28 de dez. de 2009

Loucura de Azrael (Jurandir Bozo)






É fim de madrugada
O dia vem nascendo sisudo
Eu e minha loucura fumamos um cigarro
Mas perece pouco diante da aurora
O que não pareceria mínimo diante dela?
A vida que grita com os passarinhos, ou...
- Quem mais Azreal* vai tomar em seus braços -
Ontem mesmo noticiaram a morte de um artista
Músico de uma banda de calcinha preta
- Grandes bostas!
Do que me serve saber a cor das suas calças
- Talvez a família in-lutada até sinta sua falta
- Mas a arte não!
Para ela pouco importa as obras medíocres
E todavia seguem os fatos
Nasce o domingo e assim em sucessão
 O ano vai se esvaindo lacônico
Noticiando efêmeras desgraças
Que não hão de adejar nada além dos fatos postos
- Mas onde me encontro agora?
- Sim seria fácil responder, sentado ao computador
Mas quero algo muito mais além que as limitações físicas
Então torno a perguntar
- Onde estão meus pensamentos nesse início de alvorada
No decurso das horas que estão por vir?
Alguém ousaria responder-me
Pois a debilidade do sono me impede de tal raciocínio
Merencório em busca de novas paixões
Que me despertem para mais uma missiva poética
Admoestando em sussurros inquietantes
Os sonhos que não calam
- Mas aí tudo volta para o amor
- E por um acaso tem como fugir dele?
Na vida tudo, amor, paixão, vaidade, tesão e sexo
O resto é crueldade com nossos instintos animais
Excesso de culpa por desejar a si mesmo
Ou ao próximo como alimento
E assim saciando os desejos só ou com outros
Estamos de certa forma mais próximos de Deus
Pois da porra do nosso pecado é que vem a vida


* Azrael = na mitologia hebraica, o anjo da morte

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