30 de jun. de 2007

Dormindo? (Fábio Sirino)



Rezem por mim que estou mergulhando de cabeça
Como se buscar-se a dor que sei que virá
Mas como resistir a tamanha felicidade
E conter desejos que vão alem de mim?

Longe até consigo pensar em liberdade
Mas liberdade sem ti é quase prisão
E prisão livre de ti é mais uma morte
Ou outra muito próxima a isso

Sim! Tua luz e força me roubaram a razão
E isso é tão bom e faz tão bem
Mesmo louco como e insano como nós
Como nossos loucos dias e nosso pouco tempo
Assim sigo a sorrir num caminho para as lágrimas
Mas quando chegar?
-Ah, mas quando a dor chegar já terei vivido.
Lindos e intensos momentos
Da mais pura felicidade mundana
-E se não der certo antes de ser feliz?
-Ao menos terei tentado com todas as minhas forças
E todo meu amor pela vida, pela tua vinda...

És uma beleza de cor marrom
E um quase negro meio triste
Dos teus olhos quase sonho meu
Que vai além de tuas inseguranças
E me seguram a mão no meio da noite chuvosa

Onde madrugaremos a sorrir?
Em minha casa ou num motel?
Na praia ou numa tela de computador?

Por mais de mil motivos e mil sonhos
Sigo a fantasiar-te aqui na parte alta da cidade
Longe das tuas desculpas e confusões
Quero uma cama de casal
E um guarda-roupas de cinco portas
Quero dormi e acordar rindo
Com teu cheiro em minha boca
Quero mais do que diz nem poder me dar
Mas quero assim mesmo
Tua alma e teu sonho
Para dar-te a minha e os meus
Até que a morte nos separe ou nos acorde.

29 de jun. de 2007

A Mexicana I (Fábio Sirino)


Saio por onde não entrei
Faço o caminho inverso às minhas vontades
Tenho tanto a falar ao mesmo que tenho tanto medo
Que calo uma voz já cansada de discursar para o nada
Para ouvidos que não me respondem
Num silêncio de quase morte
Num lugar que não me enxergo
Onde grito em meio à multidão surda
Batendo em tambores ritos e celebrações
Que assustam as almas mais porcas
Veio para provocar conflito
Trago guerra para desperta paz
E inflijo meus manuais de bom comportamento
Por amor ou paixão deixo a ética de lado
Quero apenas fazer da vida um gozo prolongado
Uma mistura de sim, talvez e não.
De solidão repetida, partida, doida.
Do táxi que nos leva desejo adentro
Volto só do teu mundo
E cheguei a pensar ter importância
Nessa coisa toda que inventamos
Um campo de flores com lama no fundo
Onde o fundo sempre pareceu mais atraente
E como as aparências enganam
Via na tua força a grande mulher que sei que é
De verdade adeus
E que os anjos da felicidade estejam contigo
Que comigo ficarão lindas lembranças
Do pouco mais sofrido, felizes momentos.
Então ponho fim à brincadeira
Vamos ao próximo capítulo
Que entre em cena o ator, o galã.
Porque o figurante acabou de sair...

27 de jun. de 2007

Sub-corporal (Fábio Sirino)



Não se negues a aprender
Nem por medo do novo...
Pois tudo que também preciso está em ti
E não nos medicamentos que nos vendem
(Os que fumamos e os que bebemos)
Ou no ponto de equilíbrio das respostas alheias
Que não nos aquece a alma
E nem bombeia a paixão que percorre as minhas veias
Sem ninguém nos tirar do escuro onde estamos
Onde sei que já não queremos nos ferir

Deixe que joguem praga e maldições
Sobre mim ou nossos sonhos
E não te chamo de nada, a não ser pelo teu nome
Pois o Que Li já me ensinou a cortar meus próprios ossos
E isso tudo está me surpreendendo
Como se uma força célebre emanasse de mim
E mesmo com medo não a contenho

Tirem-me daqui!
Pois já desejo ficar mais que seguir
Tirem-me daqui!
Pois meu peito rasga de dor de amar e dividir
Numa quase maldição sobre nós

E mesmo sendo co-dependente
Em vários momentos tento, e não consigo gritar-te
A culpa que sei ter nisso tudo cala-me
E mesmo não acusando um ou outro
Ainda me sinto co-dependente
Dos poucos momentos que vivemos
E dos pouquíssimos sonhos que te compartilhei
Em um momento de respiração profunda
Que provoquei em te...

Tenho algumas observações
Antes do fim dos destinos e fechamento dos portos
Antes de desembarcar em outra dor ou outro amor
Jamais porei a culpa em ti
E jamais te esquecerei fora de mim

Leve-me então para barra da tua saia
Ou para a barra de Jequiá
Para que possa te olhar em vento e areia
Deusa dos meus sonhos eternos
"Juntos ou separados "
Para todo sempre apaixonado.
Amém...

23 de jun. de 2007

Oral (Fábio Sirino)


Sigo em meio ao teu campo de dor
Num enredo de entrelaço de fantasias
Onde a verdade que contamos vale mais
Como posso fugir de algo que se quer chegou a ter vida
*
Na respiração mais compassada
No gosto salobro que se adocica em minha boca
Vou numa viajem sem ser convidado
Pelo teu cominho escuro
Molhando tuas curvas com minha saliva
“Com meus medos e delicias”
*
Oralalizo teus desejos mais íntimos
Com o nascer do sol a nos observar
Um tom de risos nossos
Um gosto de cigarro e coca-cola
Deixamos de dançar
Para buscar em olhares uma traição
*
O mar lavará tua alma
Os teus olhos e receios
Levará para longe tuas orações e cânticos
Poemas teus, do doce adormecer que compartilhamos.
Nas linhas que nos descreve
Ou nos textos que redigimos
*
Minha matéria esta incompleta
E sequer sei titular ou editar
Minhas fotos estão desfocadas
E só me resta uma entrevista
Com perguntas obvias
Onde as respostas silenciem
Na contravenção que cometemos
Pelo pecado nosso de cada dia
Peço perdão ao teu amor
Pela mentira dos meus risos
*
Para onde vamos?
O que desejamos?
O que somos ou o significamos?
Deixo as perguntas na minha insônia
No desejo louco de ter-te minha
Como já mim tem teu
***

21 de jun. de 2007

Ser Só (Fábio Sirino)


Perco as contas, mas não a dor.
E me entrego mais uma vez a isso
Como se já não soubesse o fim
Dessas historias que já vivi
Entre tantas que viverei
Todas que ja morri...
Quantas outras morrerei?
*
Sem reza ou encomenda pra alma
Sigo perdurando na escuridão
Dos olhos teus, quase secos
E os meus “molhados
De alguma coisa feito solidão”
*
Veio como se já tivesse partido
Numa carreira de medo
Na disparada do gado
No grito da vitima
Antes do seu assassinato
*
Parto com gosto amargo
Numa cor que me assanha o cabelo
Deixo os terços e os cadarços,
Sem laços, lenços ou panos brancos
*
Mas o que teria a te oferecer?
-Poemas,musicas e estórias...?-
Alem de uma amor incondicional, talvez
Enteso como eu, forte como meu gostar
Tudo ainda é pouco perto de te.
*
Deleito-me em minhas nuvens
No chão do meu quintal,
Aqui no meu apartamento
As pedrinhas da frente da casa
Já me conhecem
E as jogo em direção a lua
Como um incentivo
Para que elas virem estrelas...
*
Assim farei quando partir
Sem brilho ou luz
Eu e a estrada já velha e esburacada
No ponto concordamos
Somos a soma dos destinos que se afastaram
E somos mais...
Uma quase cor de um quase arco-íres
Que as ondas levaram
Quase levaram embora quando partiram
Para um mundo distante de todos
Onde moro e vivo só
*

20 de jun. de 2007

Menina Escuridão (Fábio Sirino)


(O início do flerte com a Ros”a”)
Ainda trago em minha mente
A imagem daquela mulher
Que vinha do escuro
Semi-iluminada
-Parem os toques e as estrelas cadentes
Vejam a menina dona das sombras passar-
Ela veste preto e cheira a rosas
Ela mal fala, mas sabe sorri
E seu sorriso tímido
Grita por ela e canta por ela
Que cega a hipocrisia estética
Com charme e simplicidade
-Assim quase sem querer-
Com seu cabelo de Sol
De olhos caídos quase tristes
Fico eu a lembrar...
Como se a primeira visão
Fosse uma visagem
A aparição da princesa dos mistérios
- Ali do meu lado-
Enquanto calava, ela partia
Levando consigo meu resto de luz
E um pedaço do meu coração

A Fuga ou O Descanso...(Fábio Sirino)


(É hora de morrer de novo)
Pernas para o ar
Pois é mais que hora
Da dança ao assento
Um minuto para o descanso
Água, vodka e vinho
Mas se falta
Serve coca-cola e baseado
Pra ficar doidão
Vem para deitar
Vem, mas venha sorrindo
Que minhas orações te buscam
(E falta pouco pra elas te perderem)
Nos canaviais e salões
Vai engrossando as pontas
Sem nosso coletivo
Um ser só meio amistoso
Um olhar cortante de despedida
(Quase morte)
Siga sem par, sem mim
De cintura fina, feminina e básica
Como uma sandália de salto
Pule por mim, que não curto trio
Ou qualquer ser elétrico
Pois sou um quase acústico
Já passa dos meus desejos, essa brincadeira
Já chega às minhas dores
E entre tua vontade e meu sofrimento
Nem penso outra vez
Condiciono minha caminhada
Para longe dos guardas, das sentinelas
Onde nem vela ilumina
E tu, linda menina
Apenas deixe-me ir

15 de jun. de 2007

Telescópio (Fábio Sirino)


(“ObserVendo” Urânia...)
Um ponto de referência para enxergar-me
Uma ponta de humanidade para perceber o amor
O amor de Urânia pela vida
Uma lente para fotografar o plasma ou a energia
Algo que traduza a beleza de Urânia
Assim, quase tímida e magra.
Ela faz da fragilidade ou insegurança uma fortaleza
Em risos e gestos, com brilho de astros e cor de Sol.
Urânia não esta solitária
Ela tem planetas e sonhos junto a ela
Ela tem lembranças e amores já sofridos
Ela cheira a flor rara e nova
Ela tem gosto de vinho,
Dos mais refinados e dos mais simples dos prazeres.
Seu gosto é o meio termo entre os sabores
E do seu peito o tempero mais ardente
Em sua paixão o néctar dos que choram
Em lágrimas de vidas e cantos já passados
No planeta Urânia tudo é bem mais belo
Fotografa melhor e tem sempre ângulo bom
Nas paragens dos confins de sua imaginação, um risco
Dos encantos do planeta mais lindo que já conheci
Vais e fica distante
Que daqui ainda observo e vejo seu caminho
Mesmo sem ainda saber quem és...

9 de jun. de 2007

Rosa azul (Fábio Sirino)



(Para Ros"a" V)

Antes que cantem
Antecipo minhas verdades
Sem versões ou mentiras
As conto de forma escrachada
Quase como piada
E assim quem sabe sofra menos

No pouco convívio que tivemos
Não deu pra ver entre as pétalas
Pouco sei dos que te regam
Da suas regras e da tensão que se antecipa à elas
Sei apenas dos teus olhos caídos e lindos
Do ceu que te adorna em luz
Do que é aparente
Do possível ao disfarce
Do sonho que é meu
Da imagem que construí

Aqui longe dos doces que adoçam sua boca
Um amargor quase ingênuo
Gosto de silêncio ou sono
Sem notícias, sem contatos, sem cuidados
Distante da tua atenção
Quase perto do seu descaso

És pra mim a beleza de uma Ros"a" azul
Com ar de escuridão
O início da noite de sábado
A cor do luar em noites claras
Em lua de lobisomem
Noite de correr bicho
Assim próximo aos seus encantos
Ficam meus pensamentos e sonhos
Como se esperasse o primeiro ônibus passar
Para enfim chegar em casa e descansar .