12 de jan. de 2006

Ilhas (Edson Bezerra)


No meio da noite acordo pescando sonhos
E recolhendo imagens distantes
Meus olhos auscultando estrelas
Adormecem molhados
E assim prosseguem na solidão dos barcos
E se dentro de mim um continente dorme
Acordados estão meus meninos
Penso no amor
E na imensidão das ilhas
E não me decido no que fazer do que me chega
As vezes os sonhos que pesco se perdem dos olhos
E catam pedaços no coração
E as estrelas se escondem todas num céu mais distante
E meus meninos parecem brincar de outro mundo
E então eu sei que sou um pedaço de tudo
Dos sonhos que não me cabem
Dos olhos que viram fachos
Dos ruídos que vivem um mundo
E de meninos que buscam o amor nas fatias dos doces
E o que fazer então com a inteireza do que sou
Na completude da ilha que me encontro?

3 de jan. de 2006

Estupro (Fábio Sirino)



Agora faz sentido
O prazer o gozo
Suas pernas ao cruzar para mim
Seus olhos, seus olhares
Sua boca, minha boca
Beijos e toques
Quero mais e mais caricias
Toca-la mais em baixo
Excitar-lhe...
Se aproximar da terra
E leva-la aos céus
Fazer com você loucuras,
Provar sua droga
Ser seu e lhe ter minha
Com toda escuridão
Ali no claro do motel
Com luzes na sua sombra
Nos seus mistérios
Serei violento e terno
Sem sorrisos ou lagrimas
Fazer-lhe ri e chorar
Nesse sonho que acabou mal
No hímen que não foi meu
Que se rompeu com medo e dor
Sem amor, sexo e temor
Por te amar, foi violento
No passado que roubou a inocência
O cheiro de rosas
O sangue num terreno baldio
Nas pernas que tremiam
Que seguiam a vida
Que deixam feridas
E lhe afastam de mim.