18 de out. de 2012

Equívocos? (Jurandir Bozo)



Eu prefiro muito mais
A superficialidade das paixões
Profundas, quentes e intensas.
Que a frieza do que chamam e vivem
Como amor verdadeiro.
Prefiro os sintomas da doença
Que os efeitos colaterais dos remédios
A síntese poética, a uma saga formal e previsível
Mas vale a decepção que um covarde preconceito
Assim torto, largo, espaçoso
Sigo vazando sinais
Afinal o vermelho sempre me caiu bem
Gosto do único, do novo
Antes o toque arriscado da pancada afoita
Que a segurança da solidão contida
Pelo esmo ou pelo tato
Nossas precauções não mudam as estrelas de lugar
Mas a ousadia muda toda nossa historia
Por isso que ainda prefiro as paixões
Seus equívocos
E ate mesmo sua brevidade
Que a certeza do amor
E seu monótono prazo de validade.


17 de out. de 2012

Sobe Meus Jardins (Jurandir Bozo)



Às vezes a noite me acua no canto da casa e chego a pensar que ela vai me engolir, em outras eu que espero ela chegar e choro. Tem momentos que é preciso apenas a deixar ir e por mais longa que seja à noite, só me resta uma certeza,  - o dia sempre chegará;  - pois o sol se faz muito maior que toda escuridão e ele sempre volta a brilhar.

Assim muitas vezes a vida é chata e previsível, tipo livros e frases de autoajuda, e ai me canso dela, nesses momentos nada vale mais que um porre, e busco nas coisas mais torpes o meu alivio. A chantagem que faz o outro sofrer, o xingamento e nos casos extremos a porrada. No final sei que no escuro nada se vê e quase tudo morre na ameaça ficando eu sozinho e impotente com o vazio da casa e o meu egoismo.

É no desespero da raiva que fico "forte", que o poder "cresce"; que ninguém conhece minha natureza "perversa"...Talvez assim depois dos blefes o dia chegue mais cedo...  Talvez assim depois da falácia retome a rotina do politicamente correto, comedindo palavras, pensando, e pensando antes de falar...

No fundo no fundo, dizemos na hora da loucura verdades que precisam de uma justificativa para serem ditas e talvez ate justificativas para enxergar nelas o que tenho medo de perceber em lucidez diurna.  A crueldade do outro que o sentimento esconde, e nada mais complacente que a paixão. Ela é o maior refugio de verdades enterradas. Os sentimentos e as madrugadas, no escuro ocultam até quem somos de fato.

Assim sobre as verdades que se escondem plantamos flores e enfeitamos nossos dias fingindo felizes em sentir o doce e cruel aroma da desfaçatez humana. No mais tudo são apenas fazes felizes e tristes, e assim serão os dias que estarão por vir, cada um com suas noites e suas flores, com o jardim que deseja cultivar para se.



3 de out. de 2012

Unicamente Dhandara (Jurandir Bozo)



Sentença Final

(Abortando Uma Paixão)


Chegou sem licença
Como se meus sentidos
Ela já conhecesse com intimidade
Entrou em minhas moradas mais escondidas
Se fez dona de um pedaço que a muito abandonei
Assim sem avisos ou acordos
Foi apenas tomando posse de mim
Como se eu nunca tivesse conhecido outra dona
Mas assim como veio quis ir
E foi sem se quer me ouvir os olhos
Sem se quer deixar-me um sorriso
E em reciprocidade choramos sozinhos
Abandonados pelo único extinto que nos pune
O instinto de sobre vivencia
Aos nossos fantasmas e nossos medos
Não se pode haver vitimas numa sobre vida tão curta
Assim nos permitimos a sentir
Assim nos deixarmos ser quem de fato sonhamos
Já não mais importa outras vidas
Já não nos permite mais outro tempo
Você senhora das decisões
Julga improbidade todos nossos anseios
E assim condena toda nossa esperança a nada
O mar nos venceu
O nosso medo da imensidão foi maior
E talvez esse seja o verdadeiro pecado
O de se interromper uma linda paixão
Antes mesmo do seu completo nascimento.


(Para quem mais se não para você!)

2 de out. de 2012

Medos e Sabores (Jurandir Bozo)







E você ainda não dançou para mim
Talvez por isso minhas palavras
Não marquem como sua calcinha
Seja seu vestido ou seus saltos
Quiçá sua vida
Altos papos, altos medos
No terminal de culpas não coletivas
Livre do pecado em homem em essência
Tonara-se divino, assim como seus sentimentos
Sem sublimações, o exagero não é meu
Meu é o encanto, o belo que a mim fascina
E de nós, o que sabemos responder
Além do que já nos proibimos
O que ainda nos une
É o que nos leva o tempo sem percebermos
É o que nos prende olhares e pensamentos
E como diria o poeta – o resto é o resto -
E arguir o resto é se ater
Ao que não se faz importante
Ao que não nos faz diferença
Penso em seu corpo nu
E fugir disso seria apenas outra mentira
Algo desnecessário em nosso roteiro
Pois sabemos a verdade contida em cada vírgula
Sabemos a carga de cada palavra por nós escrita
A prescrição não muda quando o destino quer
E a ele, ou a você, eu me declaro entregue
Aos seus problemas ou seus medos e sabores.



28 de set. de 2012

Musica Para os Olhos (Jurandir Bozo)





Por entre conceitos
A distancia descorre em palavras
Próximas ou distantes
Envolvem-nos os encantos
Do que projetamos como discurso
Ou mera propaganda do que se deseja
Escorrendo entre os dedos pedaços de nos
Em símbolos que rabiscam a tela
Partes singulares de nossas vidas
Tudo aquém a beleza que escondes
O antídoto a sua contra indicação
Assim como o vento
Livre e selvagem
Eu não me assusto com suas campanhas
Nossos objetivos não precisam ser os mesmos
Para harmonizarmos nossas intenções
Como musica para cinema mudo
Danço sobre as fantasias
Como se minhas mãos
Estivessem a tocar em suas curvas
E afinasse nosso ritmo pela aceleração
Inspirando e espirando, assim indo e voltando
De mãos dadas a desafiar o oceano
Com a profundidade terna do seu olhar
E a minha vontade de viver
Que não me deixar partir
Sem antes fantasiar mais uma paixão
E todas as suas delicias
Desenhadas em mais um cigarro
E saboreada em mais uma doze
Pois nem na distancia
Protegemos totalmente o coração


9 de ago. de 2012

O Mar em Mim (Jurandir Bozo)




Cansado quase chego a reder-me
Como se uma onda tomasse minha vida
Levando-me para o meio do mar
E talvez por isso eu tenha medo dele
Não por pelo seu azul
Ou pela sua profundidade
Mas por ele remeter a mim
Todos os meus dias sem sol
Num clichê que ainda se repete
Palavra por palavra
O que ainda dói
É perceber o impossível
A frieza distante de um toque sem calor
Corpos que não se acedem ao se encontrar
E nesse escuro até o acaso perde sua força
Tudo fica obvio e restrito a um só entendimento
Antes eu tivesse matado em mim
Toda a poesia que ainda pulsa apaixonada
Que rouba meus pensamentos
E os entrega a você
Assim ficaria imune a sua tristeza
Não sucumbiria assim ao seu fascínio
E seu belo não me causaria pânico
Meu sono permaneceria terno e calmo
Como nunca chegou a ser
E apenas por isso espero eu
Um dia em que as noites sem lua
Pareçam mais iluminadas
Quando por medo fecharmos os olhos
E sentirmo-nos bem mais próximos do céu
Dançando juntos com as estrelas
Que cantando celebrariam o amor
A nossa ascensão ao paraíso
E nessa fabula
Nos
Os afogados 
Seriamos salvos
Da embriaguez da hipocrisia



23 de jul. de 2012

No Arame... (Jurandir Bozo)





Depois do sol
A noite não veio
Como se o mundo tivesse calado
Calado seus dias
Suas horas e minutos
Parado entre o resto de luz
E o escurecer
Eu
Somente eu
Entre sonhos e risos
Palavras e escritos
Reflexo dos meus medos e fraquezas
Num espaço de tempo estreito
Que já não durmo
Que já não me refaço
Eu apenas sigo e vou
Assim apenas deixo meus pés fazerem escolhas
Pela mais pura necessidade de andar no arame
De sair do lugar
Desse lugar
Do mundo
Do planeta
Da vida
De mim
Mas certo que mesmo indo
Toda paisagem se repete
E me desespero em silencio
Por sempre estar no mesmo lugar




21 de jul. de 2012

Amor Enviesado (Jurandir Bozo)




Do que valem as previsões
Se a cronologia nos afasta
Sentimentos desenraizados
Desejos que não buscam o amor
Olhares que não se encontram
Na mesma vontade

Quero então o frívolo
A instabilidade fugaz
Quero sim a insegurança
O incerto que nos acerta
Algo que provoque desequilíbrio

Quero sem permissão
Sem reciprocidade apenas sentir
Apenas tocar e provocar prazer
E mando a merda todos os pedidos
De casamento
Namoro
Socorro

De te sexo e calor e suor
Pecado e perversidade
Pois tudo que é bom
É sempre proibido



Assim Sendo... (Jurandir Bozo)





Anunciem
Gritem ao mundo minha solidão
O eu sego que perdido se encontra
E que cercado de incertezas
Ergue a viste sobre os dedos
Para perceber que não há sol
Alertem
Façam entender o universo
Que hoje mesmo a luz do dia
Caminhamos no mais impávido escuro
Aguardem
E o pior ainda estar por vir
Em mim ou de mim erros lançados
Ao céu feito aviões de papel
Baixando arquivos do eu criança
Numa plataforma adulta de ser
E assim sendo
Sinto-me mais outro que eu
No fim
Tudo acaba quase sem final
Como se fosse a sina de todos
Esperar quase conformado
Que não ha nada a nos oferecer
Que poucos grãos de esperança
Para uma safra inteira de desilusões


16 de jul. de 2012

Na Madrugada (Jurandir Bozo)




Dizem as más e boas línguas
Que é na madrugada que viro bicho
Que uivo
Mordo
E aranho
Mas é quando sou bicho
Que amo
Que gemo
E choro
É esse eu bicho das madrugadas
Minha parte mais humana
Mais terna e verdadeira
Sem as mentiras que sol reflete em mim
Sem convenções
Rótulos e slogans
Nela eu me lambuzo de quem sou de fato
Correndo em mim
Sonhos e desejos
Que a luz não ousaria iluminar
E quem vai negar que o escondido tem seu sabor
O meu sabor já não é mistério
E aos que ousam aparecer a mim na madrugada
Compartilho dele
Sem meias palavras
Só instintos
E fulgor no rosar de corpos
Assim feito bichos
O escuro não nos causa medo
Ele nos protege e acolhe
Todos os nossos segredos




Mudança (Jurandir Bozo)




Condiciono minha mudança a você
Não que suas múltiplas escolhas
Deixam de caber em minhas bagagens
E que sua falta de atenção sejam empecilhos
Mas a seriedade na forma de nos vermos
De encaramos em nos a safadeza que nos sustenta
Seja como amantes ou como inimigos
Íntimos ao extremo de nossas vaidades
Assim sabendo que gosta bem mais que meus dedos
Atesto de forma publica
Toda minha loucura dedicada a você
E a ela deixo que batize com nome que mais agradar
Paixão, amor, amizade
Eu ainda sei de mim
E em mim entro você cada vez mais presente
E assim feito cicatriz
Algo que desfigura e assusta
Que fica em mim para todo sempre
O que vivemos com dor
Feito uma boa marca ou uma má recordação
Mas vamos arrumar nossas malas
Roupas e discos
Óculos e protetores solares
Tudo é importante para nossa ultima noite de chuva
A parte isso
Seremos agora um para o outro
Sempre noites de sol




21 de jun. de 2012

Para Todo Sempre (Jurandir Bozo)



Você

Eu queria conseguir esquecer
Sofrer de amnésia
Morrer
Explodir
Ser varrido do mundo
E comigo minhas lembranças
Mas os dias passam
As noites dormem
Acordo e reacordo
Igual
Lembrando
Tudo
Você
Seus beijos
Seu corpo
Seu gosto
Dói e ainda sei que doera mais
E por mais que tente
Enganar-me fingindo amores
Só uma saudade me sufoca
Só um nome me importa
Só seu endereço me orienta
Só sua voz me acalma
E de que adianta chorar
Gritar ou feri
De que adianta disputar
Se mesmo vencendo
Para todo sempre
Eu continuo sem
Amor
Sorrisos
Você





19 de jun. de 2012

Meu Vinho (Jurandir Bozo)




Ainda é tarde
Faz calor e mesmo o ventilador no três
Sinto-me sufocar com a casa todo fechada
Sem nada para fumar
Bebo um vinho ruim vindo da argentina
Seco como meu sorriso
Tinto como meu sangue
Algo que assente com o som que toca em mim
Minha acidez não permite fakes em poesia
Já os tenho no real e no virtual
Redes que não deveria fazer social
Mas volto a por o vinho em minha boca
Com se quisesse sentir nele
O gosto imaginário dos lábios de uma moça
Forte, de não muita qualidade, 
Mas de bom custo beneficio
Algo não vulgar, mas que beira a safadeza


5 de jun. de 2012

Libriana (Jurandir Bozo)




A essência da aparência é que mais encanta
Quando se enxerga uma mulher verdadeiramente linda
Suas lagrimas no escuro do outro lado da tela
Sua aparente solidão numa vaidade libriana
A beleza que encara as lentes do tempo
A frente dos padrões ela sem querer cria conceitos
E rouba meus olhares que escorrem para o papel
O belo em curvas sinuosamente espessas
Tomam as linhas e preenchem meus pensamentos
Caprichos que são seus maiores perigos
Formosa com olhos tentadores
“De um negro inexcedível”
Guarda feito Pandora
 Seus segredos
Males e aflições
Num mais discreto
E verdadeiro sorriso




1 de jun. de 2012

Artistas (Jurandir Bozo)





Ainda dói em mim
O dia que me acusou
Em ser artista
Como se toda minha vaidade
Fosse menor que tua mentira
Aquelas que eu acreditava
As que me faziam feliz
Verdades não me importavam
E quais verdades importam
Quando se está apaixonado
As tuas em dizeres que o que sou
Ou as minhas em acreditar
Em quem tu me dizias ser
Assim entre o que se falava
E o que era entendido
Vivíamos de perto nossa distancia
Bailávamos entre focos e gerais
A nossa mais pura e delicada imaginação
Afinada como luz onde o sonho era meu
No céu as nossas estrelas
Ascendiam sobre nos
Como se não soube-se
Que minha maior obra era te amar
Exercer o verbo contigo
Foi então meu mais saboroso espetáculo





31 de mai. de 2012

Démodé (Jurandir Bozo)





Penso que já seja tarde para ainda esperar
Quando se percebe na mais plena monotonia
Não se tem saco para filosofar sobre finais edificantes
Apenas se constata as ausências
O amor que não veio
A grana que faltou
A foda ínfima e insatisfatória
Penso e logo hoje resolvi listar prioridades
Velho mais que os anos que meu RG constata
Sou ainda o idiota que escreve poesia
Que espera viver paixões
Paixões reais e acaloradas
Com dramas e dilemas complexos
Com exigências e pactos de sangue
Ou mesmo as mais leves e insossas
Tudo certo demais, dia pra trepar
Domingo com macarronada e sem futebol
Aquelas que ainda exige andar de mãos dadas
Eu me ariscaria a viver essa chatice
Viveria hoje qualquer paixão que me acometesse
Virtuais até
Das que se exibem na distancia
As que motivam a fantasia e a masturbação
Sem beijos, sem toques e sem cheiro
Mas mesmo assim eu viveria uma paixão virtual
Pois ao menos seria melhor que nada.
Melhor que a espera que vivo hoje.



15 de mai. de 2012

Vazio (Jurandir Bozo)




Não passam de repetições
Sentimentos que conheço
Ânsia que a fumaça não leva
Dentro de mim mil vozes em coro
Que gritam, choram e reclamam
Que alimentam conselhos antigos
Aqueles que ainda não assimilei
Hoje mesmo ciente dos defeitos
Já me falta força para concertar-me
Então eu deito e olhando fixamente para o céu
Vejo parado o mundo girar
A festa das estrelas em pleno universo
Como se todas elas rissem de mim
E eu com a face levemente molhada
Escorro entre as lembranças e as fantasias
Necessidades que consomem minha poesia
O discurso improvisado aos que faltaram
Olhares não compartilhados
Nem antes e nem depois de mim
A história esta sendo contada agora
Resume-se a imensidão do meu vazio


8 de mai. de 2012

O Oceano dos Teus Olhos (Jurandir Bozo)





Há um oceano em teu olhar
Mistérios e dor
Um humor agridoce
E assim rodando para o desconhecido
Para outras praias voam meus pensamentos
Os sonhos que rejeitas acordada
Tomam minhas noites e te trazem pra mim
Os encantos que nem o sofrimento
Em sua mais plena representação de horror
Consegue apagar do teu sorriso
E assim enredado em tuas histórias
Fico a ler adivinhações e curiosidades
Revisitando orações do meu discurso passado
Sendo apontado ou julgado
Como outros tantos pagãos
Mais agora a sentença me preocupa
Saber o que pensar
Saber o que pensa das coisas
Saber mais de ti
Mais do que minha fértil imaginação
Que desenha no escuro tuas curvas
Pode impor ao pecado a inocência
O que já não existe em mim
A esperança dos tempos de criança
E assim leve 
Ir a porta do céu
Gritar teu nome
Ser ouvido pelas estrelas cadentes
 Só para elas atenderem meu desejo
E trazer-te para perto de mim
Sem critérios predefinidos
Sem pensarmos em certo ou errado
Apenas termos a certeza
Que tudo era real ali
E que nos veremos de novo
Não nos sonhos que negas acordada
Mas em praias bem menos distantes
Pois o rio que escorre do oceano dos teus olhos
Acaba agora por desaguar em mim