1 de mar. de 2012

Recorrência (JurandirBozo)




(Ana II)

Faltam-me respostas
E assim entre as cortinas
Ela invade minhas reservas mais intimas
Filma meus álibis
Expõe-me a verdade que nego
Como se continuasse o mesmo poema
Em um só livro de calor
Onde se repetem as loucuras que não cometi
Ouso então em vorbomanias
Cigarros que se acabam
Sem saliva, sem água, sem leite, sem Nescau
Como adoçarei minha boca que amarga
A espera das correspondências que não retornam
Mensagens que sequer sei se foram lidas
Motivo da minha insônia
Ela dança na minha cabeça
Faz algazarra de minhas memórias
Na minha cabeça toca Ela, toca nela
E por isso ninguém me entende
Musica e som de gatos se amando
É...! Eu também sou brega
 E observo o apagar das luzes
Pois não temo seu escuro mundo de fantasias
Mascarando vontades incomuns
Porque quer Ela saber das poesias que não publico
Detalhes minuciosos e suados
Dos meus devaneios mais reclusos
Poeira que varro para o canto do teatro
E que o vento não procura
Enquanto a convido para meu espetáculo
Apresentando-lhe minha morada
Para fazer-la ri eu encanto a platéia com pouco pão
Carrego migalhas nos bolsos
Nos bolsos das calças migalhas de historias passadas
Que deixam a madrugada me cansar
Para trazer Ana novamente pra mim



(Poema postado no dia 13/12/2010)


Nenhum comentário: