24 de dez. de 2009

Ressaca das Máscaras (Jurandir Bozo)





Cansado das mesmas manhãs
Por vezes reluto acordar ressacado,
Como se o meu medo do vazio
Tomasse os espaços vagos em minha vida
E ocupasse os cômodos da casa.
Assim ao levantar ponho as máscaras
As que forçam o sorriso
As que fazem os outros rirem
Já sem perguntas, sem satisfações
As horas correm lacônicas
Mas ainda escolho caminhos já percorridos
Esperando das convenções as perguntas
Com a óbvia resposta
- Tudo bem e você?-
Quem,  além de mim,
Dentre esses tantos que festejam a minha volta
Sabe para onde vão meus olhares,
Dançando lento num baile de vaidades,
Querendo saídas, maquiagens e novas fantasias,
Sendo eu numa verdade particular,
Expansivo na imensidão dos desejos,
Trancado entre carnes, sangue e ossos?
A visão presa a mim cega as claras
Pois a escuridão das meias palavras me conforta
E espero do destino a surpresa
Olhos de banco
Depósitos de historias
Cansado de filas
Das manhãs que me fazem acordar
Quem dera dormir para sempre
Quem me dera não acordar mais
Esquecendo o estoque de máscaras
E tudo que nunca saberei de mim.
Depositando no peito o que mais me esgota.




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