9 de ago. de 2012

O Mar em Mim (Jurandir Bozo)




Cansado quase chego a reder-me
Como se uma onda tomasse minha vida
Levando-me para o meio do mar
E talvez por isso eu tenha medo dele
Não por pelo seu azul
Ou pela sua profundidade
Mas por ele remeter a mim
Todos os meus dias sem sol
Num clichê que ainda se repete
Palavra por palavra
O que ainda dói
É perceber o impossível
A frieza distante de um toque sem calor
Corpos que não se acedem ao se encontrar
E nesse escuro até o acaso perde sua força
Tudo fica obvio e restrito a um só entendimento
Antes eu tivesse matado em mim
Toda a poesia que ainda pulsa apaixonada
Que rouba meus pensamentos
E os entrega a você
Assim ficaria imune a sua tristeza
Não sucumbiria assim ao seu fascínio
E seu belo não me causaria pânico
Meu sono permaneceria terno e calmo
Como nunca chegou a ser
E apenas por isso espero eu
Um dia em que as noites sem lua
Pareçam mais iluminadas
Quando por medo fecharmos os olhos
E sentirmo-nos bem mais próximos do céu
Dançando juntos com as estrelas
Que cantando celebrariam o amor
A nossa ascensão ao paraíso
E nessa fabula
Nos
Os afogados 
Seriamos salvos
Da embriaguez da hipocrisia