24 de nov. de 2011

Equívocos ? (Jurandir Bozo)




Eu prefiro muito mais
A superficialidade das paixões
Profundas, quentes e intensas.
Que a frieza do que chamam e vivem
Como amor verdadeiro.
Prefiro os sintomas da doença
Que os efeitos colaterais dos remédios
A síntese poética, a uma saga formal e previsível 
Mas vale a decepção que um covarde preconceito
Assim torto, largo, espaçoso
Sigo vazando sinais
Afinal o vermelho sempre me caiu bem
Gosto do único, do novo
Antes o toque arriscado da pancada afoita
Que a segurança da solidão contida
Pelo esmo ou pelo teto
Nossas precauções não mudam as estrelas de lugar
Mas a ousadia muda toda nossa historia
Por isso que ainda prefiro as paixões
Seus equívocos
E ate mesmo sua brevidade
Que a certeza do amor
E seu monótono prazo de validade. 





18 de nov. de 2011

T. P. M. (Jurandir Bozo)





Não preciso mais de esperanças
Eu preciso é de soluções imediatas
Ações que me garantam êxito
Algo material que supra meus sentimentos
Anteriormente desregrados.
Surge em mim com isso o insuportável
Dor, solidão, carência
Mas em proporções femininas
Em dias não muitos especiais
Meus hormônios se agigantam
E rasgam minha paciência e civilidade
Sinto-me quase menstruando...
Onde estão os amores que não vivi?
E a igualdade que me garantiram em lei?
Mas falando a verdade
-Pouco me importa a igualdade
Hoje eu quero saber mais de mim
A merda todas as leis e todas as outras dores
Maiores ou menores que as minhas
-Quando estamos infelizes
Não nos faz mal um tanto de egoísmo 



14 de nov. de 2011

Incendiado (Jurandir Bozo)




Como alguém que nunca fez parte de minha vida
Pode fazer tanta falta?
Em dias que sinto seus olhos de sol
Invadindo minhas janelas
E por elas chegasse aos ritmos do meu coração
Acelerando o andamento da minha bateria
Numa voltagem ainda maior que os duzentos e vinte
E o que era ciranda vira um verdadeiro carnaval
Como posso fugir de suas chamas
Se seus defeitos me corrompem  
Se meu corpo pede por seu calor
E esse talvez seja o maior perigo do fogo
O fascínio que exerce em mim

13 de nov. de 2011

Em Meu Olhar (Jurandir Bozo)





Minha vista dói
E cansado meus olhos procuram a escuridão
Como se estar no escuro
Fosse o mesmo que estar dormindo

Passam as horas e canso dele também
Meus olhos agora molhados
Pousam as pálpebras em lagrimas
E faz chover em mim
Meu céu solitário deságua
Um dilúvio de desejos insólitos

Deixo então outras reclamações
As que ainda não fiz
As que ainda não conheço
Pois no fundo
Sei de todos os meus porquês
Mas tal certeza não me liberta
Preso ao convencionalismo
Meu coração pulsa
Por uma vida que não me pertence


"À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."¹









1) Referente ao poema tabacaria de Alvaro de Campos