16 de jun. de 2009

A Redenção (Fábio Sirino)





Joguem a próxima pedra em mim
Não tenham compaixão pelos pecadores
Pois eu nunca a tive pelos puritanos
E acertaria bem na cabeça
Se o acaso permitisse que a pedra
Em minhas mãos estivesse.
Massacraria Madalena arrependida
E tantos outros tidos a santos
Já me expurga em nojo o bom garoto
O fim das novelas e das fabulas
Onde a cada capitulo já me sinto por fora
Pois hora sou um pouco do bandido
E em outras, um pouco mocinho
Assim identifico-me entre as vitimas
De uma equação religiosa cristã ocidental
Por quantos segredos percorrem os desejos celibatários?
Por quanto se compra um sacerdote em horário de televisão?
Talvez dividindo pela fé ou no cartão
Não saia caro ter um cervo de Deus a minha disposição...
Mas é entre respeito ao amor e a profanação luxuriosa
Que andam meus pensamentos dilemáticos
Entre a precoce fúria perigosa do desejo
E a calmaria dos nobres e ingênuos sentimentos
O desejo sim
Tem um poder de destruição bem maior
Com ele o sabor das carnes e suas cores
E me perdoem os vegetarianos
Mas as carnes dos vivos são mais apetitosas
Com ou sem silicone ou celulite
Com músculos ou gordura
Degustar suado em momentos antropofágicos
Outros iguais ou quase iguais
Deixam-me ainda mais egoísta e completo
É por isso que digo
Joguem a próxima pedra em mim
Matem-me apedrejado
Ou deixem-me viver meus pecados
Que não ousarei queixar-me de nada.

Um comentário:

Rita Mendonça disse...

Adorei. Parabéns, querido.