24 de nov. de 2010

Pós Aplausos... (Jurandir Bozo)


Será apenas mais uma emenda?
Meu corpo sangra de tantas costuras
Pedaços do passado e retalhos atuais
Transformam meu figurar num personagem sem futuro
Que maquiagem herdará meu rosto
Depois de tantos espetáculos que fiz?
Perco no espelho a referencia de quem fui
Luzes, tons e cores, a beleza das formas e coreografias
A excentricidade do que chamam reinvenção
Letras e fôrmas modernas
Quero a estética dos quadrinhos japoneses
Plasticidade e textura das cartas náuticas
Num livro de poucas paginas
Frases fazias que descrevam atualidades
Com luvas, riscos e colagens pop
Dei-me um óculos escuro de lantejoulas
E uma lente azul para envaidecer meu olhar
Registre tudo em três por quatro
E não esqueçam que sou meu próprio figurino
Sou parte dos aviamentos que não enfeitam mais
Fitas sem brilho, espelhos quebrados
Bicos rasgados e botão sem par
Que adereço da vida me traria de volta a paixão?
- Desçam dos céus com tambores e cornetas
Levem-me a vida numa batucada infernal-
Quero uma morte barulhenta
Sou da periferia e adoro um escarcéu
Se for pra ir, eu vou feito um escândalo
Chamando atenção dos estranhos curiosos
Gritando e cuspindo fogo feito teatro de rua
Então com um pouco de cuidado
Pintem meus olhos e os deixem bem mercados
Adoro lápis preto e sobra escura
Com pó claro, deixem-me pálido
Tinjam minha boca de vermelho exagerado
E por fim dei-me de volta meu nariz de palhaço...
Agora após os aplausos todos podem ir embora.

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