23 de jul. de 2012

No Arame... (Jurandir Bozo)





Depois do sol
A noite não veio
Como se o mundo tivesse calado
Calado seus dias
Suas horas e minutos
Parado entre o resto de luz
E o escurecer
Eu
Somente eu
Entre sonhos e risos
Palavras e escritos
Reflexo dos meus medos e fraquezas
Num espaço de tempo estreito
Que já não durmo
Que já não me refaço
Eu apenas sigo e vou
Assim apenas deixo meus pés fazerem escolhas
Pela mais pura necessidade de andar no arame
De sair do lugar
Desse lugar
Do mundo
Do planeta
Da vida
De mim
Mas certo que mesmo indo
Toda paisagem se repete
E me desespero em silencio
Por sempre estar no mesmo lugar




21 de jul. de 2012

Amor Enviesado (Jurandir Bozo)




Do que valem as previsões
Se a cronologia nos afasta
Sentimentos desenraizados
Desejos que não buscam o amor
Olhares que não se encontram
Na mesma vontade

Quero então o frívolo
A instabilidade fugaz
Quero sim a insegurança
O incerto que nos acerta
Algo que provoque desequilíbrio

Quero sem permissão
Sem reciprocidade apenas sentir
Apenas tocar e provocar prazer
E mando a merda todos os pedidos
De casamento
Namoro
Socorro

De te sexo e calor e suor
Pecado e perversidade
Pois tudo que é bom
É sempre proibido



Assim Sendo... (Jurandir Bozo)





Anunciem
Gritem ao mundo minha solidão
O eu sego que perdido se encontra
E que cercado de incertezas
Ergue a viste sobre os dedos
Para perceber que não há sol
Alertem
Façam entender o universo
Que hoje mesmo a luz do dia
Caminhamos no mais impávido escuro
Aguardem
E o pior ainda estar por vir
Em mim ou de mim erros lançados
Ao céu feito aviões de papel
Baixando arquivos do eu criança
Numa plataforma adulta de ser
E assim sendo
Sinto-me mais outro que eu
No fim
Tudo acaba quase sem final
Como se fosse a sina de todos
Esperar quase conformado
Que não ha nada a nos oferecer
Que poucos grãos de esperança
Para uma safra inteira de desilusões


16 de jul. de 2012

Na Madrugada (Jurandir Bozo)




Dizem as más e boas línguas
Que é na madrugada que viro bicho
Que uivo
Mordo
E aranho
Mas é quando sou bicho
Que amo
Que gemo
E choro
É esse eu bicho das madrugadas
Minha parte mais humana
Mais terna e verdadeira
Sem as mentiras que sol reflete em mim
Sem convenções
Rótulos e slogans
Nela eu me lambuzo de quem sou de fato
Correndo em mim
Sonhos e desejos
Que a luz não ousaria iluminar
E quem vai negar que o escondido tem seu sabor
O meu sabor já não é mistério
E aos que ousam aparecer a mim na madrugada
Compartilho dele
Sem meias palavras
Só instintos
E fulgor no rosar de corpos
Assim feito bichos
O escuro não nos causa medo
Ele nos protege e acolhe
Todos os nossos segredos




Mudança (Jurandir Bozo)




Condiciono minha mudança a você
Não que suas múltiplas escolhas
Deixam de caber em minhas bagagens
E que sua falta de atenção sejam empecilhos
Mas a seriedade na forma de nos vermos
De encaramos em nos a safadeza que nos sustenta
Seja como amantes ou como inimigos
Íntimos ao extremo de nossas vaidades
Assim sabendo que gosta bem mais que meus dedos
Atesto de forma publica
Toda minha loucura dedicada a você
E a ela deixo que batize com nome que mais agradar
Paixão, amor, amizade
Eu ainda sei de mim
E em mim entro você cada vez mais presente
E assim feito cicatriz
Algo que desfigura e assusta
Que fica em mim para todo sempre
O que vivemos com dor
Feito uma boa marca ou uma má recordação
Mas vamos arrumar nossas malas
Roupas e discos
Óculos e protetores solares
Tudo é importante para nossa ultima noite de chuva
A parte isso
Seremos agora um para o outro
Sempre noites de sol