"Aqui se encontra idéias poéticas, aqui se encontra paixão, prazer, dor, lagrimas e sorrisos, um espaço para que eu possa postar minhas manias em escritos que não necessariamente atendem as expectativas do outro e tão pouco a formalidade ortográfica, aqui não há compromissos com acertos e sim com a ousadia da tentativa e intensidade dos sentimentos e sonhos meus."
21 de dez. de 2006
Conselho para o Sol (Fábio Sirino)
Sim o amor salva
Ele é a parte da alma
Que traduz o desconhecido
Mas afirmo
-Não esqueças do que te faz ser quem é -
Não falo do que desperta olhares
Cobiça e desejo
Do que se vê antes do primeiro encontro
Refiro-me ao que escondes na timidez
(E mesmo que negues, assim entendo)
Ao que desperta curiosidade
O que intriga a pensar e te descobrir
Não pela flor, mas sim pelo jardim inteiro
Não apenas pela cor dos olhas
Mas sim pelo teu olhar
Que no espelho enxerga teu belo
Então, feche os olhos e sinta tua essência
Tua alma pura e tua busca pela simplicidade do amor
Que costumamos problematizar
Com isso me basto para crê em tua felicidade
Pois o caminha do que és
É maior que o caminho do que representas ao outro
O teu espiritual é mais forte que a busca ao material
E se ambos são belos
Se ambos tem sua importância
Viva! Pois a felicidade a espera de braços abertos
O que angustia será mais uma pagina
Chorada em teu livro de sobrevida
Continue a escrevê-lo com esses valores
A conduzir tua estória com essa linha
Pois os ventos vem, mas passam
Balançando as folhas do teu jardim, eles vão
E levam as dores e os desamores...
Sorria que o sol espera por ti.
Para renovar com o dia uma esperança
Ou o brilho do teu olhar...
17 de dez. de 2006
Ousar a Sorrir para o Sol. (Fabio Sirino)
E o sol brilhou na manhã seguinte à tristeza
Mas não por acaso...
O sol, ele está à espera da inspiração
De um sorriso teu
Para que do frio da tristeza volte o calor da alegria
É hora de acordar para a vida
Para o brilho dos olhos que vi de relance no Jaraguá
É hora de soltar a voz forte, quase rouca
E ordenar aos teus medos tuas vontades
De ser quem é
De ser o que sonha
De ousar e voltar a sorrir
Jardins da Alma... (Fábio Sirino)
Ha um tempo para tudo
E pelo tempo um segredo
Do segredo o medo
Do medo a coragem
Da coragem uma ousadia
Da ousadia um amor
Do amor a possibilidade
Da possibilidade a esperança
E da esperança o sonho
Pois o homem que sabe sonhar
Fica muito perto da felicidade
Assim te enxergo mesmo escondida
Uma mulher que sonha
14 de dez. de 2006
o mistério da menina (Carla Pesarde)
11 de dez. de 2006
Manicômio Judiciário II (Jurandir Bozo)
Lindo mesmo é a bailarina
Que dança e tripudia
Fazendo do impossível imaginário
Real literal em passos e movimentos
Aqui dentre essas paredes brancas
Paira um clima marginal
Mesmo com tantas arvores e plantas
O muro não nos deixa esquecer
(Que estamos presos)
E gritamos para ela dançar
Num espetáculo solo
Ela sorri e dança sem musica
São alucinações suas coreografias
Num rito vezes calmo, vezes frenético,
Ela se movimenta
Num palco gigantesco
Que mal cabe em sua cabeça
Enquanto os outros
Observam os muros altos
A bailarina continua a dançar
Dentre as paredes brancas
Do Manicômio Judiciário
Onde ela vaga por uma eternidade...
Manicômio judiciário (Fabio Sirino)
Pois aqui os doentes se assustam com facilidade
Essa é a ala da recreação
Onde há brincadeiras e jogos
Onde fazemos as reuniões também
Damos informes
Realizamos discussões e comentários um sobre o outro
Passam por aqui diversos condenados
Pelos crimes não previstos na lei comum
Os condenados a indiferença
Os condenados ao desamor
Aos que também são sensíveis demais
Os problemáticos e questionadores
A aqueles que têm personalidade marcante
Os que gostam de coisas diferenciadas
E os que ainda são diferentes
Os que querem morrer
Os que querem viver demais
Os apaixonados pela vida
Aos que amam alguém
São em sua maioria artistas
Poetas, escritores e compositores.
Nomes como Álvaro de Campos
Florbela Espanca, Augusto dos Anjos,
Álvares de Azevedo, Camões.
Dentre tantos condenados
A serem poeta por uma eternidade
Todos condenados
Como eu e você
Amar a poesia e a morrer por ela
1 de dez. de 2006
Para uma linda menina quase desconhecida...(Fábio Sirino)
Vendo teu sorriso um mundo se alegra...
E cobrar o mesmo é comum
Sorrir não é uma violência – eu sei...
Mas a cada um a carga de vida que lhe cabe
Nos teus olhos, a leveza dos que são do bem
Dos que buscam a vida
Na singeleza do gesto simples
Ou na complexidade de um poema...
Outros se escondem entre olhares alheios
Na identidade do outro
Pelo medo ou pela precaução
Sou quem sou, vezes sim, vezes não
Uns me chamam de Fábio e outros de confusão...
( É um enorme prazer versar pra você.)
30 de nov. de 2006
Dia 23 (Fabio Sirino)
Para mim, o gosto amargo da falta que me fazes...
No teu dia, sorrisos; recados, presentes, carinho;
Fica em mim a sensação do fracasso
Do peso que levei à tua vida.
Nas minhas palavras, mentiras
O que anunciei a ti
No conforto da distancia tecnológica
Para ouvir de ti, verdades, coisas tuas...
Pois bem...
Serei personagem.
Sem olhares ou coração
Seguirei a fio o papel que me impões
Assumirei sozinho a dor que pari, e que só a mim pertence.
O que sempre insistiu que era só meu
(como se eu já não soubesse)
Enquanto ouvia teu mundo covarde
E me doava em segurança que no momento não me pertencia...
Tentei ser leve, amigo, amante...
Mas era impossível!
Eu era outro que nem se quer conheço...
Respeitava o que te fazia mal
Respeitando teu passado, tuas marcas.
Pois bem, estrela...
Já sei do mal que sou
Do peso que tenho
E mesmo assim parti sem te dizer ofensas
Com a ferida aberta.
(O mal menor que me causaste)
Prefiro a não comunicação, o isolamento...
Pois assim são tratados os loucos
Os diferentes, os apaixonados
Os que se entregam sem nada pedir
Os que o mundo não aceita...
Sou homem de muitas palavras
De gestos grandes, espalhafatosos.
A dor que a ti causei foi involuntária
Volta pro teu céu...
Que seguirei no meu inferno
Na mentira dos risos,
Na ânsia e na angústia que me faz ser quem sou...
Em papel não escreverei o que entalou
O que deveria ter dito
Do que penso hoje de ti e calo
Talvez todo esse amor desprezado
Seja fruto da projeção de um sonho meu
De alguma crise existencial.
Talvez até uma alta de pressão...
Quem sabe da minha vontade de morrer...
Mas no seu dia...
Desejo-te felicidades
Que sigas o caminho do teu silêncio
Que ficarei com meu discurso vazio
Com a minha ridícula exposição do sentimento
Siga sempre a brilhar!
E leve contigo um pouco de mim
Do coração que jamais será o mesmo
Pois aviso quem amar uma estrela.
-Cuidado! Pois que queda é longa
E quando pensas que já caiu
Ainda falta muito para o encontro com o chão
-Estou ainda em brancas nuvens
Sem noção do que me espera
Sei que levantar é inevitável
Porém, gostaria de afundar
Entre a terra e o piche do asfalto.
-Para coração de pedra, amor britadeira
-Esse não tenho, não terei.
Para ti muitos anos de vida!
Para mim espero muitas felicidades
Com a mais pura hipocrisia
Na luta dos meus dias de sobrevida
Onde eu recrio e faço a saudade...
28 de nov. de 2006
A Pessoa Errada (anônimo)
Pensando bem
Em tudo o que a gente vê, e vivencia
E ouve e pensa
Não existe uma pessoa certa pra gente
Existe uma pessoa
Que se você for parar pra pensar
É, na verdade, a pessoa errada.
Porque a pessoa certa
Faz tudo certinho
Chega na hora certa,
Fala as coisas certas,
Faz as coisas certas,
Mas nem sempre a gente está precisando das coisas certas.
Aí é a hora de procurar a pessoa errada.
A pessoa errada te faz perder a cabeça
Fazer loucuras
Perder a hora
Morrer de amor
A pessoa errada vai ficar um dia sem te procurar
Que é pra na hora que vocês se encontrarem
A entrega ser muito mais verdadeira
A pessoa errada, é na verdade, aquilo que a gente chama de pessoa certa
Essa pessoa vai te fazer chorar
Mas uma hora depois vai estar enxugando suas lágrimas
Essa pessoa vai tirar seu sono
Mas vai te dar em troca uma noite de amor inesquecível
Essa pessoa talvez te magoe
E depois te enche de mimos pedindo seu perdão.
(Que pena! Acho que para meu mal sou uma pessoa certa.
Não faço ninguém perder o sono!
Tão pouco faço alguém chorar...
Também não dou noites de amores inesquecíveis.
E ninguém me enche de mimos, ou me pede perdão...
Em fim... Eu sou a pessoa errada.
Que insistem em chamar de certa. *)
Fabio Sirino*
27 de nov. de 2006
Grito de Alerta (Gonzaga Jr.)
Primeiro você me azucrina
Me entorta a cabeça e me bota na boca
Um gosto amargo de fel
Depois vem chorando desculpas Assim meio pedindo
Querendo ganhar um bocado de mel
Não vê que então eu me rasgo
Engasgo, engulo, reflito e estendo a mão
E assim nossa vida é um rio secando
As pedras cortando e eu vou perguntando
- Até quando ?
São tantas coisinhas miúdas
Roendo, comendo, arrasando
Aos poucos com o nosso ideal
São frases perdidas num mundo de gritos e gestos
Num jogo de culpa que faz tanto mal
Não quero a razão pois eu sei
O quanto estou errada
E o quanto já fiz destruir
Só sinto no ar um momento
Em que o copo está cheio
E que já não dá mais pra engolir
Veja bem, nosso caso é uma porta entrea
bertaE eu busquei a palavra mais certa
Vê se entende o meu grito de alerta
Veja bem, é o amor agitando meu coração
Há um lado carente dizendo que sim
E essa vida da gente gritando que não
Veja bem, nosso caso é uma porta entreaberta
E eu busquei a palavra mais certa
Vê se entende o meu grito de alerta
Veja bem, é o amor agitando meu coração
Há um lado carente dizendo que sim
E essa vida da gente gritando que não
16 de nov. de 2006
O CASAMENTO PERFEITO (Estrela*)
*
6 de nov. de 2006
Esperando.. (Janaina Maciel)
Eu não quero conselhos nem consolos,
Esconder meus mares revoltos,
Viver de olhares soltos
E sempre me enganar.
Eu quero que alguém invada minha vida,
Impeça minha ida,
Mexa na minha ferida
E me faça suspirar.
Eu preciso de um olhar sabido
Que me arranque o vestido,
Mas brilhe quando eu rio
E pergunte se pode ficar.
Não espero que seja pra sempre,.
Só quero o friozinho no ventre
Esperando que chegue e entre
Sem nem avisar.
Então, em companhia da dor,
Fico aqui sonhando esse amor
Que meu coração finge acreditar.
(Rimas pobres, tristes, perdidas e sonhadoras.. igual a mim. *)
*Janaina Maciel.
Deus como as coisas mais simples são tão belas... Entendo sua modéstia, linda e jovem Janaina, mas não deixe de escrever rimas pobres, tristes e perdidas, pois como toda sonhadora aqui é teu lugar. Venha sempre nos visitar que será bem vinda.
Fábio Sirino.
3 de nov. de 2006
Se Perguntares II (Fábio Sirino)
Pois sabes que realmente não me conheces
Que sou o que passa despercebido
O invisível mutável no canto da casa
Sou o que se varre e não recicla
Poeira, lixo, algo que se come e cospe...
Sou também, o que sonha em fazer o bem
E sempre é tido como louco, fazer pouco disso é normal.
O que manda flores para ser mandado embora
O que tenta se entregar para não ser visto ou procurado
O que se despe, terno e companheiro para ser condenado ao abandono
Rei sem trono, político sem mandato
O que trabalha por graça e pelo que acredita
O homem de bela alma, o bom amigo
Esse que se castiga e se cala
Esse que chora e se isola
E se aflora o desejo, será chamado de supérfluo
Não precisas dar-te justificativa para o desconhecimento...
Os desinteressantes já sabem do seu lugar
Entendem mais que qualquer sociólogo sobre segregação
E parte para a mentira dos risos como medida paliativa
Para se tornar uma boa companhia
Deixo no rastro, minha dor
Das fantasias e das angústias
Deixo a herança dos que se empenham em pensar no outro
Em fazer o outro gozar
Curtir e brincar, de fazer sorrir uma criança triste contando estórias
Sim, nobre companheira...
Existe gente assim
Que acredita que um poema conquista
Na fidelidade e na doação
Na paixão e na persistência, no que é justo
Que crê na justiça e em Deus...
Mas, do que adianta tal continuação
Se sei que me desconheces
Se sei que não me enxergam
Talvez continue andando pela falta de destino
Talvez falando pela falta de ouvinte para cansar de mim
Sou um esgotado que se arrasta vida a fora
Sem portas ou vizinhança para doar um copo d'água
Tenho a chaga dos que acreditam na humanidade
Nos que acreditam no amor
Sei que nem imaginas quem sou
E passas por mim sem olhares
E sais de mim sem pudor
Então se te perguntarem quem sou
Nem precisa mais dizer que não me conheces
E nem que achas que sou ninguém...
Cale, e dê com os ombros.
Não gaste o seu precioso português
Com alguém triste que nem merece sua explicação
Pois continuarei sendo um ninguém em meio à multidão...
O que Deus deu... (Fábio Sirino)
É hora de cair do céu
O lugar que nunca a mim pertenceu
Compartilhar do brilho e da luz
Dos encantos e da paz
Foi hora de cair o meu mundo
Momento impróprio
-Mas, quem é perfeito-
Fico na ânsia e no vazio
Algo que aperta o peito e faz chorar.
Para que Deus me deu tal presente
Se predestinado já estava tal fim?
Como posso esquecer do sabor
Do cheiro que escolhi como perfume
Para esfregar meu corpo e entregar minh'alma
Qual será a verdade que posso contar?
Entre meu medo da morte e minha falta de viver?
Qual afirmação será mais digerível, lógica e comum?
É cedo para falar ao telefone
Remédio para o buraco negro do meu espaço caído
Que mundo foi esse que imaginei
Se volto às indagações
E aos medos que achei ter perdido?
Encontro no último andar o fim das escadas
E o céu que Deus me deu desaba sobre minha cabeça
Quando estou sem força nem ânimo
Queria dizer a Estrela o que de mais lindo há no infinito
E gritei em voz baixa, e fiz má-criação justa
Fundamentada e já cansada, esta, meia que guardada
Entre o peito e cabeça,
De volta as origens, estou eu
Minha raiz é forte demais para que eu acredite em felicidade
Mas sei que no fundo estou agradecido a Ele por tal presente
Compartilhei momentos ao lado do cosmos
Tudo foi passageiro, eu sei...
Agora volto à solidão do meu apartamento vazio
Sem cor, de sorriso cinza.
Fico no fim das escadas para a linda Estrela
Quem não tem nada pra te dar sou eu
Leva contigo meu amor
Que te lembrarei como o presente que Deus me deu...
1 de nov. de 2006
Sem medo da dor (Fabio Sirino)
Na sombra das gérberas
Como sobejo do espelho
Da vida que escolhestes
Minha parcela é dispensável
E mesmo assim busco acreditar-te.
Perco poemas e idéias
Restam os anéis dos teus dedos
Que fantasio elos e sons
Dos pés ao encontro do caminho
Tenho um adversário forte
Invisível e incansável
Pois teu passado move o moinho
Faz do teu engenho nostalgia
Do mal que te cansastes
Do mal que fizeram a ti
E da culpa que criastes
A mais pura tradução
Das tuas regras e limitações
Sim! Forte são os guerreiros
E me orgulho em persistir
Digo ao meu instinto
Que sem minha auto-destruição
Por ti teria a mais pura amizade
Mas se sei que não temo a dor
então; tenho por ti desejo
E o mais sincero e inseguro amor...
*****************
31 de out. de 2006
Cartas às luzes dos postes (Fabio Sirino)
No alto dos postes
Vejo as luzes e as estrelas
Pois o que escrevo me toma como fixação
Uma doença que precisa ser expelida
Pela paixão ou pela situação
Onde me encontro é menos importante.
O que vale, é como me encontro
Quem de nós menos envolvido
Nessa cadeia de medos recordados?
Ato-me ao teu laço de proteção
E fujo com minhas perturbações
Mesmo perto temos mundos distantes
Atribuições e prerrogativas
A pressão que me mata é tua indiferença
Sem nomes ou planos
Fico eu sem futuro ou presente
Deixo que passe tua tensão
E espero vir para o próximo mês
Que venha mais leve
Que isso pese na falta que me fazes
E não preciso que me leia em escritos
Já tenho cicatrizes suficientes para gritar-te
Dizer alto teu nome, sem a mínima vergonha
Para que o mundo nos ouça e pare...
Escrevo sim, como revide
Às grosserias e negligências
E se isso a te incomoda, a mim mais...
Volto à linha do poema
Para que as luzes dos postes
Deixem as esquinas mais claras
Pois a claridade é quem me segura a mão
Afaga a ferida da alma e aconselha-me a ter calma
E por fim
Manda que diga ao mundo a minha dor
Dos meus entraves e do meu amor...
27 de out. de 2006
Olhos que quero conhecer. (Fábio Sirino)
Os olhos que não conheço?
Pela tela tela vem pensamentos meus
Sobre o que devi estar por traz deles
(Tuas estórias, o timbre da voz, a maneira de andar,
O charme, como trata as pessoas)
Explanação de quem não conhece
Confesso meu encanto pelos olhos
(Sim eu me encantei com os teus)
Mais não pela beleza deles
Mas sim pela expressão que transmitem (o olhar)
E o que esperar?
Como um também desconhecido
Deixo que minha imaginação guie os sonhos
Como tais, se vão com as janelas que fecho
E quando torno a abrir lá estão eles
Cheios de mistérios e luz
Olhos que não me enxergam
Que lêem minhas tolices vãs
Que assiste no cinema extinto de penedo
O filme do passado não vivido
Que insistimos em recordar
Como lembrança que não são nossas
Mas que fazem parte do nosso imaginário
Imaginário de penedo...
Dos olhos que conheci pelo computador
E que não sei se gosta de cinema
Ou de poemas!?
19 de out. de 2006
Poema por telefone (Fábio Sirino)
Na mudança de cor, de forma e tempo
Pelo vento que sai da língua em forma de palavra
Na mescla do suor, da boca e do metal que nela há
Toca os alheios ouvidos com a melodia
Que se agiganta em meigo som
Trazes no moleque a menina sexy implícita
Que pela necessidade de mudar, esquece do que é
Pois tua beleza facilita o improviso
E sussurro por telefone ao teu ouvido
8 de out. de 2006
Necessidade (Fábio Sirino)
26 de set. de 2006
Feliz Aniversario?! (Fábio Sirino)
Nasci no dia 23 de setembro
E gostaria de não estar comemorando
Com a cara lavada na dor
Sou apenas o que restou
Do homem que tentei ser
Sou a causa e o efeito
Das pancadas que não assimilei
Do que não pude revidar
Do grito que entalou
Aquele que engasga na garganta
O que quer ser dito
O que quer escutar apenas uma voz
Sem velas ou bolo
Sem bolas ou apitos
Serei eu em um eu mais velho e triste
Sem razões a compartilhar
Como se passado fosse
E o hoje fosse ontem
Desejam a mim o que gostariam de ter
- Muitas felicidades-
E vou além do que quero
Na mentira mais deslavada
No contrário do desejo
-Muitos anos de vida...
19 de set. de 2006
Tabacaria (Alvaro de Campos*)
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.
Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?
Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso?
Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardenteO seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a
Via Láctea e o Indefinido.
(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)
[parte do poema de Fernando Pessoa*]
3 de set. de 2006
Preliminar I (Fabio Sirino)
Pela dor que me atrai
Pelo músculo que me pressiona
Idas e vindas, do que não se foi
Descubro em formas e cheiros os sabores do pecado
Além do que a normalidade permite
De cor negra escorre em mim seus cabelos
Seu suor e força, em minha cara
Por onde fugir se sou quem busca
Se quero seguir a estória que ela viveu
Seja pelo pudor que não tivemos
Ou pela ética que buscamos
Serei o que o tempo permitir
Em versos do gozo que provei
Em “boca oca, de língua míngua”
Do cheiro que impregna meus dedos
Que dão sabores aos escritos
Na pele o som da musica respirada
Do compassado ritmado do ventre seu
Ondulações e formas impensadas
Que os olhares apimentam e calam
A espera do que se achou ou se perdeu.
Seja feita a sua vontade
E por maior que sejam os motivos
Sou triste por vocação
Na penumbra do quarto
Nas sacadas e nas plantas
Incluso o marginal dos sorrisos
Aconselho a pular
Do ultimo andar para o inferno ou paraíso...
15 de ago. de 2006
Palavras de Absinto (*Estrela)
(Intimidade)
apenas ao que me inspirasse confiança,
ali minha existência chegasse ao fim
que naquele momento eu sofria.
em todas as gerações que lhe seguissem,
tão bem guardado,
continuou a passear pelo meu corpo,
pelas minhas marcas, pelas minhas dores e delícias...
e saímos do transe, desconectamos.
Ele passou a carregar um certo semblante...
sem palavras venenosas
sem nada que servisse para justificar a atitude,
algo se desencantou nos meus dias...
para quem quer que fosse.
uma quase saudade
visitou minha alma,
Conheceu-me inteira e se foi sem palavras...
BR das possibilidades (Fábio Sirino)
E o encanto do que és
Dão as regras desse jogo
Mas tendo o medo em mim
Temo todas as cartadas
E me fascino com as explicações
Entre o que fui e o que és
O oposto nos atrai.
A uma estrada sem volta
Na falta de pele
E peço censura as nossas palavras
Que vença o silencio
Que vença o beijo
Que vença o olhar
Que vença o desejo
E se o que fui deixar-me seguir
E o que eis levar-me junto
Não Haverá necessidade de desistência
Mas de novas estradas
8 de ago. de 2006
Poema da avareza sentimental(*Estrela)
O que me dás de ti...
É tudo – e tão-somente – o que te escapa entre os dedos.
O que tuas mãos trêmulas e cerradas não conseguem me esconder –
por mais que tentes.
O que me dás de ti...
É um breve olhar de relance, desses tão negros olhos acanhados...
É um sorriso do canto de tua grande boca, mas contido.
Um acidental roçar do teu forte braço
Ou ainda que um abraço, mas chega a mim frouxo e sofrido...
O que me dás de ti...
É um corpo que me vem ao longe, já oscilante,
Pernas cambaleantes, braços que não sabem onde estar...
É nada mais que uma palavra, em voz rouca.
Um suspirar ofegante...
Subitamente interrompido.
Privado do respirar, privado do meu cheiro... impedido de me amar!
Ainda assim, me vem ao longe seu coração sem cadência, assustado.
O que me dás de ti...
Pensamentos, censurados,
Desejos, ousados – mas secretos e discretamente sonegados.
E uma aparente – mas construída – indiferença,
O que acentua o teu charme blasé e reputação de “pessoa mal resolvida”.
O que me dás de ti,
O que somente me dás de ti, sem sovinices,
É a tua ausência...Com esta, me brindas em abundância!
Ah, a lentidão das horas que me visitam e se passam sem que eu perceba a tua luz...
Mas ainda que eu te mereça pouco...
Tão pouco, assim...
É menos do que a mim caberia...
(Poema enviado pelo orkut. )
Que as mulheres façam poemas como fazem vida. +
+Fábio Sirino.
15 de jul. de 2006
Girassol (Fábio Sirino)
Grite girassol
Digas o que sente
O seu silencio me mata mais
Grite girassol
Fala o que quer
O que lhe cala
A palavra que se guarda à força
Então... Tome uma atitude
Sem interferência de qualquer poesia
Sem musica ou fotos flagrante
Seja solidária girassol
Observe o vento ao seu favor
E os pingos de chuva que buscam seus dedos
É girassol...
Você deixa saudades
Desperta em amores
Encanta o cantador e ganha a cantada
(E o que queres mais girassol?)
Não cale girassol
Pois preciso ouvir sua voz
Sentir seu cheiro
E dançar a noite toda
Quero beijar-lhe e muito mais
Sem enfeites no meu resto de vida
Busco algo que faça parte, que some.
Sem quadros de natureza morta no apartamento
Deixo a esperança esperar
O sol nascer pela manhã
Para que junto à janela e o jardim
Veja o brilho da vida
Vamos girassol fale para mim
Pois já disse que lhe amo.
13 de jul. de 2006
Câncer (Fábio Sirino)
(o triste fim de uma mãe)
A mulher esta morrendo...
Definha na velocidade dos segundos
E sua segurança e prepotência
Vão junto às lagrimas
E o cabelo que lhe resta.
A cabeça cansa da batalha,
Seus sonhos morrem com ela
De toda uma família desunida
Que sofre junto, mas chora separado
Em terços e promessas
Numa fé inútil
Que o câncer insiste em mostrar
A cada luta perdida,
Com enjôos e tonturas
Que a deixam mais derrotada...
E o veneno aliado ataca ambos os lados
Do mesmo corpo que se cansa mais e mais...
Ela uma mãe, uma ex esposa
E como ex ainda sozinha
Sem um ombro que possa confiar
E do que valem seus filhos
Se ela sente a necessidade de passar a força que já não tem
Lições da vida que nunca viveu
Mas do que vale a vida
Se ela definha na velocidade dos segundos
E seus cabelos caem...
Se o câncer nos tira a fé...
Do que vale a vida
Se a mãe que está morrendo é a minha.
10 de jul. de 2006
Para longe de mim (Fábio Sirino)
Todas essas marcas
Que trago na alma...
Como um troféu de superação
Sem ter esquecido nada
Mil angústias tenho em mim
São apenas pancadas
Essas que tu percebes
Dentro dos meus olhos
Nesse jeito afoito e paternal
De guardar frustrações
De uma juventude fodida
Não me digam o que tenho
Pois fui diagnosticado centenas de vezes
Um maníaco depressivo
Um lunático romântico
Um artista compositor de poemas
E nada se tornou completo
Sou todos os diagnósticos
Sou parte dos erros que cometi
É... No fundo não são apenas pancadas
Eu as sinto muito maiores
Elas me tomam a alma marcada
Numa dor inimaginável
Até para quem a sente
E a carrega durante anos
Não me restam mais amores
Nem amigos, bares ou familiares;
Eu nem sei se confio mais em mim
Ou se decido tudo sozinho
Para confessar pecados meus
Dar-me uma punição
(como se já não bastasse)
Tento fugir de tudo
E pra onde corro
Sempre percebo o quanto estou perto
Torno a correr para longe das minhas incertezas
Mas para onde quer que eu vá
Acabo sempre encontrando comigo
E torno a correr para longe de mim...
8 de mai. de 2006
Estrada de Curvas (Fábio Sirino)
Alem do que pensou Che Guevera
Sigo numa estrada de curvas
Busco a máxima distancia do carnaval
Quem sabe assim eu poça encontrar alguém
Uma menina que traga consigo
A calma que eu desejo
Numa cabeça cheia de problemas
E na boca um piercing
Com um jeito moleca
Uma forma meiga de amar
Completamente entregue
Sinergia entre pessoas
Vou ao longe
Quero que poucos me vejam
Um som de violão
Pássaros e palmeiras
Descritos num quadro de Frida
Sem novelas ou ficções
Quero vida em minhas mãos
Tocá-la sentir tua pele escura
E deitar como duas crianças
A descobrirem o sexo...
25 de abr. de 2006
Piercing (Fábio Sirino)
O que foge da mordida
Se transforma em atitude
Torna-se apetrecho na língua
Que arde e beija, apimenta
Feri o fundo do peito sem rasgar a pele
Na língua em forma de prata
Na pele negra, magra, mulata
Fica o mistério do comportar
Do agir, do falar
Da forma de andar
Se é que anda, Se é que desfila ou rebola
Da bola que fica na boca
Louca e que rola e excita
Que grita junto a ela
Faz da sua feminilidade um ar escuro
Que nem de cima do muro se enxerga
Os olhos dela, a sua cor
Da voz e que imagino
Da palavra que vaga, tom de noite
Da menina do verbo cortante
Que me desconhece e matém distância
Para que não deixe de ser sonhada
Vista e idealizada em fantasias
Que vão além do estudo da comunicação
Ficam caladas entre a língua e o céu da boca
11 de abr. de 2006
A Concha (Fabio Sirino)
1 de abr. de 2006
Minha estrada (Fabio Sirino)
Até que se tarda o fim
Estou de portas e braços escancarados
Como se esperasse por quem já não vem mais
Estou em casa e sinto-me alheio as coisas
As minhas coisas, as coisas que já desconheço...
Vou para rua, e a tomo como meu lar
Por vezes sinto-me dela
Como um apaixonado por cada pedaço do asfalto
Sigo sozinho num flerte de homem e rodagem
Conto a ela minha vida
Mentiras que os outros acreditam
E verdades que me negam
Sou o estereótipo do que foi expulso
E entendo o medo e a exigência do outro
Sou então, ambas as partes que fazem a estrada,
A areia, a pedra, o pinche e o cimento...
Antes de chorar ou morrer
Continuarei a andar e sorrir sozinho
Fazendo do resto de vida que desprezo
Um engodo, ou a mais inocente palavra
Que pronunciei quando criança...
28 de mar. de 2006
Olhos que quero conhecer. (Fábio Sirino)
Os olhos que não conheço?
Pela tela tela vem pensamentos meus
Sobre o que devi estar por traz deles
(Tuas estórias, o timbre da voz, a maneira de andar, o charme, como trata as pessoas)Explanação de quem não conhece
Confesso meu encanto pelos olhos
(Sim eu me encantei com os teus)
Mais não pela beleza deles
Mas sim pela expressão que transmitem (o olhar)
E o que esperar?
Como um também desconhecido
Deixo que minha imaginação guie os sonhos
Como tais, se vão com as janelas que fecho
E quando torno a abrir lá estão eles
Cheios de mistérios e luz
Olhos que não me enxergam
Que lêem minhas tolices vãs
Que assiste no cinema extinto de penedo
O filme do passado não vivido
Que insistimos em recordar
Como lembrança que não são nossas
Mas que fazem parte do nosso imaginário
Imaginário de penedo...
Dos olhos que conheci pelo computador
E que não sei se gosta de cinema
Ou de poemas!?
13 de mar. de 2006
12 de jan. de 2006
Ilhas (Edson Bezerra)
No meio da noite acordo pescando sonhos E recolhendo imagens distantes Meus olhos auscultando estrelas Adormecem molhados E assim prosseguem na solidão dos barcos E se dentro de mim um continente dorme Acordados estão meus meninos Penso no amor E na imensidão das ilhas E não me decido no que fazer do que me chega As vezes os sonhos que pesco se perdem dos olhos E catam pedaços no coração E as estrelas se escondem todas num céu mais distante E meus meninos parecem brincar de outro mundo E então eu sei que sou um pedaço de tudo Dos sonhos que não me cabem Dos olhos que viram fachos Dos ruídos que vivem um mundo E de meninos que buscam o amor nas fatias dos doces E o que fazer então com a inteireza do que sou Na completude da ilha que me encontro? |
3 de jan. de 2006
Estupro (Fábio Sirino)
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