31 de mai. de 2010

Próximos... (Jurandir Bozo)



Beije-me mesmo não nos pertencendo
Entregues aos ventos dos nossos lábios
Afagos agudos e cortantes
Que chegam perto da alma
E nos fazem tremer
Sou vulnerável a vontade de você
Leve-me para outro sábado
Deixe-me tonto
Sufoque-me com seus cabelos
Deixe-me perto
Quero tocar a tua boca
Ao menos mais uma vez.

??? (Jurandir Bozo)




Sinto-me num conto russo
Cercado de memórias e melancolia
Discrições tétricas
Dos sentimentos mais humanos
Que ainda pouco havia esquecido
Nas missivas que escrevia a mim
Sinto-me outro
Perdendo a ternura
Envilecendo com o tempo
Sem encontrar os princípios de antes
Guardando apenas o que me falastes ao ouvido
E eu tartamudeando confissões
Pedaços de mim
Embebido das tuas palavras
Quais reminiscências restarão de nos?
Perdem-se os sentidos
A lua, a areia, o mar
Nossa força heterogenia
Carência premente e profusa
Olhos afetuosos e irascíveis
Quem és tu que já não sei?
Quem és tu que mesmo desconhecida
Tem toda a confiança que me resta...
Quem és tu que me rouba 
Os pensamentos mais temerários?
Quem és tu Valéria?

30 de mai. de 2010

7 Posto. (Jurandir Bozo)



E veio como o vento
Soprando de lugares desconhecidos
Uma vida que despercebida morria em mim
Veio tipo surpresa
Abalando minhas memórias
Os olhos buscavam mais que a resolução que conhecia
Olhos que queriam as historias e aventuras
De um tempo que não me pertenceu
E assim informais nos percebemos
Eu encantado pela sua alma livre
A originalidade teimosa e bem humorada
Os encantos dos seus mundos
Assim nos permitimos aos poucos
Enquanto nos desejávamos aos montes
Proibidos, presos as decisões de ontem
O hoje era nosso, e assim foi, e assim pode vir a ser
Beijos e toque que nos estremece planos e músculos
Regados a vinho, molhados de chuva
A lua a testemunhar nosso oceano de desejos
Enquanto o céu se acendia em festa
Quero mais disso que vivemos
Mais de você em mim
Mais de você aqui
Sentir seu cheiro e lhe acender
Faróis dos prazeres
Caminhos que me guiam
Dentre seus mares de mistério
Sussurrar loucuras ao seus ouvidos
Mais que suas mãos
Irei ler todo seu corpo
Mapear-lo, me tornando intimo dele
Falar a sua língua e com ela lhe umedecer
E provando do seu nécta
Perpetuar-me como seu.






(um humilde poema pra alguém que hoje me fez muito bem. Talvez um dia eu consiga escreve ao ponto de conseguir relatar beleza de nossa noite. Talvez um dia... Hoje não.)

28 de mai. de 2010

O Detalhe das coisas. (Jurandir Bozo)




É quando estou sozinho
Que enxergo os detalhes das coisas
Como se o vento desenhasse incoercível
Meus mais profundos e taciturnos pensamentos
Embriagados no tédio que me acedia
Grito a noite como se já morto estivesse
Saindo vadio a procura de nada
Vejo o céu, as poucas estrelas que ainda me restam
Já não encanto as serpentes
Padeço envenenado do mal que constituir
Deixo que o véu cobra-me o rosto
Esconda as ilusões
E que ele voe quando soprado for
Talvez levando consigo as sobras do meu olhar.
Hoje acordei saudoso
E a saudade é a porta dos fundos dos sentimentos inóspitos
Assim vejo as miudezas do meu apartamento
O desenho no forro de gesso
Os caminhos que enxergo nas emendas do piso
A torneira que pinga, o relógio que ritma o tempo
A sinfonia do silêncio na minha madrugada
A poeira no canto da porta
Os armários da cozinha descascados
As panelas sujas na pia e a geladeira por desgelar
Assim a vida escorre entre meus dedos e meus olhos
Pois é sempre assim
Os ventos de solidão que enxergam os detalhes das coisas
Como se desenhasse inexorável
A triste e prolixa versão dos sonhos que dei fim.

18 de mai. de 2010

As Claras? (Jurandir Bozo)




Despreze as claras a solidão que nus a sombra
Sacaneamos o escuro com safadeza
Muitas e moitas, moscas e camisinhas
Que o vinho nos leve além
Do que um dia sonhamos em fumaça
E assim mortos e bêbados
Celebraremos a vida que desprezamos
A suficiência do pó que se esconde
Nos tapetes da vaidade
Nos passos da imaginação
Sopro do homem que nunca fui
Quero voar, quero e quero mais
Algo que muda e já não sei o que é
Ser feliz, ser amado quem sabe
Ser eterno e morrer em paz
É! Talvez...

16 de mai. de 2010

Aparição (Jurandir Bozo)




E vem como uma miragem
Algo que rouba os olhares feito má aparição
Anjo luxurioso a nos tentar
E quem disse que o virtual não da vertigem?
Mesmo tonto tateio as teclas cego
Pois meus olhos se perderem no teu mato loiro
Em tuas pernas e teus esconderijos
Guarda nas botas meu fetiche
Chicotes, corselet  e mascaras para nosso carnaval
Tuas curvas, tuas palavras, meu fascínio
Vamos à festa
Vem que adoro as maledicências
Do que nominamos por mal
Sigo encantado por elas
Até que durmo e acordo do sonho
Seco e molhado
Da fantasia que não vestes para mim

14 de mai. de 2010

Molhados (Jurandir Bozo)




Nas águas espelhos da alma
Lavai teus olhares desconhecidos
Lavai também as tuas impressões
E por mais única que sejam
E por mais belas que sejam
Com essas lindas mãos
Lava os teus delicados pés
E lentamente continua
A molhar o corpo
Vai ao fim das tuas moradas
Umedeça teus desejos e segredos
E lava mais...
A nossa hipocrisia dos não identificados
E por fim, deixe sujo só a imaginação
Para combinar com a minha.

4 de mai. de 2010

Anjos Tortos (Jurandir Bozo)



Desfaz-se a inconsciência
Vidram os olhos no pulso de vida
Compassadamente ritmava o ar
E mesmo com o cheiro forte
Se lambem puderes
Amorais, buscam juntos
O inferno dos desejos
Pois o céu ainda esta calmo demais
Para saciar almas inquietas
Que só querem se amar
No mais marginal dos sentidos

3 de mai. de 2010

Fim (Jurandir Bozo)




Espere que te leves ao portão
Não vá sem mim
Se é a ultima vez
Que essa seja compartilhada
 No limite que nos encobre
Quero olhar-te olhos sem brilho
Quero ver-te corpos gelados
Quero despedir-me ainda em casa
A cerimônia para mim acabará aqui
Daqui mesmo ouço sinos
E não quero sermões
Ou algo que retarde o inevitável adeus
Profusão de sentimentos dos que queriam bem
Não quero se quer saber onde será tua morada
Se fores até que a morte nos separe
-Ate dói dizer, mas... -
Partistes e acabou...
Simples assim.
Morreu
Fim.