Sonhos, Desejos e
Assombrações
(Uma historia de quase
Amores no Jaraguá)
Um conto em V partes
Para
podermos começar essa historia temos que primeiro saber um pouco sobre o
tradicional bairro do Jaraguá, um bairro da cidade de Maceió, capital do estado
brasileiro de Alagoas. E que em grande parte contribuiu para o desenvolvimento
da cidade de Maceió por conta do seu porto, o Porto de Jaraguá, que possuía um
localização privilegiada na primeiramente capitania, logo após, província de
Alagoas. Graças ao porto, a cidade alcançou um crescimento tal que motivou a
mudança da capital da província para Maceió. O local passou a ter um grande
fluxo de comércio, contando com muitas lojas e armazéns.
Na
segunda metade do século XX veio à decadência do bairro, sendo aos poucos
abandonado, tanto pelo comércio quanto pelos moradores. Na década de 1990, a
prefeitura iniciou um projeto de revitalização, restaurando ruas e casarões.
Boates e casas de shows foram abertas, assim como uma faculdade privada, a
Faculdade de Alagoas (FAL), e mais agências bancárias. Porém, nos últimos anos,
o bairro novamente sofreu desvalorização, a despeito dos constantes
investimentos dos governos locais.
O
bairro é sede da Prefeitura, do Museu de Arte Brasileira, da Associação
Comercial de Maceió e do Centro de Convenções, construído recentemente para
receber eventos de grande porte na cidade.
Hoje
suas belas ruas que já presenciaram os mais diversos momentos da boemia
Maceioense, se encontram quase no mais absoluto abandono, sem glamour,
badalações, ou poesias ébrias espalhadas pelas esquinas, regadas a paixões
proibidas, a cobiça, a perversão... Seus fantasmas de uma historia rica e encantada
hoje já não assombram o imaginário de seus moradores, pois o que temem hoje é a constante violência da cidade e o
abandono que vem assolando o bairro, porem sua beleza continua fascinante.
Dos Sonhos aos Desejos
Molhados
Era
só mais uma noite tranquila, sem estrelas, sem lua, nada chamava atenção no céu
levemente nublado, o clima meio frio era agradável para uma boa noite de sono.
As
ruas pouco ouviam o som dos carros, era mais uma madrugada calma de meio de
semana... Mas algo fora do comum acontecia ali, uma moça trajando roupas de
dormir extremamente sexy, andava descalça pela Rua Barão de Jaraguá, não se
incomodava com o pouco movimento dos carros que buzinavam e buzinavam vezes por
advertência, vezes outras, por tentar uma abordagem meramente sexual. Ela
apenas seguia com um olhar doce, mas compenetrado, se quer olhava para os
lados, seguia e seguia como se o asfalto fosse apenas uma passarela iluminada
para ela, ali, linda,descabelada, louca, descalça... Ao passar por uma das
poucas remanescentes casas de shows uma musica casual a faz sorri, mas ela
continuou a seguir... Sozinha, aparentando não ter medo de nada, ela foi
devorando o cominho até chegar à praia. A ária fina massageando seus lindos pés
e ela olhando fixamente o infinito, andando até sentar-se de frente para o mar.
Depois
de um longo tempo observando o céu sem estrelas, ela levantasse e vai as águas
salgadas brincar com as ondas molhando seus pés, depois letamente suas pernas e
coxas... Ate que ela entra nas águas e mergulha como se fosse se eternizar
ali...
A
contra luz surge à silueta de um homem, - e ela não se assusta, espera - ele
vem com a mesma expressão no olhar, chega ate a praia e segura em sua mão,
olhares doces e compenetrados invadindo almas, tomando pra si o que nunca foi
ofertado. Ele a beija e a abraça por traz, e assim feito concha os dois se
sentem a beira mar... Ela ajoelha-se na areia e deixa apenas seus pés serem
tocados pelas ondas, ele feito bicho a possui segurando em suas ancas; ela geme,
ele da uma tapa em suas nádegas, ela gosta, ele volta a bater, ela geme num misto de
prazer e dor, sentindo-o em confluência com o movimento das ondas... Forte e
balanceado... Suas mãos apertam a areia com força, ele começa a dizer palavra
que ela nunca pensou ouvir... Arrepia-se, se excita e se assusta... Tendo a
certeza que não tem mais controle sobre nada, aleia ao desejo, entregue, mas
extremamente perdida, louca, seus pudores gritam em vão, ate ouvir mais... –
Vadia... Safada...- Palavras sussurradas com força – Ela ouve impávida... Enquanto
ele volta a repete-se indo alem – Minha Puta... É minha puta é? Minha Puta...?
Continua...
Sonhos,
Desejos e Assombrações
(Uma
historia de quase Amores no Jaraguá)
Um conto em V partes
Parte II
Do Despertar para o Cotidiano
de Normalidade
Nájera
acordou suada com olhar envergonhado do sonho que a pouco lhe provocara
sensações intensas e lascivas, ainda molhada, ela levanta-se de sua cama (que
parecia ter sido revirada numa noite de amor ) visualizando todo espaço a qual
lhe é intimo como recôndito, assustada ela vai até o banheiro e antes mesmo de
olhar-se ao espelho abre a torneira da pia deixando a água escorrer pelo ralo, de
vista baixa respira profundamente recordando do que a pouco acreditou ter
vivido, mas era apenas um sonho, mais um sonho de Nájera, real o suficiente
para umedecer suas coxas...
Erguendo
a cabeça Nájera olha-se no espelho buscando enxergar ali a menina normal,
sorridente, tímida para “certos” assuntos e séria quando se deveria ser, assim
ela se auto afirmava, e assim todos acreditavam que fosse; sua família, seu
namorado, seu chefe, colegas de trabalho e até mesmo os amigos mais próximos...
Seus sonhos eram apenas dela, segredos guardados e escondidos até nos mais
secretos relatos em seus diários.
Pálida,
ela olha detalhadamente o piso e os riscos no chão decorrentes do desgaste do
tempo, quantas vezes ela já havia se sentido assim, acordado assim... Estranha,
alheia as sanidades do imaginário coletivo comum a qual todos os cristãos são
sujeitados desde de todo sempre. Assim ela respirava buscando expurgar o
sentimento de pecado a pouco cometido, vivido em mais um sonho quase que real.
Respirando
fundo, permanecia ela parada como se o tempo fosse passando lentamente sobre
sua vista, num ritmo lento de sua respiração profunda e pausada.
Pronto,
passou, basta lavar o rosto, voltar para cama , tentar dormir as poucas horas
que ainda lhe restam de descanso para acordar e ir ao seu trabalho. Nájera
voltava a ser a mulher entre as rochas, na cama, ela se cobre e sorri com ar de
menina levada, passeando seu olhar doce pelo quarto que já voltava a
acolher-lhe sem cantos escuros ou lugares encobertos. Isto posto, fechou os
olhos e dormiu.
A
luz do sol entrou pela frecha da janela, que era guardada por cortinas de renda
num tom de verde bem clarinho quase branco deixando a claridade chegar mansa ao
seu rosto angelical, ainda entregue a Morfeu, fazendo-a então despertar
serenamente. Espreguiçando-se Nájera esperta para seguir sua senda habitual,
lavar o rosto e escovar os dentes, tomar banho, trocar de roupa e seguir ao seu
oficio. Nada fora do encontradiço... O mesmo horário, o mesmo caminho até
chegar ao ponto de ônibus, quase as mesmas pessoas ali a esperar sua condução,
tudo igual, sacal feito o transpassar de seus dias e anos, numa vida quase
medíocre que não lhe causava cansaço.
Mas
esse dia não seria pariforme como todos os outros...
No
coletivo Nájera senta-se quase que no mesmo lugar habitualmente, e logo que
tomou assento abriu a janela querendo sentir o vento acariciar seus cabelos que
balançavam um pouco acima da altura dos ombros no mesmo momento que tocava seu
rosto e ela observava o caminho, as ruas, as casas, os carros, as pessoas
passando...
Ao
voltar-se o olhar para dentro do ônibus, divisando as pessoas uma a uma, quando
percebeu um home de silhueta familiar... Sua imagem encoberta pelo ângulo não
privilegiado de visão não permitia certezas. Nájera intrigada sabia que o
conhecia de algum lugar, mas de onde seria...? Como se fosse descer ela
levantou e ficou de pé buscando melhor visão, observando-o fixamente... Olhar
inamovível, inarredável... Até que ele a olhou meio que de canto... – Ela
atônita percebeu ser ele... – Mas ele quem? Se a única coisa família era a
silhueta e o olhar... – Mas aquele olhar ela tinha certeza que o conhecia de
muitos e muitos sonhos... Era aquele olhar pariforme, doce e compenetrado que
invade almas e as toma apaixonadamente e imoderado todos os segredos e prazeres...
Ela
já não pensava em mais nada, tudo havia saído dos seus escudos rochosos da
normalidade cotidiana razoável, lógica, ali a sua loucura mais fidedigna e
factual presente diante de sua perplexa vigia.
A
essa altura ela perdera o local de descida, o tempo, o espaço... Perdida em seu
olhar cravejado dos tantos sonhos ali presente.
Ele
voltou a olha para ela e sorriu discretamente erguendo-se e indo em direção à
saída mais sem a perder de vista, como se soubesse tudo que ali se passava... Ela
sem hesitar o seguiu descendo com ele...
Continua...
Sonhos,
Desejos e Assombrações
(Uma
historia de quase Amores no Jaraguá)
Um conto em V partes
Parte III
Do Irreal ao mais Real
Era
uma manha comum de segunda feira, na empresa onde Nájera trabalhava todos já
haviam chegado. O tempo foi passando, a manhã tive fim e iniciou-se à tarde, o
sol saiu forte por entre as nuvens aumentando o calor, ali todos cumpriam suas
funções como costumeiramente faziam, mas a mesa onde Nájera trabalha continuava
fazia, ate que seu chefe notasse a sua ausência e pergunta aos seus colegas por
ela, logo Nájera, a funcionaria que estampava com sua foto na parede de
funcionário do mês, a dedicada, prestativa e previsível Nájera.
Sem
informações seu gerente (de nome de Bruno Sandes), ligou em seu telefone móvel,
que chamou até cair sem que tivesse qualquer resposta, outra tentativa,
seguidas tentativas, chamando ate cair na caixa postal. Bruno então deixa um
recado, apreensivo – Nájera é Bruno está tudo bem? Por favor assim que ouvir
retorno ao meu numero ou mande alguma noticia a alguém da empresa. Estamos
ficando preocupados.
Fim
de tarde, fim de expediente e nada dela. A preocupação se perde no rosh de
início de noite.
Na
casa de Nájera, a mesma calmaria quase fadigante de sempre. O café no fogo, a
mesa posta, já são quase 20 horas e Nájera nada... Sua mãe liga em seu celular
que continua a chamar até cair na caixa postal... Então ela busca ligar pra
algumas amigas de Nájera e o que era apreensão vai ganhando adornos de
preocupação, ninguém sabe, ninguém viu, ninguém falou, ninguém ouviu... Eis que
chega a porta o desespero...
Uma
segunda feira quase que inteira sem Nájera...
Ali
estritamente impotente, resignada ao silencio e as inúmeras mensagens deixadas
na caixa postal... Sua mãe, uma mulher forte, de personalidade marcante, dona Énéide
se rende a desinformação, a ausência... Ao silencio.
Sem
respostas o silencio maltrata, aguça a imaginação, provoca inquietude, assim
andando de um lado para outro da casa, ela sente como se algo estivesse por
ruir, diante de toda sua força ela se percebe frágil ao extremo do amor de mãe.
Ela
liga para o namorado de Nájera pessoa a qual ela tinha grande resistência e
antipatia – Alô é Pedro Neto ...? Sou eu Énéide. Pedro você sabe me dizer de
Nájera? – ele já responde surpreso, jamais esperaria tal ligação – Não dona
Énéide, Nájera deve ta voltando do trabalho... A senhora tentou falar com ela
– Tentei varia vezes, mas ela não esta
atendendo o celular – Não há de ser nada, ela pode ter perdido o celular dona
Énéide – fala lhe dando um certo alento, afinal fazia sentido o fato dela não
atender o celular, e ele ainda diz – quem sabe ela não o esqueceu no trabalho,
a senhora sabe como é o transito de Maceió – é meu filho você tem razão, mas
por favor se souber noticias me ligue viu... – Pedro ficou sem reação com a
doçura aflita a qual dona Énéide transpareceu em sua ligação e principalmente
na forma gentil de lhe tratar, ele rapidamente ligou e como todos ouviu o som
da caixa postal, isso então o fez ir de moto ate o trabalho de Nájera.
Ela
(dona Énéide), por outro lado, mesmo sabendo que o que havia sido dito tinha
sentido, no intimo ela não conseguia acalmar-se e o coração só se apertava
ainda mais, e assim irrequieta, sem um minuto de sossego, resolve ver algum
contato de algum colega de trabalho e buscou na agenda de casa algum telefone que pudesse saber se Nájera estava bem, e que
horas havia saído da empresa. Linha após linha, letra após letra, ate que
encontra o telefone de Cristina, colega de sala de sua filha e que a informa
que ela não havia aparecido na empresa, que seu gerente havia ligado diversas
vezes e não havia conseguido falar com ela, que seu celular chamava ate cair na
caixa postal... Agora não era mai mero pressentimento, havia ali uma situação
real que apontava para um desfecho possivelmente trágico, um acidente, um
assalto... As possibilidades giravam em sua cabeça e mil filmes e historias
preenchiam as lacunas deixadas pela ausência de informações.
Assim, seus amigos e parente começam a se
mobilizar, mensagem em redes sociais, ligações, a casa começa a chegar mais
gente e o desespero de sua mãe começa a pincelar as paredes de sua casa e
marejar os olhos das pessoas que ali acompanham receosamente por fim já
contanto em muitas outras historias de desaparecimentos...
Não
encontraram registro em hospitais, delegacia, IML, Maceió corrida e examinada
feito um check-in de um mulçumano um aeroporto americano... Todos a procura
dela, e Nájera nada...
A
noite avança e a madrugada chega para terminar o quadro colorido a desespero e
esperanças molhadas de seus familiares e amigos...
Por
fim, seu celular já não chama mais... Onde estará Nájera agora...
Continua...
Sonhos,
Desejos e Assombrações
(Uma
historia de quase Amores no Jaraguá)
Um conto em V partes
Parte IV
Do mais Real ao Irreal
Passaram-se
dias... Meses... Anos... E ninguém soube mais de Nájera.
Até
hoje sua mãe ainda vai às ruas vestindo uma camiseta branca estampada com sua
foto e a frase: Desaparecida... Certamente a vida não foi mais a mesma para
muitos... Certamente todos ficaram um pouco mais tristes... Mas os dias
seguiram sem ela, o sol tornou a nascer e a lua a subir nos céus e mudar de
fase alterando a maré.
Muito
se fala, mais ainda se especula, pouco se investigou e nada se sabe de fato...
A
empresa enlutou-se por alguns poucos dias e hoje sua substituta já se aplica no
serviço talvez melhor que a própria Nájera.
Seu
namorado – ele sim – mudou muito, ficou meio maluco, contando historias... –
Disse a policia que Nájera estaria viva, que a no dia de seu suposto sumiço ele
havia encontrado ela na esquina de sua casa, próximo ao Museu da Imagem e do
Som em Jaraguá. – Assim fez o relato em depoimento:
O
Sr. Pedro Luiz dos Santos Neto, depoente, declara que no dia do suposto
desaparecimento de Nájera Thalita Ferreira Souza, o mesmo teria encontrado com
a suposta desaparecida nas imediações da praça Dois Leões e que ambos se
falaram e mantiveram relação intimas em via publica, tendo a conduzido ate a
porta de casa onde o depoente tornou a subir em sua mota e seguir até sua
residência no Bairro de Chã da Jaqueira.
-
Pedro Neto, contou por diversas vezes essa historia, e muitos até hoje
acreditam que ele deu fim a sua amada, alguns afirmam que por motivo de que ela
no dia do seu suposto desaparecimento teria rompido com ele, outros dizem que
foi por traição e outros dizem... e muitos dizem diferente... Porem Pedro Neto afirma
de forma quase louca que encontrou com Nájera e que fez amor com ela na arvore
que fica situada entre o MISA (museu da imagem e do som de Alagoas) e CAIXA
Econômica Federal. – Nos amamos feito bichos, foi intenso, insano... Ela
parecia alguém que não conhecia, mas era ela, seu corpo, seu cheiro, seus
cabelos na altura do ombro, seu olhar doce, mas envolto por uma maldade quase
pura... Ela me levou a arvore tirou meu sinto e ali no meio da rua, ela se
ajoelhou e... Deus... Eu nunca tinha sentido algo como senti ali com ela... Era
ela, foi ela... Mas porque ela sumiu..?
-
Estaria então Pedro Neto louco? Talvez
pela sua insistência em afirmar a todos do seu encontro com Nájera no dia de
seu suposto desaparecimento e todo teor erótico do encontro que outras historias começaram a surgir de homens
que haviam visto Nájera nas madrugadas do Jaraguá e que teriam tido um momento
de prazer intenso e único como nunca haviam sonhado existir... Assim com a
historia sendo viralizada nas redes sociais, as madrugadas do Jaraguá passaram
a ser frequentemente visitadas por meninos amarelos de mãos cabeludas e rosto
espinhento, na esperança de encontrar Nájera.
Talvez
na madrugada de hoje mais um tenha encontrado com ela, quem sabe... Nájera não
tenha encontrado uma forma de se eternizar no imaginário popular, fazendo parte
para sempre das madrugadas do Jaraguá.
Mas
o que de fato haveria ocorrido naquela manhã em que Nájera desceu do coletivo e
seguiu o homem que habitava seus sonhos mais secretos... Que a olhava como se a
enxergasse nua no meio das pessoas... Onde estaria Nájera? Onde estaria o Corpo
de Nájera já que a sua alma já estaria habitando as madrugadas fazias das
noites no Jaraguá.
Continua...
Sonhos,
Desejos e Assombrações
(Uma
historia de quase Amores no Jaraguá)
Um conto em V partes
Parte V (Parte
Final...?)
O
tempo e seus mistérios, suas convergências e divergências... Assim pai das
duvidas e senhor da razão o tempo dita impávido seu ritmo e nos empoe regras
que faz-nos perceber o tamanho de nossa exiguidade.
O
que talvez nos torne grandes, imensos... Maiores que a vida e a morte seja a
importância que damos aos nossos sonhos, as nossas conquistas, o quão
conseguimos tornar real os desejos mais abstratos, o que nos propiciam o bem e
que transformam o mundo que vivemos, que transformam o nosso mundo que
desenhamos em sonhos e fantasias. Deste modo era Nájera, uma sonhadora que
mesmo acordada traçava enredos e enxergava historias num mínimo espaço de tempo,
num piscar mais longo de olhos...
Nájera
desceu do ônibus e começou a seguir o homem que habitava seus sonhos... Ela
tinha mais que certeza, tinha convicção.
Sem observar mais nada além ele, ela obstinadamente o seguia... O seguiu
até sentir-se tonta... Vendo tudo se estreitando, indo e girando, girando e escurecendo,
indo, indo e ficando distante, mais distante, distante e escuro, mais escuro...
Vazio. - Como se estivesse dormindo ela apaga.
O
que teria acontecido com Nájera...? Estaria ela dormindo? Teria ela desmaiado? Ou
estaria ela morta?
O
que não passava de escuridão vai letamente clareando, meio que desfocada sua
visão lentamente encontra o céu, vendo as nuvens e o sol forte em seus olhos...
No chão, deitada nos braços do homem que lhe toma a atenção e a sanidade. Confusa,
Nájera vai despertando e assim que retoma suas forças, percebi-se entregue nos
braços de alguém que por mais familiar que lhe pareça, ela não sabe de certo
quem é, de onde veio, pra onde vai, nem o que faz ali, dando-lhe atenção, com
olhos ternos... Ele a olha e sorri... Ela sem entender ergue-se letamente se
segurando em sua mão... Assim já de pé, ele a solta e retoma seu percurso,
segue a andar, ela, ainda cambaleante vai em sua direção... – aonde vão Nájera
e o homem dos seus sonhos...?
Assim andando
por quase horas sem ater-se ao tempo e nem ao percurso, em sua mente apenas ele;
ele e seus paços... Hipnotizada pela sua
beleza e pelos discretos sorrisos lançados a ela. Voltava então ao mesmo
bairro, à mesma rua de onde mais cedo havia saído, voltava ela ao Jaraguá.
Após
a longa caminhada ele entra numa casa e deixa a porte entre aberta, como se avisasse
a ela que a esperava lá dentro, ela entendendo foi com a certeza que a guiara até
ali, convicta que ele a esperava há muito mais tempo que aquele encontro que
estava por se consumar.
Dentro
da casa, Nájera percebe que tudo lhe era familiar... Do quarto um barulho, ela vai ate lá,
impávida entrevendo, assemelhando e assimilando o lugar e o que estava por vir...
No quarto, sua cama ainda desarrumada, suas mobília, as cortinas em tons claros
de verde, ela estava em casa... Um calafrio passou feito vento por seu corpo,
foi então que ela ouviu o barulho do chuveiro, a porta do banheiro aberta fazia
o convite, ela parada, apenas deixou a sensação de medo momentâneo passar... Firme; ela seguiu lentamente ate lá, no seu
banheiro; a silhueta do homem dentro do box, ela então se despe e se entrega
entrando para banhar-se com ele.
No
chuveiro o olhar que nos sonhos a arrebatava, assim os corpos nus se aproximam
e se tocam... Ele a abraça forte beijando seu corpo por inteiro, sua nuca, seu
queixo, sua boca, seus seios, sua barriga, ate repousar em seu ventre, ali
ajoelhado sobre a água que escorria entre os pelos e os porquês, tudo se esvaia
em desejo... Ela morde os lábios e geme... Geme num gemido tímido, baixo... Prazeroso...
Encaixados seguem se amando como se o universo e todos os Deuses tivessem
parado o tempo para apenas assistir os dois.
Ali
talvez por horas, dias e anos ficaram eles...
Se
tudo não passa de um sonho num eterno descanso de Nájera ou de uma fantasia
sonhada em sua ultima noite, ou se ainda estaria ela prestes a acordar... Ninguém
sabe, ninguém explica... O fato é que Nájera encontrou os braços de Morfeu, o
Deus dos sonhos... O fato, é que muitos relatam ter visto ela nas madrugadas nostálgicas
do Jaraguá a amar os solitários nos fins de noite...
(FINAL...?)