13 de dez. de 2010

Recorrência (JurandirBozo)

(Ana II)

Faltam-me respostas
E assim entre as cortinas
Ela invade minhas reservas mais intimas
Filma meus álibis
Expõe-me a verdade que nego
Como se continuasse o mesmo poema
Em um só livro de calor
Onde se repetem as loucuras que não cometi
Ouso então em vorbomanias
Cigarros que se acabam
Sem saliva, sem água, sem leite, sem Nescau
Como adoçarei minha boca que amarga
A espera das correspondências que não retornam
Mensagens que sequer sei se foram lidas
Motivo da minha insônia
Ela dança na minha cabeça
Faz algazarra de minhas memórias
Na minha cabeça toca Ela, toca nela
E por isso ninguém me entende
Musica e som de gatos se amando
É...! Eu também sou brega
 E observo o apagar das luzes
Pois não temo seu escuro mundo de fantasias
Mascarando vontades incomuns
Porque quer Ela saber das poesias que não publico
Detalhes minuciosos e suados
Dos meus devaneios mais reclusos
Poeira que varro para o canto do teatro
E que o vento não procura
Enquanto a convido para meu espetáculo
Apresentando-lhe minha morada
Para fazer-la ri eu encanto a platéia com pouco pão
Carrego migalhas nos bolsos
Nos bolsos das calças migalhas de historias passadas
Que deixam a madrugada me cansar
Para trazer Ana novamente pra mim

4 comentários:

Anônimo disse...

E eu perguntei o motivo das olheiras, tu falou que eram por causa dos trabalhos...
Vai dormir, criaturinha!!
rs
ANA CLÁUDIA

Jurandir Bozo disse...

Eu já estou dormindo a muito tempo, mas já já desperto.
Seja por um beijo ou por uma queda quem dorme e sonha como eu sempre desperta.

Anônimo disse...

Mas sonhar nunca foi pago, nem custa nada!
As vezes é legal entrar num mundo de fantasias, onde a imaginação flui.
O mundo real é sempre tão cruel!

Ana Cláudia.

Jurandir Bozo disse...

Todos os mundos são cruéis... Como diria o Marques de Sade -"A crueldade é o primeiro sentimento que a natureza nos imprime."... Tudo parte do parâmetro da visão, do ponto de onde estamos enxergando a vida ou a fantasia... Sejam sonhos ou realidades os sentimentos mais conflitantes sempre provocam dor... Por mais risos que se distribuam gratuitamente todos os palhaços choram quando estão só no apagar das luzes.