16 de nov. de 2010

A Festa? (Jurandir Bozo)



Ainda sonolento dou-me o direito de ganhar as ruas
Ver o que um dia pensei ser meu
Universo sujo, fogueira de espelhos
Nossa imagem desfocada na luz
Deixa uma falsa impressão
De disfarçar os defeitos
Pessoas, paletós, cabelos escovados, risos e acenos
A noite aflora as vaidades e as fantasias
Regados a champanhe e camarão
As mascaras ganham brilho
A vontade de ser torna-se maior
Que a verdade do que se é
Quem ali seria tão egoísta quanto eu
A ponto de reconhecer na real
A não legitimidade do momento?
Sem respostas meus olhos se escondiam
No passado que a pouco sonhei felicidade
Mas felicidade não recebe convite em festas assim
Ela não se sentiria bem ali, nessa noite ao menos não
Ela morreria no sarcasmo dos quase famosos
E na empáfia do esquecimento
Que nos alimenta de criatividade
- Eu cansado de mim
Das minhas exigências hipócritas-
Assim desfilava apertado entre corpos estranhos
Será apenas desencanto meu
Ou algo se aproxima do fim?
É! Talvez seja a festa...

2 comentários:

Camila disse...

Dê-se o direito de ganhar as ruas, as fantasias, a mais estranhas dimensões. Dê-se sempre o direito.
Ô falta dessa poesia...

Jurandir Bozo disse...

Grato! Como sinto falta desses comentarios... Amo-te muito.