26 de mar. de 2010

Reestréia (JurandirBozo)



Quantas meias palavras ainda preciso
Para fugir com a verdade de te?
Pausando nas recordações
Pulsando forte no ritmo dos teus risos
Sentindo falta, querendo mais
Calando olhares fujões...
Escondendo o eu entre tantas historias
Sem tempo situado
Dias e noites cercado por teus encantos
Tentando em vão ser evasivo
Em vão, não ser envolvido
Nas discussões que me esgotam
Ausência de afagos, de elogios teus
A beleza rude de todos meus sonhos recentes
Modelo de amor que não me serve
Reestréia de filme antigo
E já sabendo do final
Fico sentado a ver-me num replay
Cadeira desconfortável
Pipoca fria, cinema vazio
Os sinais não deixam duvida
Todos estão vermelhos
 Ardentes sem colírio
Meus olhos sempre choram ao fim

19 de mar. de 2010

O Mestre e Seu Grande Poder (Jurandir Bozo)





Sim o nosso Deus corrige o mundo
Pelo seu dominamento
Do nada ao tudo da terra ao sol
Pelos milhões de versos e distancias
Pelas rimas e historias
Pela vida e pela partida
Talvez meu agora saudoso Mestre
O homem nasça e não saiba como se cria
Não saiba da sua importância e luz
Talvez ele saia de casa pequenino com um pandeiro a mão
E com ele (seu pandeiro) construa seu legado e seu caminho
Encantado e versando universo a fora
Talvez seja esse mesmo home que quando se cria
Não sabe o dia que há de morrer
- Mas quem sebe não é?
Assim ele conte os milhões de léguas daqui pro sol
Talvez conte e cante na direção ao sol
Ou da estrelinha que nasce e se põe às seis horas
Talvez agora todo o céu esteja em festa
Num trupe que fez essa madrugada trovejar
Quem sabe as paredes do céu
Precisassem de um cantador
Pra levantarem seus rebocos
Pra fazer os Santos pisarem no barro com força
E assim terminarem as tapagens das casas
Ou talvez esse home esteja fazendo graça pro grande criador
Tipo versando em improviso
Uma embolada pra o senhor Deus...
Ah meu Mestre aprendi a não subestimar o senhor
Sua cantoria e sapiência
Aprendi com seus trabalhos
O que a fumaça da cidade me fazia cegar
E hoje com o peito partido penso
- Não seria melhor continuar cego?
Cresci por suas mãos e de um roqueiro bem fuleiro
Assumir meu posto de palhaço popular com todo honra
Brincamos, cantamos  
- E sem falsa modéstia -
Encantamos a muita gente
Fui seu aluno, seu companheiro de cantoria
Seu amigo e filho de todas as suas presepadas
Mas hoje meu querido Mestre já não sei quem sou
Se sou como essa chuva que chora a celebrar tua chegada
Ou se como tantos outros que também choram
Por lamentar sua partida
Sem mais saber de nadas
Se voltarei a ser palhaço como me ensinou
Ou se voltarei aos tempos de cegueira muda
Pois homem nasce e não sabe como se cria
E quando se cria não sabe o dia que há de morrer
Ou de parar (de cantar) pra descansar
Só sei meu Mestre que de hoje por diante
A minha cantoria para sempre será incompleta
Por mais que a terra gire
Sempre me faltara o Seu Grande Poder.


Para o homem Mario Francisco, vulgo Mestre Verdelinho que me levou para trilhar o caminho das artes populares, com verdade, com amor, e agora com muita saudade.

Que eu e tantos outros que o senhor ensinou possamos fazer nossos trabalhos abençoados pelo seu talento e pela sua luz.
Ontem foi um dia pra ser esquecido, pois a sua presença ainda esta aqui dentro de mim, e é só por isso que vestirei minha alma de Mateus e subirei ao palco voltando todas as minhas forças em tua homenagem. Como senhor diria – Bozo vamos fazer esse trabalho bem feitinho, tudo bonitinho que é pra agradar o pessoal.
Muito agradecido por tudo meu grande Mestre, Meu Parceiro, Meu Amigo Verdelinho.


(dia 19/03/2010 as 05 e 18 da manha)
Jurandir Bozo

9 de mar. de 2010

Fabulação (Jurandir Bozo)

 



Como não enxergar o que mais escondes?
Se em minha fantasia
São nítidos teus traços e curvas
Dos dedos dos pés aos das mãos
Por cada fio de teu lindo cabelo
Assim esfacelo as noites acordado
Sonhando-te e fantasiando
Teus próximos passos





Pra uma das pessoas mais lindas que ainda não conheci...

2 de mar. de 2010

Meu Palhaço (Jurandir Bozo)



Alguns respeitam minhas tintas
Outros o medo das minhas piadas
Entendendo-me ou sem me entender
Assim eles riem
Riem de mim...
Olham fixos para próxima presepada
Escutam minha voz e vão de partida para suas casas
Enquanto fico meio palhaço e meio partido