Talvez seja minha hora de descansar
Assim como alguns amigos já fizeram
E tantos outros que vieram antes de mim
Dormir um pouco, por vários e vários dias
Sem som, luz ou imagem do homem forte que criei
Já sem voz pra gritar, já sem medo
Assim como eles, pretendo desistir
Der-me tempo na busca pelo desconhecido
Pelo nada que já carrego
Assim como eu, estranho
Deslocado, solitário solicito
Com ar de bom moço alegre
-Como sei mentir-
Assim se vão minhas vontades
E em muito breve minha vida
Dores amores e feridas
Para o céu, inferno ou para o nada
E quem me conheceu imagem e cantos
Terá uma pergunta, um julgamento
Milhões de duvidas
-Porque será meu Deus?-
Dirão os que gostam de mim
Sentirão talvez minha falta por alguns dias
Mas somente por alguns dias
Após as formalidades
Tudo correrá para a mais simples normalidade
Dentro da mediocridade dos dias que se seguem
E como já bem disse Álvaro de Campos
-Lentamente esquecerão de te, e só serás lembrando
Em duas datas, aniversariamente-
Tão breve seja a vida, assim também se dará as lembranças
E parti como hoje desejo
Tornou-se quase inevitável
Pela falta ou pelo excesso
O exagero dos sentimentos que me cercam
Deixo então meu legado de fracassos
Deixo então minha coragem e covardia
Essa é minha herança:
Uma mão estendida, aos que me negaram abrigo,
Um sorriso largo, aos que choravam perto de mim,
Um ombro aos que buscavam consolo,
Enquanto me abandonava pelo mundo
Nas mentiras e histórias que criei
Assim apagarei esse “fake” que sou
Com um “delete” e um ponto na poesia...
Nenhum comentário:
Postar um comentário