6 de ago. de 2007

Mexicana II (Fábio Sirino)


Cartas para o filme


Hoje quero escrever-te

Em versos simples

Para que sintas minhas palavras

Sendo ditas próximas ao ouvido

Sussurradas, quase despropositadas

Do todo que há em mim

Desejando teu corpo e espírito

E nada além disso

- Se é que existe o além...-

Se de tu já não tenho certezas

Nas dúvidas que me ofertas

Não encontro mais teus beijos

E sinto faltas deles

Como sinto falta do teu calor

E do teu sorriso

Invadindo meu apartamento

Preenchendo meu quarto

Seminua, com meus panos a abraçar-te

E fico eu assim

Sem crédito para por no teu celular

Ou um veículo para te levar cigarros

Não posso te ofertar garantias

Tão pouco fazer promessas para a eternidade

Mas se queres

Posso levar-te para dentro de mim

Ajudar-te a conhecer o mundo

E enfrenta-lo contigo se preciso for

E se preciso for

Subirei aos céus para pedir por tua alma

Ensino-te e tu me ensinas

Então me proponho a ser teu aluno

(Mas não na tua arte de mentir)

Assim como também serei teu professor

(Mas não na minha arte de iludir)

E nenhuma companhia

Fará-me sentir mais tranqüilo

Que a tua presença

E se ainda assim pretenderes fazer

O que julga ser certo

Por ti, farei o errado

O que tu nunca me pediu

E farei sem pedir perdão

Sem ter que repetir que te amo

Sem precisar da tua confusão

Pois já não mais acredito

Em alma gêmia ou em eternidade

E se nascemos para ser só

Porque então nos buscamos?

Porque então nos arrasamos

E nos desesperamos?

Se tudo isso era tão óbvio.

Se não queres mentir para mim

Então fale a verdade

É bem simples assim

Se não tem ou não pode

Dar-me o que quero

Sai apenas do meu caminho

Que tenho necessidade de andar

E não me sinto livre

Pois estou preso no teu olhar

Nesse filme de amor bandido

Onde, como o vilão

Matam-me no fim...


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