Já se foram meus dias de glória
E fica num canto da estante
Um álbum de fotografias
Dos feitos que fui
Não é incomum viver de lembranças
Assim como também não é incomum
Morrer por elas
Somos na complexidade
Contradições em trânsito
Estamos em momentos distintos
E nas ruas as expressões nos apresentam
A cada um com seus cartões de visitas
Olhares e gestos que nos entregam
A mim, uma saudosa paixão
Ainda deixa sombra em espaços vazios
Quem fui é bem maior de quem sou
E isso me incomoda hoje mais que ontem
Mas não sei se quero as mudanças e inquietudes
Os típicos problemas da juventude
O amor e a insegurança
À vontade de transgredir
Desobedecer à prudência
Eu era um que valia por vários
E mesmo não tão distante
Desse tempo
Deixo a mim uma conformidade
De quem me tornei
Já não abro mão das minhas sandices
Um louco velho é um louco sem cura
E aos trinta já me dou por condenado
Com vícios e manias perpetuas
Coisa que nem o amor cura
Quero mais a mim que aos outros
E chegue quem chegar
Amo-me mais que a novidade
Amo-me mais que a alheia vaidade que descubro
Sei o quanto que me abandonei
Numa seqüência de afirmação
Do eu que desconhecia
Mas sendo mais amigo dele
Sei que meus dias de solidão
São dias de dedicar-me a mim
Toda a atenção que despertei pelo outro
E assim não deixo mais que me ponham em fuga
Saio bem antes que invadam esse espaço meu
Hoje não faço questão por glória, conquistas...
Apenas busco segurança e um pouco de dinheiro.
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