8 de mai. de 2008

Contradições em trânsito (Fábio Sirino)


Já se foram meus dias de glória

E fica num canto da estante

Um álbum de fotografias

Dos feitos que fui

Não é incomum viver de lembranças

Assim como também não é incomum

Morrer por elas

Somos na complexidade

Contradições em trânsito

Estamos em momentos distintos

E nas ruas as expressões nos apresentam

A cada um com seus cartões de visitas

Olhares e gestos que nos entregam

A mim, uma saudosa paixão

Ainda deixa sombra em espaços vazios

Quem fui é bem maior de quem sou

E isso me incomoda hoje mais que ontem

Mas não sei se quero as mudanças e inquietudes

Os típicos problemas da juventude

O amor e a insegurança

À vontade de transgredir

Desobedecer à prudência

Eu era um que valia por vários

E mesmo não tão distante

Desse tempo

Deixo a mim uma conformidade

De quem me tornei

Já não abro mão das minhas sandices

Um louco velho é um louco sem cura

E aos trinta já me dou por condenado

Com vícios e manias perpetuas

Coisa que nem o amor cura

Quero mais a mim que aos outros

E chegue quem chegar

Amo-me mais que a novidade

Amo-me mais que a alheia vaidade que descubro

Sei o quanto que me abandonei

Numa seqüência de afirmação

Do eu que desconhecia

Mas sendo mais amigo dele

Sei que meus dias de solidão

São dias de dedicar-me a mim

Toda a atenção que despertei pelo outro

E assim não deixo mais que me ponham em fuga

Saio bem antes que invadam esse espaço meu

Hoje não faço questão por glória, conquistas...

Apenas busco segurança e um pouco de dinheiro.

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