25 de abr. de 2018

Cavidade (Jurandir Bozo)




Cabemos-nos
Cabemos nus
Cabemos crus
Assim meio que imprensados
Devoramos-nos suavemente
Meus sonhos
Seus suspiros
Meus poemas
Seus olhos grudados
Meus dedos
Seus pontos de prazer
Tudo que se completa
Meu dia ruim
Sua TPM
Nossa vontade de entender
De falarmos
De lermos
De nos enxergarmos
Aceitando quem somos
Cheios
De sentimentos
De frustrações
De mágica
Arrebatados
Simplesmente porque nos encaixamos
Sem se quer termos nos encostado 


22 de abr. de 2018

As Suas Rosas (Jurandir Bozo)




Que maquiam
Mostram
Desenham
Delineia
E qual cheiro se tem
As flores que adornam um corpo
E qual será a fragrância
Que suas rosas exalam
O que elas marcam
O que elas maquiam
O que mostram e desenham
Quais partes elas delineiam
Suas curvas
Suas marcas
Recordes e cicatrizes
Dores e delicias
Tudo que carrega seu olhar
Que preenchem o brilho dos seus olhos
De força, foco e fé
De Sol, sal e mar
De vida




17 de abr. de 2018

A Tua Boca (Jurandir Bozo)




A tua boca roubou-me a atenção
E nela suas palavras
Numa quase tortura saborosa
Escorregavam certeiras
Em tons que me acendiam...
Ouvia atento seus brinquedos proibidos
Enquanto proferias sentenças ao passado
Relatos e ousadias
Para o que ainda parecia não conhecer
Assim aos que desfrutaram contigo
O seu melhor seguiu desacompanhado
Deixando delicias e encantos
Os mais fundos suspiros
Seus lábios, outros lábios
Tantos e quantos delírios
Cabem em uma só noite com você?
A tua beleza incendiava meu olhar
E mesmo próxima
A distancia que restava permanecia
Como se nunca fossemos nos tocar
E assim ficava mirando seus lábios
Queria mesmo era uma tatuagem a esmo
Com a cor quente do seu batom
Algo que eternizasse 
O rastro que sua beleza emana
Ausente, eu não abstraio
Imaginando com malicia
Suas delações intimas
Contextualizando em sensualidade
Sua desconfortável sapatilha amarela
E curto vestido estampado
As coxas grossas, os olhos devoradores
O humor jovial a disposição ao atrevimento
O show estava quase completo assim
Seu vento chegando aos meus segredos
Exótico, eu me sentia esquisito aos demais
Deixava-lhe a temporalidade do seu coletivo
Mas sem espaço para dar-lhe o que mais queria
Eu resolvi apenas ir
E fui ainda querendo ficar
Com a premissa do beijo que não dei



Cartas aos Vivos (Jurandir Bozo)




Cartas aos Vivos
Volume 01


Eu plagiei uma declaração de amor
No momento que mais deveria ser eu
Eu apenas fui quem você queria
Tomando posse da coragem que nunca foi minha
A fim de ofertar qualidades que nunca tive
Por medo ou por amor eu apenas calei-me
Talvez
Se eu não fosse eu
Talvez
Sendo outro
Talvez
Calando todas as minhas palavras
Talvez
Com as palavras de outros
E assim fiz
E assim foi
Dei o melhor do que nunca fui
Para ter o melhor do que nunca foi meu
É a mais pura verdade
Eu mentir
E não tenho vergonha disso
Envergonho-me apenas de ter acreditado
Na farsa que eu mesmo criei
Acreditado numa personalidade que era minha
Apenas para lhe dar tudo que não era meu
Meu jeito exagerado de gostar
Minha insegurança
Minha extrema carência
Meu egocentrismo
Minha falta de ciúmes
Isso e mais eu apenas escondi
Deixando de ser quem era
Para não saber mais quem sou
Pois por mais que caminhe
Entre noites e dias
Por mais que ensaie reconstruções
Ou tente dar-me outra chance
Eu plagiei uma declaração de amor