21 de dez. de 2006

Conselho para o Sol (Fábio Sirino)


Sim o amor salva
Ele é a parte da alma
Que traduz o desconhecido
Mas afirmo
-Não esqueças do que te faz ser quem é -
Não falo do que desperta olhares
Cobiça e desejo
Do que se vê antes do primeiro encontro
Refiro-me ao que escondes na timidez
(E mesmo que negues, assim entendo)

Ao que desperta curiosidade
O que intriga a pensar e te descobrir
Não pela flor, mas sim pelo jardim inteiro
Não apenas pela cor dos olhas
Mas sim pelo teu olhar
Que no espelho enxerga teu belo
Então, feche os olhos e sinta tua essência
Tua alma pura e tua busca pela simplicidade do amor
Que costumamos problematizar

Com isso me basto para crê em tua felicidade
Pois o caminha do que és
É maior que o caminho do que representas ao outro
O teu espiritual é mais forte que a busca ao material
E se ambos são belos
Se ambos tem sua importância
Viva! Pois a felicidade a espera de braços abertos
O que angustia será mais uma pagina
Chorada em teu livro de sobrevida
Continue a escrevê-lo com esses valores
A conduzir tua estória com essa linha
Pois os ventos vem, mas passam
Balançando as folhas do teu jardim, eles vão

E levam as dores e os desamores...
Sorria que o sol espera por ti.
Para renovar com o dia uma esperança

Ou o brilho do teu olhar...

Um comentário:

Rita Mendonça disse...

Andei evitando visitas, é verdade, pois temi que a identidade com a dor dos loucos levasse embora os meus últimos traços de lucidez.
Mas, promovi visitas, sim, assim que tomei coragem.
Gosto de quebrar o ritmo do poema com um fim que simplesmente corta o monólogo. Mas nas vezes que me apontasses isso, também é verdade, foi desencanto, mesmo. Às vezes, simplesmente, paro.
Talvez meu fim não agrade muito... talvez.
Visite-me no jardim, você também, nas raras vezes em que foges da vigilância dos enfermeiros e do efeitos dos medicamentos. Ajude-me a regar as flores, que são muitas, e nem sempre dou conta.
Mais tarde, quando começar a tremedeira da abstinência da medicação, prometo pegar em tua mão e te levar de volta à morada dos loucos.
Os médicos já se habituaram que foges sempre, e que isso até contribui em tuas poucas chances de recuperação. Não deverás ter muitos problemas.
Eletrochoques, também não se usam mais. Acredito que não haverá dor.
És caso sem jeito, eles devem pensar. Tuas asas, não se podam; teu brilho,não se ofusca; tua casa, sob as nuvens... voe logo, então. Estás perdendo tempo aqui em baixo, com os sanos, os médicos e os jardineiros.
Vivo olhando para cima, esperando vê-lo por lá.
Voe logo...