26 de ago. de 2008

Um conto de bailarina. (Fábio Sirino)


Chega forte num suave amarelo
De sorriso largo, aberto demais
Lindo demais, fascinante demais...
-Duvido sempre do exagero-
A soberba da alegria
Sempre esconde um precipício de solidão
Ou um mar de tristeza.
Ela linda, vezes sagaz e vezes boba
A cada gesto suave de bailarina
Eu envolvia-me mais
Temia algo feito feitiço
Feito coisa que entorpeça.
Ela um misto de princesa e náufraga
Bailando entre medos e afirmações
Na ânsia de nem sei o que
Sem se incomodar com o salto
Das suas sandálias quase de cristal
E falo como se íntimo fosse
Mesmo longe das minúcias e mistérios
Cego ao destino que ali apresentava-se
Voltando ao meu pedaço de cidade
Com um pouco dela em minha poesia
Um pouco da irreverência delicada
A cortar pretendentes e enfeites
Ao evitar investidas e flertes
Dos fatos tidos como inoportunos
Ali na zoada do baque
No meio de muitos
Meus olhares a procuravam
Num pátio lotado de tantas outras almas
Talvez a mais problemática
Talvez a mais insegura e recolhida
Mas buscava assim sem nem pensar
Como se apenas fosse observar
Em ligações e interações
Faltou o bale
Mas sobrou o espetáculo
E se eu cantasse algo
Se eu declamasse algo
Ali diante dela seria irrelevante
Pois a sua luz enevoada
Era o contexto da Historia
Sem reis, heróis ou donzelas em perigo
Num espetáculo solo ela dançava
Numa dança urbana contemporânea
Improvisada, popular tradicional
Um estudo vivo do espetáculo de sermos.
Ali natural e bela
Vezes princesa e vezes boba...
Numa noite fria aonde tudo ia além
Que meros contos de fadas...

Para uma linda princesa que sabe dançar que mal conheço mas que muito tem a dizer em seus poucos anos de vida.



Um comentário:

Unknown disse...

Vc escreve divinamentee.. eu sempre to lendo esse conto. que foi feita para minha pessoa que vc mal conhece e que tem muito a dizer.. hehehehhe

Gosto tantoo!