31 de dez. de 2008

Intimamente Falando (Fábio Sirino)





Assim sai da boca como provocação
Aos seres que habitam os matagais
E se escondem das tuas maravilhas
Querendo apenas um pouco da tua língua em mim
Que mesmo com suavidade
Reflete-se em sonho como se selvagem fosse
O ato de falar aos outros o sabor do teu gozo
De comunicar “direito” as preliminares
Totalmente carnal com lábios torneados
Amoral, e teu recato aflora meu pecado
Preto no branco, tirando teu terninho
Em quadras e senas somos duques
Não somos lordes ou temos sangue real
Buscamos o prazer por prazer
Indo bem mais longe que as apresentações aparentes
Das minha alucinações que despertastes
Chegando a lençóis suados
Sussurrados ao pé do ouvido
Chupado e cuspido
Ali na tua boca
Na frente do público, no púlpito
Proclamo a tua beleza de quatro a mais
Na cama ou no chão
Sexo, ciúmes e paixão descartável
Dando margem a um mar de sensações
Oral como se a foto fosse a descrição de teu corpo
Pormenorizado em fortes pensamentos
Estórias proibidas da vida que não tenho
Nas sobras a tua pela negra a chamar por mim
Dores, amores e chiclete com banana
Qual sabor terá tuas águas?
De que mistura de caju com as lagoas vem teu olhar?
E mesmo longe, sonhos em falar-te em línguas
Entre tuas pernas deslumbrar outro mundo
Umedecendo os teus picos de calor em anseios
Sangrando segredos, medos do que não consigo gritar
Dizer teu nome e declamar poesias em teu ventre
Voltando a ser criança e trepando
Em árvores e carrosséis amarelos
Bem mais parte que a física nos permite
Que minha coragem e vigor acreditam ter
Mítico como nossa procedência
Delicado como a lembrança que guardo de ti
Em curvas e delícias
E violento como tua chegada ao meu querer
Enquanto profetizo e vislumbro
Tua pele nua a chamar-me
Tentando descobrir
O que sai da tua boca em respiração quase cansada
E que intimamente me diz... – vem mais uma vez.

8 de dez. de 2008

A Tua Ausência. (Fábio Sirino)

A ausência do teu ser é física
A tua presença em mim é mística.
Não se explica, não se entende.
Quem me dera ter motivos óbvios
Para pôr minha racionalidade em ordem...
Mas a tua falta de sempre
Hoje sem palavras, tornasse bem maior.

Estou analisando a soma dos meus fracassos
Querendo que o meu sol que se foi
Volte em apenas treze horas.
Pois mesmo sendo da noite
As trevas que hoje me escondem
Prendem-me longe de alguns que amo
Torneando formas e deixando marcas
Como se os lindos recados não se repetissem mais.

Junto então os cacos de quem fantasiei ser
Numa mentira pouco a pouco revelada
Sem fábulas, poesias ou metáforas.
A verdade é violenta
Não espera entendimento ou compreensão
E eu que nada sei de filosofia
Sonho desgarrado em noites mal dormidas
Com as flores que te fizeram sorri

Assim distante das luzes que minha vaidade procura
E muito mais perto do esquecimento
Válido toda lembrança de te, que sempre me fez bem
Em escritos mal pontuados
Onde minha intenção de expressão permanece anônima
Como no Manicômio Judiciário
Condenado há ser um poeta de versos repetidos

E tu, es ainda a minha flor de Marte.
Conteúdo dos sonhos mais íntimos e secretos
És a eterna musa dos meus escritos mais profanos
Mulher, amiga e pretenso amor.
A te não dou definições ou nomes
Destino apenas uma verdade sentida e doída
De todo meu eixo de ser humano em essência masculina

Mando-te beijos e desejo-te toda a paz do universo
Mas não como despedida
Pois em muitas vidas ainda nos encontraremos
Como amigos ou como Deus quiser
Pois quero tua alma perto de mim
Para todo sempre, amém...

4 de dez. de 2008

Na Delicadeza do Teu Olhar (Fábio Sirino)


(Olhos que Quero Conhecer II)
Um lago verde e misterioso
Assim sem intimidade ou razão
Sem “voz”, sem números de “telefones”,
Deu-se meu mergulho...
A admirar um olhar que aprendeu a não exigir do amor
E a tolerar no outro as distintas diferenças.

*
Não sou o que enxerga tua beleza a olho nu
Preciso do auxilio que a tecnologia criou
E se não fosse por ela
Passaria a vida
Com a ausência dos teus encantos “orkutianos”.

*
Sou outro após descobri o teu sorriso doce.
Sou outro sim, desde que a mim
Abriu um novo perfil que aprendeu a ter paciência.
Com o que se faz e com o que espera de si
Que busca a pratica do perdão
Sem ter que mostrar sentimentos
Tentando re-sonhar,
Fotografando com lentes esverdeadas
A verdade sensível ao extremo da explicação.

*
Amando por ser amada
Amando por tudo e nada.
No espelho do quarto que já intimo
Não vislumbra os efeitos expostos

*
Introspectiva até demais
De caráter forte e convicta das contradições
Que a fazem rir e chorar
No observatório de estrelas
Que das janelas tua alma mira
Com uma trilha musical perfumada

*
E mesmo te escrevendo
Não ouso saber quem es
Não julgo tua imagem
Como a suma verdade
Que encontro em tuas comunidades
Regada a Beatles e som de chuva
Mas nem todo momento se revive
Há deles que desejamos apenas sumir

*
Sem explicações junguianas chego ao fim
De mais um sonho que a te escrevo
E como é difícil achar as palavras
Para descrever um sentimento sobre um olhar
Que não se define.
Se sente num doce mistério
De um olhar de lago esverdeado
Que apenas quero conhecer.


(Assim do nada mais um olhar via ondas de radio chegou em minha tela, com ele uma luz que se acendeu como a chegada de um anjo a terra.)

6 de nov. de 2008

Lavando a Alma (Jurandir Bozo)

FOTO:Kelly Baeta

Lava criança que há esperança pro mundo
Aprenda que muitos ainda precisam assim fazer
Lava, pois o tempo de agora deixa marcas claras
Deixa escorrer na água o sorriso que a saudade roubara
Lava a roupa agora criança
Para depois não ter que lavar a cara
Lava com água do rio e segue o seu curso
Termine o escolar e o colegial
Faz o segundo grau e até uma faculdade
Mas lave a roupa agora
Seja leve e como passarinha até voe
Voe em bolinhas de sabão
Pois muitas meninas iguais a ti
Já lavaram roupas também
E outras até lavaram mais
Lavaram vidas e almas
Assim minha linda menina
Antes de concretizar nossa morte
Para nosso olhar
Lave e leve as tuas lembranças
Se assim quiser
Pois as minhas hão de ficar
Como adorno ao vazio que deixastes

19 de out. de 2008

O Íntimo Artista (Fábio Sirino)


Eis que chega a mim tua mensagem
Dando partida a madrugada que tanto conheço
E degusto em solidão e prazer
Pois no íntimo de todo artista
Tem um louco solitário adorador da lua
E da tua beleza agora em sonhos multicoloridos
Os normais são medíocres demais para serem artistas
Ou para sonharem como nós...
Em mim uma pergunta que incomoda e fascina
- Sois normal ou sois artista?

17 de set. de 2008

A Verdade da Flor (Fábio Sirino)


Assim surgem as flores:
Em meio aos jardins quase escondidas
Por vezes sem algumas folhas e ate mesmo sem pétalas,
Mas por mais incompleta
Ela continua com sua essência de flor.
Por mais incompleta ela permanece bela
Com sua cor única.
Ingênuo dos que pensam que as flores
Têm a mesma cor e perfume
As flores são únicas em cada palavra de poesia,
Em cada reio de sol que assim ela recebe,
De risos e tons, pousando em fotografias.
As flores são como as fadas
Têm magia e encantos secretos
Trazem ao mundo a luz e o bem
Não se precisa conhecê-las para admirá-las.
As flores são assim, apenas se vê e se ama.
Se bem ou mal me quer, isso pouco importa.
A flor não diz, ela espera até morrer despedaçada,
Sem ser entendida ou contestada,
A flor quer pouco, e por isso não a vemos.
Talvez ela queira apenas uma boa votação,
Talvez ela queira apenas fazer o bem,
Talvez ela queira um churrasco e um refrigerante,
Ou talvez a exposição de suas qualidades
Enumeradas em beleza
Para os outros que por ela passem fique um olhar
Muitas vezes vago, muitos outros pasmos
De admiração e até de desejo
Assim rápido quanto uma risada
E doido feito uma lágrima.
Mas me pergunto sempre: quem é essa flor?
O que ela espera do mundo?
Em quantas rodas vai seu destino?
Por que mãos passam suas perfumes?
E pra quem guarda seus mais belos sorrisos?
Ao menos em seu olhar
Pois as flores podem ser mais verdadeiras que as rosas...
(esse poema foi para a mulher mais linda que já conheci em toda minha vida, menina de luz rara e muita força nos olhos, com um sorriso doce, uma voz suave e uma ponta de dor num olhar feliz deixando explicito seus mistérios.)

14 de set. de 2008

As Asas de Ícaro São Morenas (Fábio Sirino)


Se Ícaro não se atrevesse a voar
Nos sonhos de Morena
Talvez não conhecesse tamanha ternura
Assim um ao outro
De mãos dadas para vencer
O medo de multidão
A vertigem do aperto
Pois se ele sabe ensinar a derrubar
Conceitos e hostilidades
Entre o nego e seu filho viado
Ela aprende a divulgar
Sorrisos e irradiar carinho
A todos que a ela cercam
Sim talvez Morena tenha sua filha Lilás
Ou seja ela Vermelha ou Amarela
Se fruto desse amor for
Nascerá com a calma de um origami...
Pois assim se dá a ambição de Ícaro
Ele pensa em voar filosofando
Com os seus conceitos orientais
Enquanto espera a fotografia que não veio
Mas em Morena não se ver frustração
Mesmo cansada e com pés doidos
Nela uma cor de rara felicidade
Felicidade das coisas simples
Vistas nos olhos dos que amam
Dos que foram celebrados ao nascer
Eu que mal os conheço não os invejo
Eu apenas admiro tamanha cumplicidade
Tamanha verdade de oceano
E por mais que lotassem ginásios
Pra Maceió ainda seria pouco
Não enxergar tal brilho
Reproduzido por dois
Sem mesmo ouvir Alagoas
De velhos e novos discos
Entre a fumaça alheia e a música de Ney
Eles não bebem mas se amam
Entre luminárias artesanais
A beleza disso vai além da Internet
Ou da pirataria, vai além da sub-existência do artista
Do conceito de economia
Neles há fartura do bem em abundancia
Assim Ícaro vai ao chão sem medo da queda
Pois no fundo ele sabe que suas asas são Morenas
(Que o olhar que enxergo em vocês seja assim por verias eternidades, um poema é tão pouco perto de algo verdadeiro que por se já se faz em primazia e beleza... a Ícaro e Morena com meu carinho e respeito.)

29 de ago. de 2008

Além da Procura por uma Pétala de Prazer (Fábio Sirino)


Não há quem possa com o desejo
Mais que a consciência
Ele chega e traz a tona todo pecado
De almejar o proibido
Na máxima excitação imaginada.
*
Em tardes movimentadas no mercado
Eu quase perdido a procurar
E ali esperando os que buscam
Uma moça de pele clara
Eu que gosto do calor das caboclas
Via em seus olhos verdes
E no contorno de sua boca
Na forma do seu nariz
A cara da nossa mestiçagem...
*
O decote comportado de sua blusa
O charme do seu escarpim preto
E os gestos delicados
Eram filtrados e analisados
Em mim, mil olhares discretos
Como se meus olhos fossem além
Que o limite da física
E por entre suas roupas
Chegassem meus dedos e toques.
*
Ainda sinto o seu cheiro suave
E ela mal passou perto de mim
Mal nos tocamos, mas era apenas a primeira vez
E eu não deixaria de voltar para revê-la
Seria a partir de então
O maior admirador da arte nordestina
“Descobriria” uma alergia a todo e qualquer material
Que não fosse o coro das suas sandálias.
*
Voltava lá todos os meses
Tudo parecia mais próximo
Dos desejos que sonhava em minha cama
Seu sorriso, e até seus seios
Pareciam mais próximos da minha imaginação
Pouco a pouco descobria suas formas
E prováveis delícias,
Mas falta seu gosto e seu calor
Em tantas fantasias já vividas em monólogo
Assim vivia meu espetáculo.
*
Por quantas vezes a toquei mais fundo
E a vi morder os lábios já sem graça
Por arder em desejo e se conter em medo e vergonha
Talvez os seus lábios
Nunca sejam tocados por mim
Talvez sequer um beijo eu tenha dela
Mas meus sonhos e paixões
Por sua beleza única e seus mistérios
Ali no meio da feira ficaram com o resto de mim...
*
Até hoje ainda sonho com seus pecados
E suas confissões mais íntimas
Desfrutando da verdade que somos
Nas fantasias que negamo-nos
Deixando como resto o fascínio do nosso sexo
Murchar como rosa dos desejos.
(dição e colaboração de Camila Dantas)

28 de ago. de 2008

Noites de Ser Só (Fábio Sirino)


Ela não esta a fim de sair só

Solitária assim numa sexta

Em meio a tantos outros iguais

Que ela por esta só

Talvez não enxergue

A vontade que sentem

De estar perto dela

E não a culpo por isso

Por desencontrar seus olhares

Dos tantos outros que a buscam

Em espaços de carnaval

Pois ali tudo parece apenas brincadeira

E fugimos da presunção do óbvio

Encarnamos apenas o papel do esquecido

Vestindo a fantasia de cordeirinho

Ela se abandona e mesmo linda

Sufoca seu brilho em euforia

Às vezes nem sai de casa

Fica a frente de uma tela

Talvez buscando companhia

Talvez querendo acreditar

Que ali sua solidão fosse menor..

Mas ausência de calor aos seus desejos

Faz menções a mais uma noite triste

Ela bela e avassaladora

Apenas esconde o seu espelho

Num olhar entre a entrega e o pudor

Não menos fechada que um coração magoado

E não menos fácil que as desesperadas

Assim entre a cronologia que rege sua face

Na beleza de suas formas e gestos juvenis

Mal chegou a ser mulher

E tantos sentimentos a perturbam

Que filósofo ousa a descrever

A grandiosidade de suas dúvidas

Transição entre o medo e a descoberta

Assim tantas que ainda se enxergam menos

Encontram mais de si no olhar alheio

Enquanto as que se acham acabam se perdendo

Não que o mundo seja voraz

Ou não que ele não seja feroz

Aqui numa cidade subdividida

Entre o muito e o nada

As pessoas seguem suas riquezas

E desejam mais e mais

Porque que com ela seria diferente?

Ela sai e encontra os de sempre

Nem amigos nem desconhecidos

Os de sempre, com as mesmas falas

A atração até que é diferente

Mas os medos sempre são quase iguais

E assim cegam ela

Sozinha nas noites

Acreditando precisar de companhia...


26 de ago. de 2008

Um conto de bailarina. (Fábio Sirino)


Chega forte num suave amarelo
De sorriso largo, aberto demais
Lindo demais, fascinante demais...
-Duvido sempre do exagero-
A soberba da alegria
Sempre esconde um precipício de solidão
Ou um mar de tristeza.
Ela linda, vezes sagaz e vezes boba
A cada gesto suave de bailarina
Eu envolvia-me mais
Temia algo feito feitiço
Feito coisa que entorpeça.
Ela um misto de princesa e náufraga
Bailando entre medos e afirmações
Na ânsia de nem sei o que
Sem se incomodar com o salto
Das suas sandálias quase de cristal
E falo como se íntimo fosse
Mesmo longe das minúcias e mistérios
Cego ao destino que ali apresentava-se
Voltando ao meu pedaço de cidade
Com um pouco dela em minha poesia
Um pouco da irreverência delicada
A cortar pretendentes e enfeites
Ao evitar investidas e flertes
Dos fatos tidos como inoportunos
Ali na zoada do baque
No meio de muitos
Meus olhares a procuravam
Num pátio lotado de tantas outras almas
Talvez a mais problemática
Talvez a mais insegura e recolhida
Mas buscava assim sem nem pensar
Como se apenas fosse observar
Em ligações e interações
Faltou o bale
Mas sobrou o espetáculo
E se eu cantasse algo
Se eu declamasse algo
Ali diante dela seria irrelevante
Pois a sua luz enevoada
Era o contexto da Historia
Sem reis, heróis ou donzelas em perigo
Num espetáculo solo ela dançava
Numa dança urbana contemporânea
Improvisada, popular tradicional
Um estudo vivo do espetáculo de sermos.
Ali natural e bela
Vezes princesa e vezes boba...
Numa noite fria aonde tudo ia além
Que meros contos de fadas...

Para uma linda princesa que sabe dançar que mal conheço mas que muito tem a dizer em seus poucos anos de vida.



22 de ago. de 2008

Descartáveis... (Fábio Sirino)


Escrevo hoje a última poesia
Versos avulsos em correspondência digital
Assim construo amores pré-programados a um fim
Minha eternidade sentimental
Tem um tempo útil curto
Como assim invento amigos e comunidades
Talvez a tecnologia nos deixe solitários
Mas com a sensação contrária
De muitos contatos e muitos endereços
De muitas visitas e milhares de mentiras
A verdade é que dizemos acreditar
Em alguém que nem sabemos se realmente somos
Deixo circunstanciados contatos com amores mortos
Não busco endereço, recados ou lembranças
Não desejo o mau, não desejo bem
Já não me desperta interesse
Os dias ou as noites
Fico apenas com poesias e obrigações
A de trabalhar, a de fazer semanalmente minha faxina
A de me manter leal as minhas crenças
Obrigação para com meu filho
De resto... De resto nada mais que minha música
Nada mais que a descrença
Se os computadores nos impedissem de mentir
Polcas pessoas usariam suas fantasias
Como justificativas a falta de caráter
Mas quem em tempos de modernidade o tem?
Quem em tempo de apocalipse urbano
Tem algo feito a compaixão e pureza?
E ainda ouso adverti: - se encontrares alguém
Com olhar de anjo e corpo de diaba...
Não precisa correr ou abdicar do pecado
Prove dos sabores sem muitas repetições
Resuma-se a comer, sorrir e descartar a embalagem.

12 de ago. de 2008

Olhar Traidor (Fábio Sirino)


Vejo em tinta amarela
Minha faixa limite no meio da estrada
Vejo em tons vermelhos
Um molho que traz a minha massa sabor
Talvez como hoje mais que meu limite
Como se após vomitar
Esquecesse toda mentira que é você
Mas sei que seria impossível
Pois as tragédias marcam
Deixam cicatrizes
E pouco me importo com tua decepção
Com tua mágoa profunda
Na seca de verdade que seus dias acumulam
No egoísmo extremo que são olhos
Olhos famintos de sono
Já não tenho mais amor
Já não tenho mais amizade
E não pelo que se comenta
Mas sim pelo que se pensa
O erro maior é duvidar
Crer que poderia ser igual a você
Cruel ao enganar
Cruel ao ter do outro mais que a alma
Ter o dinheiro e a sanidade
Como se isso não bastasse
Tira o sorriso e pouco a pouco a vida
Como um vício atende a suas necessidades
Sejam os que você conquista
Ou os que lhe escolhem
Já não tenho paciência
Para dar explicações do que sempre fiz
Do que compartilhei
Quero silencio
Quero sua ausência
Ninguém mais que eu sabe de mim
Talvez Deus saiba um pouco
Mas o que sabe Deus do meu inferno
Nem satanás acredito que saiba
O que ele entende de inferno
Se ele não conheceu sua guerra santa
Nem seu Olhar Traidor.

6 de ago. de 2008

Aplausos! (Fábio Sirino)

O palco parece tão distante
Mesmo num teatro tão pequeno
Nossos lugares não nos permitem toques
As luzes nos impedem
As luzes me impedem
Tecidos, palhaços, saltos e pés
Fotos, flores anônimas e risos
Antes mesmo que vissem o autor
O sucesso era certo
Ali alguém maior que minhas explicações
Que minhas discrições poéticas
Uma nova força elegante
Com ar de dona do desejo
No foco central do senhor Deodoro
Ela a dançar e todos ali parados
Como se novidade fosse
Parar para vê-la passar ou dançar
Poucos risos, muito encanto
Mas de mim poemas e silencio
Paro nas flores
Talvez rosas
Algo mais covarde impossível
Perto da bailarina caio em contradição
Sou mais um na platéia
A observar seus mistérios
Impávido, invalido e surpreso
Vencido por seus movimentos
Esperando a projeção das imagens
Irem ao lustre e voltar à platéia
Numa esperança boba de ser visto
Talvez a foto dela toque meu rosto
E por isso sonhe
E por isso sonhe com ela
Dançando para mim
Sem acordar mais e sem fim
Pois nos espetáculos de dança
Não se pede bis.

31 de jul. de 2008

Nossas Guerras (Fábio Sirino)


Chega de incessantes tentativas
Começo a crer apenas no que não escuto
Na falta que faz os carinhos
O que fica em branco e nem lembrado é
Canso e deixo as investidas a outro besta
- Sim, a outro besta como fui -
Que espere tua chegada e saída
O atraso e toda mentira dos dias não dividimos.
Já deixo sepultado meu sentimento
(- Como se possível fosse deixar te amar-)
Meu desejo e meu anseio por teu sexo
De certo uma coisa apenas...
- Na horizontal tudo se encaixava -
Fostes à melhor coisa que já amei
Com olhos tímidos e sacanas
Com voz mansa, já sussurrada
Voamos em discos e contestações
Sobre a veracidade do dia
Da alma e das coisas
Voamos sobre os conceitos de existirmos
Voamos pela moral dos mortais
E cegamos amorais ao Olimpo
Corremos riscos e fomos amigos
Fomos amigos mais que amigos
Fomos amantes mais que amantes
“Formosos e benditos”
Numa maldição de encarnação e reencarnação
A corporal, espiritual, real e irreal
Pesadelo e sonho em movimento
Na praia, no tabuleiro
No carro ou no apartamento
Corremos em meio às diferenças
Encontramos os nossos vazios
Deixamos a poesia e nos esquecemos
Mas quem foi que ganhou no fim do jogo?
Já cansado de brigar contigo e por ti
Quero trégua e cafuné
Não tenho nojo de tua mata
E os teus piolhos, eu cataria todos
Mas cansei de lutar só
De amar só
De estar só e querer só.
Essa guerra santa nunca foi minha
Talvez enquanto queiras vencer
Eu busque apenas empatar
Em música, fotos e poesias
Num pedaço de seu quarto
Que achei ser meu também.
Mas tu não faz parte de meu mundo
Teu universo é tão maior que eu
E moramos em bairros distantes
Eu a andar em estradas coletivas
E tu no conforto das vias particulares
Eu na busca por teus olhares
E tu nem espera minhas súplicas
Quem sabe um dia não descobrimos
Que o disco que vimos nos iluminar
Tenha apenas iniciado um sonho
De quase um ano
Quem sabe não possamos até nos amar mais vezes
E até sermos felizes como desejamos
Quem sabe até ficaremos juntos
Ou até mesmo separados
Quem sabe?

24 de jul. de 2008

A Hora de Rezar (Fábi Sirino)


Rezo em noite alta
Sonho adentro aos medos que aprendi
Busco em vão e vem à tona
As súplicas dos outros iguais
Em suspiros anônimos
Passos estreitos a um caminho largo
Quem menos conheço me traz mais segurança
E nos coletivos uma e outra até me olham
Mas não me enxergam
Não sabem mais que minhas medidas
Não sabe mais que a cor das minhas vestes
Aqui tudo é tão mais obscuro
Que mesmo no azul claro do mar
Escondem-se mistérios nus
De todas as lagoas e rios
Se bem que não sou amante da natureza
Nem um vegetariano tido a puro
Gosto de sangue luxuria e carne
De boi, vaca, galinha, galos e até peixes.
Como homens e mulheres
Assimilo em mim
Todos os sabores que me fazem mal
Sem dar a mínima para um futuro incerto
Sou mais amor, sou mais momentos
Sou mais um em tantos que já fui
E não me dou por terminado
Serei mais e mais ainda se preciso for
Talvez feliz quem sabe?
Rezo em noite alta sim
Falo com Deus e nem sei se ele me escuta
Mas falo como se ele fosse meu analista
E cobrasse caro por isso...
Quem sabe um dia alguém me pague
Ou quem sabe não assimile
O desabafo louco dos adolescentes americanos
E saia com uma metralhadora no meio do shopping
Rasgando vidas e matando papais
Ou quem sabe apenas faça diferente
E lá mesmo na praça da alimentação
Abrace os emos para chorar com eles
Beijar os seguranças e deitar no chão limpo
(-Aparentemente limpo-)
Ali deitado talvez descubra
Que minhas preces nas madrugadas
E minha vontade de falar com Deus
Sejam tão solitária quanto as loucuras
Dos extremistas mulçumanos
Assim também me sinta um homem bomba
Mais perto do céu
Com a pressão em vinte e três por catorze
Com o corpo cansado
E a mente prestes pifar
Desatualizada, sem antivírus
Quem me entende?
Quem me vê alem de vestes e medidas?
Sei apenas que esta bem tarde
E já passou da hora de rezar...

3 de jul. de 2008

A verdadeira Luz (Fabio Sirino)



Na vida não há culpados
Não têm vilões e heróis
Na vida, tem muitas outras vidas
E nelas outras e nas outras várias verdades
A cada vida uma verdade
Toda contestação de cada verdade é uma violência
Se ela tem como eixo sua alma
Mesmo vivendo uma mentira
Peço eu
- Respeitem-na!-
Pois se uma mentira tem alma
Ela tem seu fundo de verdade
Como nas flores murchas
Que achastes belas
Como numa tarde num café
Como em poesias de versos repetidos
Como num sorriso sincero com alface no dente
(essa é ótima)
Não foi mentira o pouco que tivemos
Mas há mais distancia
Em caminhos que não percorremos
Que nas estradas que nos levam ao cotidiano
-Ah! como sinto falta de teu riso... -
E não levo de ti apenas lembranças
Levo de ti um sentimento
Puro e belo que não desejo sentir mais
(Pois dói conjugar o amor)
Um puro e belo desejo carnal
Em pele, fogo e poesia
Lamento pelos dias que se seguem
Sem ter sentido teu gosto de calmaria
Em minha ânsia de furacão
Lamento a não reciprocidade
Dos teus sonhos e desejos
Enquanto fico acordado
A pensar-te em divinos pecados
Na liturgia da carne em busca do prazer
E essa é minha verdade
De desejar a mulher que és.

Loucura (Renata Orlandi)


Vou agindo na insanidade
Na vontade de acertar
Sem muita certeza de meus passos continuo a caminhar
Nessa estrada de passos incertos
Mas de certezas momentâneas

Vou agindo com um misto de cabeça e coração
(Nessa altura nem sei quem eles são...)
Os resultados saberei amanhã
Aparentemente mutáveis, mas inesquecíveis
Atropelando acordos, acertos, medidas.
Tanta coisa num só dia que na verdade foram dois
Coisa normal em minha vida que vivo noite, madrugada e solidão
E quando pego nas palavras vou falando sem parar

Mas a Loucura, essa hoje me pegou!
Acordei assim e dormirei não sei como
Se acertados foram meus passos
Mais uma vez, não sei não
Seguirei agora esse caminho
Até o momento que possa até mesmo retroceder
Sem ganhar de volta os minutos
Posso voltar ao antigo
Ou vou por esse mesmo
Até que outro surto de loucura
Me encontre e questione minhas posições

Mais um ataque de loucura
Mais um dia sem frescuras
Mais um emaranhado de idéias
Que ao se desenrolarem se entrelaçam,
Mais um dia que acordei assim e vou durmo não sei como

Além das Discrições dos Tons (Fabio Sirino)

Sim! Eu sou muito sincero
- Mas não pela hostilidade
Que os dias trazem ao nosso olhar
- E sim, pela força da beleza que enxergo em ti
Antes de tua mão apresentar-me a tua alma
Já via em teus olhos uma cor que não era o verde
Ia além das discrições de tons e luzes
Ia além da própria capacidade de ver

E não tenho a pretensão de preencher
O vazio da presença masculina em tua vida
Tão pouco acredito que meus poemas
Possam aliviar as tensões do teu dia
- Quem sou para ousar tanto...-

Mas quando a ti avistei
Tive a nítida duvida
Da minha então felicidade
Pois como poderia ser feliz
Se ainda não havia conhecido
Tamanha beleza e simplicidade

Encanto a primeira vista
Mas nunca ousei abrir
Como faço em versos
O peito que mesmo sem saber
Tu invadiste, rasgando meus medos
Ali, no meio da feira.
Julgo-me então
Um covarde que escreve bravuras
- Como se não fosse fácil fazê-lo em poesia

E hoje lendo tuas mensagens
Vejo que temes como eu
E recua como eu
Mas em âmbito bem mais amplo

Não se sinta culpada por desnudar as almas
Com olhos que já desnudam o sol
Pois isso talvez seja tua maior virtude
De descobrir o outro e mesmo vendo-o como é
Encanta-se e apaixona-se
Isso sim é ter ousadia

Rendo-me aos meus erros
Deixo que o tremor que me vem as mãos
Tome o corpo e a poesia que faço a te
Talvez não saibas de mim mais que meus elogios
(sempre me repito nisso)
Talvez nunca saiba mais de mim que sabes hoje (nada)
Mas de te sei o suficiente
Que tens o dom de me fazeres bem
E mesmo distante sinto tua paz via net
Hoje ao menos ouso como um louco
E digo sem medo a ti plagiando outros
- Tu es divina e graciosa
- Hoje sempre amém...

11 de jun. de 2008

Versos Tortos (Jurandir Bozo)


Se te escrevo em versos tortos
Distante do que entendemos hoje por gostar
É por ter sentimentos maiores que eu
E um desejo de tomar-te em meus braços
Para docemente beijar tua boca

Se te escrevo em versos tortos
É por um simples desejo de está perto
Mais perto do que já estive
De teu cheiro e de tua pele
Que me desperta sonhos lúdicos

Mas já chega de ilusões e poesias
De imaginar teus beijos
Teus toques e sabores
Na frustração de se quer ter teus olhares
Ou tua simpatia da carne

Chega de invadir teu espaço
De falar a tua tela
De forçar situações e atenções
Ao desejo que é só meu
E que deixarei em meu peito para todo sempre

Termino com escritos
O que começou por eles
E prometo guardá-los nos computadores
Que testemunharam nossos contatos
Mais e menos íntimos

Maior que a dor que sinto agora
É saber do meu lugar
Sem luxuria ou provocações
Deixando a paixão que sinto por te
Órfã e esquecida dos sabores teus

Se te escrevo em versos tortos
Foi apenas para que descobrisse
Meus mais íntimos desejos
Implícito na frieza dos recados gentis
Que a tecnologia nos empoe com sua distância

Um dia ao ler tais versos espero que guarde em te
Todo sentimento que neles estão
E mesmo não sendo teu amigo ou amante
Possa ter de mim a certeza que foi amada
Em versos tortos que hoje escrevo para dar-te adeus...

10 de jun. de 2008

Mas hoje seria dia de chorar ou de sorrir? (Fabio Sirino)



Hoje é dia de chorar ou de sorrir?
Agora tudo parece doloroso demais
Para enxergar o óbvio
Poderia estar agora bem mais feliz
Mas assim a vida não quis que fosse
Poderia estar articulando as flores
Que desejei dar-te
Mas assim a vida também não quis
E mesmo com toda tristeza
Guardo dessa noite, não a angustia da perda
Mas a lembranças de ter sido o primeiro
A cantar-te parabéns
Espero que enquanto consolo os meus
E choro escondido
Que você possa ter em teu dia
A cor que trazes em teu sorriso
Pois como na música
-Tu ficas linda encabulada
E assim vou me apaixonar -
Mando então, um dos escritos mais doidos
E cheio de emoção que já escrevi
Gostaria que ontem tivesse pegado na tua mão
Para sentir tua calma

Invadir meus cantos mais escuros
Pois o teu sossego é minha luz
Talvez nem nos vejamos mais
Quem sabe da vida

Além da sina que se escreve nos céus?
Gostaria que se lembrasse de mim
Não pelos poemas, contos ou musicas
Mas sim pelos sorrisos que escrevemos
Nas telas de computador
E isso vale mais que mil palavras bem escritas
No fundo de tudo
Sou talvez um ser instável que ama ser quem sou
Cheio de problemas e riscos
Cheio de lágrimas e cicatrizes
Assim vos apresento o artista
Que sempre encena a vida real
Com nascimentos, rompimentos,
Amores, poesias e despedidas...
Mas hoje seria dia de chorar ou de sorrir?

3 de jun. de 2008

O Velho Palhaço e a Molequinha (Fábio Sirino)


Não se pergunte o que vejo de ridículo em mim
Ao cantar-te em versos mal escritos
Pois já estou exposto por demais
Nessa via de mão única ao teu entendimento
Há casos que ultrapassam nossos limites
Num reencontro já não desejado
Com sentimentos que há pouco
Achei estarem extintos...
.
Como se encantar
Por alguém que sequer viveu
Em plenitude um amor sem restrições?
Por que sonhar com teus lábios, molhada...
Se nem das chuvas que umedece os amantes
Sei se gostas ou se queres apenas se molhar?
O que pensas de mim é obscuro demais
Para que eu possa enxergar
E nele (no escuro) tateio por esse mundo teu
Sem saber das regras e papais
Tudo é muito colorido
Para alguém que procura viver em preto e branco
Sem risco e imprevisões
.
Talvez, linda menina
Não perdure um tempo maior
Na concepção que temos dele (do tempo)
Mas para mim é como se uma vida
Já estivesse vivido
Nesse curto espaço de conceito (tempo)
.
Tenho medo de cada palavra pensada a ti
Por não saber o porquê delas
De estar em campo desconhecido
Sinto-me numa guerra mesmo sem almejar vitória
Luto contra mim e meu sonhos
De ti tenho uma simpatia sem maiores minúcias
E nos teus olhos os detalhes se escondem
Entre os teus risos e a forma que me olhas
Muitos mistérios em tal poucos anos
E eu um velho aos trinta
Já não sei mais quando calar
.
Ao teu silencio o meu cilício
E teu corpo o meu pecado
Meu sonho um inferno dantesco
Onde de tudo desfrutamos
Eu o velho palhaço metido a poeta
E tu a linda molequinha .
(Para uma linda molequinha que veio para encantar meus dias.
Es um gira sol em riso e timidez na tez das manhãs...)

2 de jun. de 2008

Sonhos Escritos (Fabio Sirino)






Sim! Penso em sumir
Para calar meus desejos...
Há três dias se sucedem
Alucinações no meio da noite
E as descrevo assim como se real fosse
Acordando assustado com tudo
Sinto-me louco...
E quem dera que louco fosse


Mas talvez seja apenas a hora de calar
Sonhos, músicas e poesias
Calar a loucura e o resto de mim...
Quem sabe um dia ela volte
A minha casa ou ao café central
Para comermos juntos
Mais que nossa capacidade
De digerir o outro
Comer com os olhares e toques...
Mas hoje é uma noite
Para ficar acordado
Pensando nos sonhos
Que ela sem querer trouxe para mim...

É bem fácil ver o erro no outro
Sem buscar nele sua essência do belo
Mas se tens como banal
Todos os meus elogios
O que sabe ela de mim
E dos meus intuitos?
Além dos escritos e elogios
Que se seguem nos dias
Por mensagens e recados
Que subscrevo em segredo

Já não sei o que ela pensa
Sobre mim e meus medos
O que ela tem como opinião
Das linhas que traço a ela
Em versos tecnológicos
Onde se esconde um eu mais velho
Não quero crer que passou meu tempo
Dela se quer esperança tenho
Preciso apenas acordar
Ou calar meus escritos.

26 de mai. de 2008

A Menina da Feira (Fabio Sirino)


Hoje é dia de procurar enfeites
Busco os mais artesanais
Gosto de pensar nas pessoas que os fizeram
Em suas mãos e vidas,

Em cada centímetro trabalhado.
*
Adoro ir à feira do artesanato do centro
Lá as pessoas são normais
São próximas e tem cheiro de feira.
Odeio as feiras com cheiro de shopping.
*
Ando sempre por lá.
Vejo as esteiras, as lamparinas de lata de óleo.
Os bonecos de barro, as peças de Arlindo.
(Seus sonhos em miniaturas de palitos incandescentes)
Gosto de ouvir as estórias dos vendedores

E se der sorte, até cantador nas ruas do mercado encontro.
*
Procurava camisas, adereços de palha,
E sandálias de couro...
Visitei várias bancas

E na última, uma rara surpresa...
*
Lá estava Ela... Uma feirante.
Linda de escarpin preto
De olhos tímidos e verdes
Com uma pele clara longe da morenidade que me atrai
Mas por ela meus pensamentos
Foram além das cores que desejo
*
De voz calma, ela me venderia até o que não procuro.
Talvez ela seja apenas uma linda moça na feira...
Mas seus olhos dizem mais

Neles mil histórias que a fazem calar,
Ou se esconder por traz das solas...
*
No meio de tudo, um anjo
E sua luz deixava uma sombra
Como se seus encantos fossem seus mistérios
Minhas palavras se alongam
E por mais que ganhe tempo nada sei dela
*
Retorne com parte dos meus pensamentos
Ainda entranhados por entre seu escarpin
E o amontoado de sandálias do mostruário
Mas na ida, um sol se abriu para mim
Ela simplesmente sorriu.
E a feira do artesanato voltou a ter seu brilho
Voltou à gritaria e a beleza
*
Hoje quando la retorno.
Procuro a menina mais bela da feira
E quando não a encontro
Tudo volta a ficar estranho e sem graça
Pois o sol que mora em seu sorriso tímido
Muda a cor de todas as bancas
E a feira ganha um verde esmeralda
Refletido dos olhos dela
Assim torno a buscar
Alpercatas e sonhos
Mas sempre na banca dela.
(para Polly)

13 de mai. de 2008

Quase surreal... (Fábio Sirino)




Ela veio sem eu esperar
Fruto do que mais amo fazer
Chegou leve, e assim, espero que fique
Como uma brisa que trás fresca
Num oceano de calor
Que estavam meus dias
Com Ela sinto-me nu
Ela é para mim
A menina dos lindos recados
E mesmo sem se quer ter visto
A cor dos seus olhares
De longe já os imagino
Como se íntimo fôssemos
E até temo por mim
Pois por mais prolixos
Que sejam meus versos
Por Ela sinto o novo
Matéria prima para um sonho bom
E depois de tanto que já sofri
Tinha resolvido não me encantar
Em verdade por outro ser humano
Que não fosse eu
Em minhas virtudes e defeitos.
Ela cansou de ser sexy
- E somos tão jovens...-
Eu que ainda nem a conheço
Já a acho fatal como musa para outros poemas
Em palavras e risos
(Muitos risos)
Ela quer paz e amor
E ser psicodélica, mas a enxergo tão sutil...
Poderia ser uma obra de Dali
"Quase surreal"
Mas acredito muito mais
Que seja um poema de Camões
Talvez Olavo Bilac a descrevesse até melhor
Em versos mais ousados
Contrariando sua calmaria...
Mas a mim Ela soa a jazz
Por mais rock que seja
Uma canção de ninar os amantes
E sabendo que Ela acredita
No amor e nas paixões
Fica mais encantadora que os sonhos meus
No jeito de imaginar suas formas ainda juvenis
Que chegue o dia de vela
Que chegue logo
Que esse dia seja tão fantástico e poético
Como foi sua chegada em minha vida
Pois hoje sou um pedaço desse encanto
Vítima da porção dos seus duendes
Vindos de Marte, bem longe de tudo...
E a minha outra parte
Ficou nos recados escritos por Ela...





(A Camila de Miranda, essa linda moça que nem conheço, mas já me encanta. Hoje também sou seu fã.)

A Culpa de Daniel. (Fábio Sirino)


Adoro ser humano...
-Mas quando ouvir Renato
Percebi que realmente gostava mais das meninas
E mesmo vendo um Zé (Celso) dizer...
- Eu não sou hetero, eu não sou homo
Eu estou é vivo...!
- Com eles aprendi a respeitar
Os que gostavam mais dos meninos
O estar para mim sempre foi mais forte
Creio que estamos e vivemos
Momentos e sentimentos distintos
Sem ser mau ou bom
Somos um pouco de tudo
E não tenho medo de ver em mim
A beleza do outro que enxergo no espelho
Que reconheço até nos outros iguais
Acredito que Daniel já não se encontra na cova
E grito a ele
- Saia Daniel! O casulo precisa ser quebrado
Ninguém precisa morrer por isso...
- Talvez ele nunca me escute
Mas não desisto de gritar
Pois Daniel pode até não me ouvir
Mas os leões, ah os leões
Esses já me escutam sim
E sabem do que estou falando...
Eles que já comeram os negros
Os índios e tantos outros brancos
Mas às vezes ainda me pergunto
- Se já comeram tantos
Por que ainda querem a CUlpa de Daniel?

(Aos amigos e amigas que sofrem pelo pré julgamento.)
Alinhar à direita

8 de mai. de 2008

Contradições em trânsito (Fábio Sirino)


Já se foram meus dias de glória

E fica num canto da estante

Um álbum de fotografias

Dos feitos que fui

Não é incomum viver de lembranças

Assim como também não é incomum

Morrer por elas

Somos na complexidade

Contradições em trânsito

Estamos em momentos distintos

E nas ruas as expressões nos apresentam

A cada um com seus cartões de visitas

Olhares e gestos que nos entregam

A mim, uma saudosa paixão

Ainda deixa sombra em espaços vazios

Quem fui é bem maior de quem sou

E isso me incomoda hoje mais que ontem

Mas não sei se quero as mudanças e inquietudes

Os típicos problemas da juventude

O amor e a insegurança

À vontade de transgredir

Desobedecer à prudência

Eu era um que valia por vários

E mesmo não tão distante

Desse tempo

Deixo a mim uma conformidade

De quem me tornei

Já não abro mão das minhas sandices

Um louco velho é um louco sem cura

E aos trinta já me dou por condenado

Com vícios e manias perpetuas

Coisa que nem o amor cura

Quero mais a mim que aos outros

E chegue quem chegar

Amo-me mais que a novidade

Amo-me mais que a alheia vaidade que descubro

Sei o quanto que me abandonei

Numa seqüência de afirmação

Do eu que desconhecia

Mas sendo mais amigo dele

Sei que meus dias de solidão

São dias de dedicar-me a mim

Toda a atenção que despertei pelo outro

E assim não deixo mais que me ponham em fuga

Saio bem antes que invadam esse espaço meu

Hoje não faço questão por glória, conquistas...

Apenas busco segurança e um pouco de dinheiro.

29 de abr. de 2008

A Filha da Deusa (Fábio Sirino)


Assim se foi
Cercada dos mesmos segredos
Que percebi em suas linhas
De alguém que já a muitas vidas viveu
Assim se foi
Escoltada em carruagem branca
Perto de outros sorrisos
Com seu balé suave
Em tons escuros
Negros por que não dizer
Sem temer palavras ou expressões
Como se as águas doces
Tivessem-na molhado quando criança
Toda molhada
Encanta aos maus
Em pensamentos permeados de despudor
Pecado aos cristãos
Tesão aos macumbeiros
Como se fosse possível salvar a todos
Dos instintos que ela sem propósito provoca
Sendo tão sutil e bela
Na cor dos mistérios noturnos
De ventre aberto a gerar o novo
Segue em caminhos encantados
Como Deusa da fertilidade
O espelho dos dignos
Um anjo africano
Na selva dos movimentos universais
Na savana dos aterros urbanizados
Fruto do cajú
Que mais parece ter sabor de manga
Se xangô a ela não tivesse quizila
Provaria o seu paladar amarelo
Já com cheiro de limão
Mas ela detém todos os gostos
Cheiros e sabores
Em gozos desconhecidos
A nós mortais dos sonhos
E feliz do homem que recebe o seu sopro
Pois em vida, ela se soma a felicidade
Como filha de Oxum
Ela diz mais que sua imagem no rio
Ela corre para o justo
Ela já não tem dono
Sabe bem ser livre
Pois sua liberdade são risos
Num acumulado de dores vencidas
Segue ela sem mim
E eu?
Fico como um em muitos
A sonhar com sua beleza e mistérios
E eu?
Eu?! Eu fico sem ela.

A surpresa de Ébano (Fábio Sirino)


A vida exerce sobre nos o poder do desconhecido
Assim como a surpresa ou a novidade
Por esse desconhecimento
Do que se estar por vir
Podemos perceber como somos leigos
Dentre o céu e a terra
Seus mistérios e delicias
Talvez pela possibilidade do fim
Não pensamos nos detalhes que se somam
A cada descoberta que a vida nos faz perceber
Não pela idade ou pelo sorriso
Não pela dor ou pelos amores
Muito menos pelos atalhos
Que não nos leva a lugar algum
Mas sim por sermos
Humanos pelos erros e acertos
Somos mais que um entrelace de defeitos
Assim como somos
Mais que um acumulado de qualidades
Somos! E só em ser
Já me dou por satisfeito
E por um acaso descobrir
Um sorriso de Ébano que encanta
Em simplicidade de mil detalhes
Na palma da mão
De uma historia possivelmente forte
Negra como a noite
Que me fascina com seus enigmas
Assim despertado ao novo
Vejo como é bom descobrir no outro o bem
Projetando como se fosse para mim
Que esse encontro despretensioso
Seja o inicio de uma nova estrada
Com possibilidades de ser impar
E ir alem que meras fantasias ou grilhões
Livre dos olhos que nos impõe
A sermos o que não somos
E preso às verdades
Que enxergamos sobre nós
Deixem que os fatos se sigam
Encontros com amigos em comum
A tí um poema em gratidão
Por tão belos gestos de acolhimento
Sejamos felizes
Pois as indefinições do destino nos esperam.

18 de abr. de 2008

O mundo de Alzira (Fábio Sirino)




O que Alzira sonha
Enquanto espera
Em seu paraíso distante?
Por quantos mistérios
Percorrem seus dias?
Talvez as “Batalhas”
Sejam para reafirmar raízes
Ou talvez suas “Batalhas”
Sirvam apenas para cortá-las
Com o asfalto quente
Na frieza da cidade grande.
E em seu paraíso
Uma justiça bondosa
Em Zes e Boiadeiros...
Será então que o seu mundo
Seja mais belo que as flores dos mandacarus
Ou será Ela a que tanto encanta
O sertão dos matadores e cantadores
Dos que celebram ou dos que dão fim a vida...
Seria Ela a própria flor?
No fundo todos precisam
Da sopa que Alzira servirá
Cheia, COMpaixão e vida.
Assim que o deus do seu mundo
Venha mais vezes ao nosso
Cheio de corações de pedra
Para salvar amores ou para alimenta-los...




Para uma menina muito especial.

10 de abr. de 2008

Necessidade (Fábio Sirino)


Será que prossigo?
Minhas mentiras são as mais puras verdades
Num trafego de sonhos e frustrações
Posto isso, o resto é mediocridade...
Palavras vãs, verbetes;
Sinto falta da vontade de morrer
Daquela forma eu me sentia vivo
Quiseras eu chamar-te a atenção
Quisera eu que tu me notasse.
Creio sim em assombrações,
Nas sombras do meu quarto elas aparecem
E as chamo de Amor,
Paixão,De Solidão e Esperança...
Quando mar sou criança e brinco
Quando noite sou marginal e amo
Amo por amar,
Brinco pela mais pura necessidade
Ou o contrario...
Brinco por brincar
E amo pelo mais puro egoísmo...

9 de mar. de 2008

Olhares de Raquel (Fábio Sirino)


Chega com ar simpático
Mesmo cansada
Ela sorri com graça
E eu sem nada saber
Onde fantasio em pecado teus mistérios...
Decidimos em vão
Pois nem tudo segue a programação
São apenas dois dias ou três
Nada mais que nos aproxime
Além da minha curiosidade
E do teu sorriso
Não sou tão fã de regue
Mas quando a alma vibra, as ações correspondem
Independentemente do teu lindo vestido
Vejo mais que uma menina
De olhar doce
Vejo fogo escondido nele
Em campos e estradas que ainda não andei
Em abrigos e espaços que não arquitetei
E por não conhecer, talvez, me encante ainda mais
Pois nem sempre se percebe o essencial
Em vidas vividas e perdidas
Nas certezas que já tivemos
Nas duvidas que ainda trazemos
Dessas mandalas de tempos passadas
Pois quando ela me olha
Sinto como se voltasse para onde nem me lembro mais
(Um canto seguro, e só.)
Despretensiosa, leva-me além dos lugares que conheço
Vão com os olhares dela
Todo meu entendimento de ainda ser eu
E mandaria a merda à filosofia
Pois nela não me sinto descrito
Quero um saber que me explique quem ela é
Talvez implodir toda imagem já sonhada
De seus vestidos, sorrisos e pecados.
Quero, talvez, saber dos segredos e medos
E assim, quem sabe, morar nos sonhos dela
Mas nada sei além dos risos
E ela nada sabe, nem da minha música
Então seguimos
Assim, como estranhos
E eu, mesmo errado ou impedido
Fico a imaginar, além dos olhares de Raquel.