado
E apague dos meus dedos teu gosto, teu ventre
Pois estou indo de volta ao meu passado
Apegue da memória do teu celular os meus telefones
E o endereço da minha cama
“Arranque do teu peito meu amor cheio de defeitos”

Soneto para uma quase Fumante (Fábio Sirino)


Adeus menina encantada
Já passa das doze horas
Está em tempo de ir embora
Pra não cair na madrugada
*
Chega de discurso vazio
Dos poemas loucos e apaixonados
Já não me basta ficar só do lado
Feito um tolo ou um imbecil.
*
Encare a noite como despedida
Pois já anunciei minha partida
E hoje o prazo acabou
*
Vou com amargor no peito partido
Meio desgostoso e já sem jeito, doido
Dos sonhos e vendo que destruíram meu amor
***

O Perdedor (Fábio Sirino)


Pelo calor que não senti
E pelos beijos que não são meus
Da cor que só você tem
Dos olhos ariscos que lhe pertencem
Pelo pouco ou muito
São sentimentos antagônicos
Desejos meus e afetos seus
Do sexo que enxergo
E do respeito que me tem
Nossas verdades já não se cruzam
Elas se vão meio à fumaça dos nossos cigarros
Com dor e lamento dos poucos momentos
Já saudosos que carregarei comigo
E na afirmação de ser mais que um amigo
Um amante que se deita para sorrir do seu lado
Que sabe chorar e rir das tuas tolices
E lhe fazer sentir-se mais confiante
Do sol que nasceu pra você
Que lhe esperar para brilhar
E eu sim, volto a minha escuridão
Pois a mim, só a lua pertence
Um pouco de sombras
Um resto de afeto que se quer tem relevância
Ao mundo que lhe encanta
Aos lutadores que lhe conquistam
De mim... Ficam apenas poesia e saudade
Um desejo inerente e intrínseco
A fortuna dos apaixonados
E é essa minha dor
- Para coração de pedra, amor britadeira-
E esse já disse que a mim não pertence
Canso antes de vencer
Procuro espaço longe e não canto derrota
Como bom perdedor apenas choro calado, sozinho
Fazendo dela música e poesia...

Delírio (Olavo Bilac)


Nua, mas para o amor não cabe o pejo
Na minha a sua boca eu comprimia.
E, em frêmitos carnais, ela dizia:
- Mais abaixo, meu bem, quero teu beijo.
*
Na inconsciência bruta do meu desejo
Fremente. A minha boca obedecia
E os seus seios. Tão rígidos mordia.
Fazendo-a arrepiar em doce arpejo
*
Em suspiros de gozo infinitos
Disse-me ela, ainda quase em grito:
- Mais abaixo, meu bem!- num frenesi.
*
No seu ventre pousei a minha boca,
- Mais abaixo, meu bem!
– Disse ela, louca, Moralistas, perdoai! Obedeci...
***

30 de jun. de 2007

Dormindo? (Fábio Sirino)



Rezem por mim que estou mergulhando de cabeça
Como se buscar-se a dor que sei que virá
Mas como resistir a tamanha felicidade
E conter desejos que vão alem de mim?

Longe até consigo pensar em liberdade
Mas liberdade sem ti é quase prisão
E prisão livre de ti é mais uma morte
Ou outra muito próxima a isso

Sim! Tua luz e força me roubaram a razão
E isso é tão bom e faz tão bem
Mesmo louco como e insano como nós
Como nossos loucos dias e nosso pouco tempo
Assim sigo a sorrir num caminho para as lágrimas
Mas quando chegar?
-Ah, mas quando a dor chegar já terei vivido.
Lindos e intensos momentos
Da mais pura felicidade mundana
-E se não der certo antes de ser feliz?
-Ao menos terei tentado com todas as minhas forças
E todo meu amor pela vida, pela tua vinda...

És uma beleza de cor marrom
E um quase negro meio triste
Dos teus olhos quase sonho meu
Que vai além de tuas inseguranças
E me seguram a mão no meio da noite chuvosa

Onde madrugaremos a sorrir?
Em minha casa ou num motel?
Na praia ou numa tela de computador?

Por mais de mil motivos e mil sonhos
Sigo a fantasiar-te aqui na parte alta da cidade
Longe das tuas desculpas e confusões
Quero uma cama de casal
E um guarda-roupas de cinco portas
Quero dormi e acordar rindo
Com teu cheiro em minha boca
Quero mais do que diz nem poder me dar
Mas quero assim mesmo
Tua alma e teu sonho
Para dar-te a minha e os meus
Até que a morte nos separe ou nos acorde.

29 de jun. de 2007

A Mexicana I (Fábio Sirino)


Saio por onde não entrei
Faço o caminho inverso às minhas vontades
Tenho tanto a falar ao mesmo que tenho tanto medo
Que calo uma voz já cansada de discursar para o nada
Para ouvidos que não me respondem
Num silêncio de quase morte
Num lugar que não me enxergo
Onde grito em meio à multidão surda
Batendo em tambores ritos e celebrações
Que assustam as almas mais porcas
Veio para provocar conflito
Trago guerra para desperta paz
E inflijo meus manuais de bom comportamento
Por amor ou paixão deixo a ética de lado
Quero apenas fazer da vida um gozo prolongado
Uma mistura de sim, talvez e não.
De solidão repetida, partida, doida.
Do táxi que nos leva desejo adentro
Volto só do teu mundo
E cheguei a pensar ter importância
Nessa coisa toda que inventamos
Um campo de flores com lama no fundo
Onde o fundo sempre pareceu mais atraente
E como as aparências enganam
Via na tua força a grande mulher que sei que é
De verdade adeus
E que os anjos da felicidade estejam contigo
Que comigo ficarão lindas lembranças
Do pouco mais sofrido, felizes momentos.
Então ponho fim à brincadeira
Vamos ao próximo capítulo
Que entre em cena o ator, o galã.
Porque o figurante acabou de sair...

27 de jun. de 2007

Sub-corporal (Fábio Sirino)



Não se negues a aprender
Nem por medo do novo...
Pois tudo que também preciso está em ti
E não nos medicamentos que nos vendem
(Os que fumamos e os que bebemos)
Ou no ponto de equilíbrio das respostas alheias
Que não nos aquece a alma
E nem bombeia a paixão que percorre as minhas veias
Sem ninguém nos tirar do escuro onde estamos
Onde sei que já não queremos nos ferir

Deixe que joguem praga e maldições
Sobre mim ou nossos sonhos
E não te chamo de nada, a não ser pelo teu nome
Pois o Que Li já me ensinou a cortar meus próprios ossos
E isso tudo está me surpreendendo
Como se uma força célebre emanasse de mim
E mesmo com medo não a contenho

Tirem-me daqui!
Pois já desejo ficar mais que seguir
Tirem-me daqui!
Pois meu peito rasga de dor de amar e dividir
Numa quase maldição sobre nós

E mesmo sendo co-dependente
Em vários momentos tento, e não consigo gritar-te
A culpa que sei ter nisso tudo cala-me
E mesmo não acusando um ou outro
Ainda me sinto co-dependente
Dos poucos momentos que vivemos
E dos pouquíssimos sonhos que te compartilhei
Em um momento de respiração profunda
Que provoquei em te...

Tenho algumas observações
Antes do fim dos destinos e fechamento dos portos
Antes de desembarcar em outra dor ou outro amor
Jamais porei a culpa em ti
E jamais te esquecerei fora de mim

Leve-me então para barra da tua saia
Ou para a barra de Jequiá
Para que possa te olhar em vento e areia
Deusa dos meus sonhos eternos
"Juntos ou separados "
Para todo sempre apaixonado.
Amém...

23 de jun. de 2007

Oral (Fábio Sirino)


Sigo em meio ao teu campo de dor
Num enredo de entrelaço de fantasias
Onde a verdade que contamos vale mais
Como posso fugir de algo que se quer chegou a ter vida
*
Na respiração mais compassada
No gosto salobro que se adocica em minha boca
Vou numa viajem sem ser convidado
Pelo teu cominho escuro
Molhando tuas curvas com minha saliva
“Com meus medos e delicias”
*
Oralalizo teus desejos mais íntimos
Com o nascer do sol a nos observar
Um tom de risos nossos
Um gosto de cigarro e coca-cola
Deixamos de dançar
Para buscar em olhares uma traição
*
O mar lavará tua alma
Os teus olhos e receios
Levará para longe tuas orações e cânticos
Poemas teus, do doce adormecer que compartilhamos.
Nas linhas que nos descreve
Ou nos textos que redigimos
*
Minha matéria esta incompleta
E sequer sei titular ou editar
Minhas fotos estão desfocadas
E só me resta uma entrevista
Com perguntas obvias
Onde as respostas silenciem
Na contravenção que cometemos
Pelo pecado nosso de cada dia
Peço perdão ao teu amor
Pela mentira dos meus risos
*
Para onde vamos?
O que desejamos?
O que somos ou o significamos?
Deixo as perguntas na minha insônia
No desejo louco de ter-te minha
Como já mim tem teu
***

21 de jun. de 2007

Ser Só (Fábio Sirino)


Perco as contas, mas não a dor.
E me entrego mais uma vez a isso
Como se já não soubesse o fim
Dessas historias que já vivi
Entre tantas que viverei
Todas que ja morri...
Quantas outras morrerei?
*
Sem reza ou encomenda pra alma
Sigo perdurando na escuridão
Dos olhos teus, quase secos
E os meus “molhados
De alguma coisa feito solidão”
*
Veio como se já tivesse partido
Numa carreira de medo
Na disparada do gado
No grito da vitima
Antes do seu assassinato
*
Parto com gosto amargo
Numa cor que me assanha o cabelo
Deixo os terços e os cadarços,
Sem laços, lenços ou panos brancos
*
Mas o que teria a te oferecer?
-Poemas,musicas e estórias...?-
Alem de uma amor incondicional, talvez
Enteso como eu, forte como meu gostar
Tudo ainda é pouco perto de te.
*
Deleito-me em minhas nuvens
No chão do meu quintal,
Aqui no meu apartamento
As pedrinhas da frente da casa
Já me conhecem
E as jogo em direção a lua
Como um incentivo
Para que elas virem estrelas...
*
Assim farei quando partir
Sem brilho ou luz
Eu e a estrada já velha e esburacada
No ponto concordamos
Somos a soma dos destinos que se afastaram
E somos mais...
Uma quase cor de um quase arco-íres
Que as ondas levaram
Quase levaram embora quando partiram
Para um mundo distante de todos
Onde moro e vivo só
*

20 de jun. de 2007

Menina Escuridão (Fábio Sirino)


(O início do flerte com a Ros”a”)
Ainda trago em minha mente
A imagem daquela mulher
Que vinha do escuro
Semi-iluminada
-Parem os toques e as estrelas cadentes
Vejam a menina dona das sombras passar-
Ela veste preto e cheira a rosas
Ela mal fala, mas sabe sorri
E seu sorriso tímido
Grita por ela e canta por ela
Que cega a hipocrisia estética
Com charme e simplicidade
-Assim quase sem querer-
Com seu cabelo de Sol
De olhos caídos quase tristes
Fico eu a lembrar...
Como se a primeira visão
Fosse uma visagem
A aparição da princesa dos mistérios
- Ali do meu lado-
Enquanto calava, ela partia
Levando consigo meu resto de luz
E um pedaço do meu coração

A Fuga ou O Descanso...(Fábio Sirino)


(É hora de morrer de novo)
Pernas para o ar
Pois é mais que hora
Da dança ao assento
Um minuto para o descanso
Água, vodka e vinho
Mas se falta
Serve coca-cola e baseado
Pra ficar doidão
Vem para deitar
Vem, mas venha sorrindo
Que minhas orações te buscam
(E falta pouco pra elas te perderem)
Nos canaviais e salões
Vai engrossando as pontas
Sem nosso coletivo
Um ser só meio amistoso
Um olhar cortante de despedida
(Quase morte)
Siga sem par, sem mim
De cintura fina, feminina e básica
Como uma sandália de salto
Pule por mim, que não curto trio
Ou qualquer ser elétrico
Pois sou um quase acústico
Já passa dos meus desejos, essa brincadeira
Já chega às minhas dores
E entre tua vontade e meu sofrimento
Nem penso outra vez
Condiciono minha caminhada
Para longe dos guardas, das sentinelas
Onde nem vela ilumina
E tu, linda menina
Apenas deixe-me ir