30 de abr. de 2009

Azul e Encarnado. (Fábio Sirino)



Giram lembranças coloridas
De um tempo que não foi meu
Era dos dinossauros
Onde pela tua aparente fragilidade
"Te devoraria" com minha fome antropofágica
Da tua pop arte digital.

Busco no teu olhar distante
Algo que atrele nossos mundos
Mais que casa, flor e símbolos
Pois a leveza da tua beleza
Invadiu meu denso universo popular
Repleto de rugas, espelhos e fitas

Junto a tua melancolia a rivalidade das cores
Na mais pura sintonia
Onde o azul e o encarnado
Laçam os cordões dos mouros e dos cristãos (CSA e CRB)
Acomodando o destino oblíquo
Que teu olhar me leva a seguir

Talvez a espera de um afago
Um carinho das tuas mãos delicadas
(- Sendo ainda mais ousando -)
Para descobrir teus desejos
Honraria minhas raízes como um bom índio
Cheiraria teu pescoço e morderia tua orelha
Saciando minha sede de teu sangue
Em teus lábios de gosto desconhecido
Comeria cada pedacinho teu

Serias degustada e revista com profundidade
Mas não por maldade ou fome
Faria pela perpetuação da minha cultura
Comeria a tua arte pop
Os teus CDs e até os teus livros e fotografias
E a eles juntaria meus vinis, meu pandeiro e meus cordéis
Sonhando ser bem mais "universAL" que Bruce Lee
Mais transgressor que Rita Lee
Sem perder os mistérios e a ternura
Que tua imagem me afoga no escuro dos teus olhos
Confundindo meus mais antigos conceitos
Na nata das natas que um dia "Lee".