27 de dez. de 2023

Proibida. (Jurandir Bozo)

 


 

Eis que Adão descobriu o sabor do pecado

Para dali por diante

O homem fazer da culpa o limite para seus instintos

Seus desejos e vontades

Fomos então moldando nosso entendimento

 O certo e errado

Moldando formas corretas de amar

Proibindo formas erradas de se apaixonar

Como se nosso coração e instintos

Pudessem apenas serem controlados

Enquadrados e identificados

Padronizados

E assim fomos escondendo nossos e desejos tortos

Passamos a naturalizar a hipocrisia

Tudo em nome do convívio civilizado cristão

Excedemos na imposição do tido por normal

Excedemos nas punições aos diferentes

Excedemos no policiamento e nas vigílias

Pois tudo que fugia a nossa curta compreensão

Precisava ser exorcizado

Mas qual regra pode conter uma paixão

Quais olhares apagam o brilho de um encanto

No passar do tempo

 Uma coisa só ficou provada

Vencer nossa humanidade

E ludibriar nossas fragilidades

É uma batalha perdida

Diante de todas as regras

A disseminação do pecado

Para evitar o prazer

E a liberdade do pensar

Eu que já me sinto velho

Encaro esse novo de novo

Com muito medo e precaução

Pois hoje já prevejo o fim

Igual a todas as outras historias que vivi

Sem expectativa

Antecipo qualquer possibilidade de fracasso

Não permitindo que outros sentimentos possam nascer

Crescer, reproduzir e morrer

Pois todo amor

 Fora criado por Deus

Para ser eterno.


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