17 de nov. de 2007

O Quarto (Fábio Sirino)


Aqui as coisas são tão irreais
Um quarto quase sempre desarrumado
Sujo por vezes que aqui cheguei
Com roupas e bolsas espalhadas
Pelos cantos quase apertados
Aos pés do guarda roupa, cinco portas.
Mas aqui, mesmo de cortina fechada.
O sol invade e chega a nos com força
Num misto de alegria e euforia
Quase plena quase sublime
Quanto à beleza que nele se irradia.
Tanto já vivi aqui
Mesmo sendo um reles convidado
A confiança amistosa que a me é ofertada
Meu “tesão” se aflora a cada minuto
Que respiro o cheiro o que ele exala
Daqui desse mundo aparte
Dos medos e fracassos
Um objeto dos nossos desejos
Faz o elo entre nós e o resto dos mortais
Sem tempo hora ou vontade de seguir
Aqui desejo apenas ficar
Para fazer parte do universo que sei não ser meu
Na evidência mais efusiva
Da paixão que sinto
Na imensidão dos segredos
Que sei que guardas em teus domínios
Amontoados pela cama
Já não me impressiono com tua beleza
Já não me engano com tua sensualidade
Hoje, estou apaixonado apenas
Pela verdade que sei que eis
Linda, livre e desorganizada
Charmosa, audaz e astuciosa
Verdadeira, forte e mascarada
Assim como uma bijuteria que será esquecida
Após o passar da moda
Meu ciclo é curto
E meu sentimento parece longo
Na falta de regulador
Das horas e sonhos
Que expelimos um para o outro
Nesse pouco espaço de tempo e medidas

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