3 de nov. de 2006

O que Deus deu... (Fábio Sirino)


É hora de cair do céu
O lugar que nunca a mim pertenceu
Compartilhar do brilho e da luz
Dos encantos e da paz
Foi hora de cair o meu mundo
Momento impróprio
-Mas, quem é perfeito-
Fico na ânsia e no vazio
Algo que aperta o peito e faz chorar.
Para que Deus me deu tal presente
Se predestinado já estava tal fim?
Como posso esquecer do sabor
Do cheiro que escolhi como perfume
Para esfregar meu corpo e entregar minh'alma
Qual será a verdade que posso contar?
Entre meu medo da morte e minha falta de viver?
Qual afirmação será mais digerível, lógica e comum?
É cedo para falar ao telefone
E tarde para evitar o desejo da voz
Remédio para o buraco negro do meu espaço caído
Que mundo foi esse que imaginei
Se volto às indagações
E aos medos que achei ter perdido?
Encontro no último andar o fim das escadas
E o céu que Deus me deu desaba sobre minha cabeça
Quando estou sem força nem ânimo
Para empurrá-lo para cima
Queria dizer a Estrela o que de mais lindo há no infinito
E gritei em voz baixa, e fiz má-criação justa
Fundamentada e já cansada, esta, meia que guardada
Entre o peito e cabeça,
Entre o pé e o universo que não é meu
De volta as origens, estou eu
Minha raiz é forte demais para que eu acredite em felicidade
Mas sei que no fundo estou agradecido a Ele por tal presente
Compartilhei momentos ao lado do cosmos
E pude sentir um curto gosto de felicidade
Tudo foi passageiro, eu sei...
Agora volto à solidão do meu apartamento vazio
Sem cor, de sorriso cinza.
Fico no fim das escadas para a linda Estrela
Quem não tem nada pra te dar sou eu
Leva contigo meu amor
Que te lembrarei como o presente que Deus me deu...

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