Cartas para o filme
Hoje quero escrever-te
Em versos simples
Para que sintas minhas palavras
Sendo ditas próximas ao ouvido
Sussurradas, quase despropositadas
Do todo que há em mim
Desejando teu corpo e espírito
E nada além disso
- Se é que existe o além...-
Se de tu já não tenho certezas
Nas dúvidas que me ofertas
Não encontro mais teus beijos
E sinto faltas deles
Como sinto falta do teu calor
E do teu sorriso
Invadindo meu apartamento
Preenchendo meu quarto
Seminua, com meus panos a abraçar-te
E fico eu assim
Sem crédito para por no teu celular
Ou um veículo para te levar cigarros
Não posso te ofertar garantias
Tão pouco fazer promessas para a eternidade
Mas se queres
Posso levar-te para dentro de mim
Ajudar-te a conhecer o mundo
E enfrenta-lo contigo se preciso for
E se preciso for
Subirei aos céus para pedir por tua alma
Ensino-te e tu me ensinas
Então me proponho a ser teu aluno
(Mas não na tua arte de mentir)
Assim como também serei teu professor
(Mas não na minha arte de iludir)
E nenhuma companhia
Fará-me sentir mais tranqüilo
Que a tua presença
E se ainda assim pretenderes fazer
O que julga ser certo
Por ti, farei o errado
O que tu nunca me pediu
E farei sem pedir perdão
Sem ter que repetir que te amo
Sem precisar da tua confusão
Pois já não mais acredito
Em alma gêmia ou em eternidade
E se nascemos para ser só
Porque então nos buscamos?
Porque então nos arrasamos
E nos desesperamos?
Se tudo isso era tão óbvio.
Se não queres mentir para mim
Então fale a verdade
É bem simples assim
Se não tem ou não pode
Dar-me o que quero
Sai apenas do meu caminho
Que tenho necessidade de andar
E não me sinto livre
Pois estou preso no teu olhar
Nesse filme de amor bandido
Onde, como o vilão
Matam-me no fim...
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