27 de dez. de 2023

Proibida. (Jurandir Bozo)

 


 

Eis que Adão descobriu o sabor do pecado

Para dali por diante

O homem fazer da culpa o limite para seus instintos

Seus desejos e vontades

Fomos então moldando nosso entendimento

 O certo e errado

Moldando formas corretas de amar

Proibindo formas erradas de se apaixonar

Como se nosso coração e instintos

Pudessem apenas serem controlados

Enquadrados e identificados

Padronizados

E assim fomos escondendo nossos e desejos tortos

Passamos a naturalizar a hipocrisia

Tudo em nome do convívio civilizado cristão

Excedemos na imposição do tido por normal

Excedemos nas punições aos diferentes

Excedemos no policiamento e nas vigílias

Pois tudo que fugia a nossa curta compreensão

Precisava ser exorcizado

Mas qual regra pode conter uma paixão

Quais olhares apagam o brilho de um encanto

No passar do tempo

 Uma coisa só ficou provada

Vencer nossa humanidade

E ludibriar nossas fragilidades

É uma batalha perdida

Diante de todas as regras

A disseminação do pecado

Para evitar o prazer

E a liberdade do pensar

Eu que já me sinto velho

Encaro esse novo de novo

Com muito medo e precaução

Pois hoje já prevejo o fim

Igual a todas as outras historias que vivi

Sem expectativa

Antecipo qualquer possibilidade de fracasso

Não permitindo que outros sentimentos possam nascer

Crescer, reproduzir e morrer

Pois todo amor

 Fora criado por Deus

Para ser eterno.


26 de jun. de 2022

Indubitável (Jurandir Bozo)

 


Difícil...

É quando as horas

Não passam rápido

E você tem a certeza

Que esse lugar de agora

Já não é seu há algum tempo...

 

Difícil...

É perder o total controle

Dos pensamentos

E vê-los buscando

Pedaços de lembranças

Que jamais serão inteiras...

 

Difícil...

É ter uma profunda vontade

De se sentir perto

 Mesmo sabendo que o outro

Está a muitos quilômetros de distância.

 

Difícil...

É ver a esperança lutar contra o óbvio

E buscar na doce mágica ilusionista,

Algo que engane a fatídica decepção

Que não tardará a chegar.

 

Difícil...

É não ter você.

É não lhe ouvir sorrir;

Ou não tentar lhe provocar

Com piadas e menções bobas

As todas as conversas

Que nos geravam referências,

Dando-nos certo ar de intimidade

 

Difícil...

Será ouvir um forro

E não lhe imaginar dançando

 

Difícil...

Difícil é dizer adeus,

Mesmo querendo ficar.

 



16 de jun. de 2022

Madrugadas (Jurandir Bozo)

 




Antes que a madrugada acabe,

Preciso dizer;

- Todas essas noites têm sido suas -

Como tem sido seu

Todos os meus pensamentos,

Meus instintos e desejos...

E ainda antes que eles sejam proibidos,

Eu respiro

Lento e compassadamente,

Como se estivesse cheirando sua nuca

E falando as palavras e vontades que censuro,

Diretamente em seu ouvido.

Palavras molhadas...

Aquelas que nossa vã intimidade não lubrificam.

Aquelas que não sabemos explicar

E ainda assim

Insistimos em continuar dizendo...

Falando e sorrindo,

Como se a noite

Fosse uma mera espectadora

De todo nosso encanto.

Como sou do seu canto,

De suas coisas,

De suas curvas,

De suas coxas

E tudo de mais

Que ainda não me permitiu saber.

Mesmo assim

Já me sinto seduzido

Pelo que ainda não sei.

Bem como já estou;

Completamente apaixonado por você.



9 de out. de 2021

Um Poema Para Karol (Jurandir Bozo)


 Se minha ansiedade deixar

Quero escrever-te nesse poema

Uma breve e talvez imprecisa

Descrição dos encantos que enxergo em ti

Desde o sol que habita em teu riso

Até os mistérios que teus olhares escondem

Tudo que não sei

Vezes tudo que quero saber

O que atribuo a ti

Além de beleza tão evidente

Que de longe me faz suspirar

Aguardando respostas

Num vácuo de tua disponibilidade

Longe de qualquer erro

Nem todo acerto cai na sexta

Pois os dias passam rápidos

E eu apenas sigo

Sigo a perguntar-te

Numa entrevista sem fim

Chegando ao limite da indiscrição

Mas o que me resta além das perguntas

O que resta além do fascínio

Toda sedução que tua beleza exerce sobre mim

Alheio as tuas dores

Quais histórias ouviria de ti

Se a mim um dia quiseres confidenciar

Confissões de uma virginiana

De uma bela e objetiva dona

Que sorrir para iluminar o mundo que a cerca

Que toca a desfilar fascinando

Sobre rodas

Sobre olhares

Sobre conceitos

Sobre meus escritos

Meus medos e delícias

Teus encantos seguem e vão além

Que tudo que escrevi nesse poema



4 de ago. de 2021

O Nono Mandamento (Jurandir Bozo)

O que esperar do inesperado 
Os acontecimentos apenas caem sobre nos 
A surpresa que a vida vem ofertar 
Por vezes como uma dadiva 
Por vezes como um infortúnio 
E assim segue a vida 
Numa perene incógnita 
 Na sucessão sem fim de minutos e horas 
E quem pode prever o por vir 
Assim meio como uma tentação 
Uma miragem 
 Em meio a meus valores morais 
Veio para encandear meus olhos 
Por em cheque meu conceito de ética 
Ela é linda 
 Tem olhos expressivos e olhar guloso 
Com postura e recato 
 Assim entrou em meus pensamentos 
Os mais íntimos e proibidos 
E suas curvas pareciam caber em minhas mãos 
As medi com olhares discretos 
Era apenas um almoço entre amigos 
Com falas e as historias descabidas 
Que a encabulavam e provocavam seu silencio 
 E o Silencio dela 
Provocava minhas fantasias 
 Quem é essa moça de mil encantos? 
Quais seus desejos e sabores? 
Assim como veio ela se foi 
Levando junto mil perguntas 
Levando junto meus sonhos 
 Meus valores corrompidos 
Pois assim disse Deus 
- Não cobiçais a mulher do próximo 
Perdão senhor 
Desobedeci


 

Dedicado a leonina mais encantadora que a noite poderia me apresentar.

 

6 de fev. de 2021

Extra Lar (Jurandir Bozo)

Ainda guardo em mim 
Todas as lembranças do seu corpo... 
Seu cheiro e sabor, 
A maciez de sua pele, 
Seu jeito de fazer amor 
De beijar e gemer... 
Suas curvas continuam em meus dedos; 
E seu olhar em meus sonhos. 
A imagem de você a me esperar... 
O primeiro toque, 
Presente e real, 
Sem vídeos ou distancias. 
Era apenas eu, você, 
E o universo que conspirava a nosso favor... 
Sua lembrança é continuamente presente 
Não há como lhe esquecer 
Não há como não pensar em 
Você Tive que retornar 
Mesmo querendo ficar 
Mas uma parte de mim não voltou 
Fico aqui de longe 
Dividido ao meio 
Entre meus sonhos de criança 
E minhas fantasias de adulto 
Dizer o que sinto... 
Explicar meus sentimentos... 
Calo e fico ausente para evitar a dor 
A dor que sua falta me traz 
 E assim de peito rasgado 
Só queria lhe dizer nessa poesia brega - Te amo. 
Mesmo que tudo não passe de um sonho...

2 de ago. de 2020

Apenas Bons Amigos (Jurandir Bozo)



As curvas de suas pernas

São para mim

A parte mais perigosa 

Que meus desejos trilham

No que intimamente

Anseio sinalizar com beijos

Pele macia em fogo brando

Num rostir encabulado

Nosso pés se encontraram

Enquanto sonhava

Lábios e salivas

Segundos de silêncio

Em uma eternidade de sentidos

Para mim era verbo

E eu amei

Para você substantivo

Estranheza

E voltamos a mesma distância

Afinal ainda somos

Apenas bons amigos




30 de jul. de 2020

A Síntese do Grito (Jurandir Bozo)




A Síntese do Grito

 

Largam de mim

Pedaços molhados de lembranças

Que ainda me fazem rir

Que projetam medo do que estar por vir

Pois se haverá porvir é a única certeza

Enquanto isso

Sigo flutuando por novos caminhos

Velho e assustado

Com tantos outros sentimentos juvenis

Pra quem nunca temeu a morte

Querer ir abraçar as incertezas da vida

É assustador

Afinal quem não quer

Ir além-mar e amar

Primeiro a si e se possível aos outros

O amor se olharmos bem é meio egoísta

Ate no mais absoluto altruísmo

Há certas conveniências

Em sacrificar-se sem do outro saber

E se sabemos muitas vezes decidimos sós

No fundo no fundo

Somos tudo que não conseguimos dizer

E a síntese de tudo que já conseguimos gritar

(Escrito em 30/07/2020)

11 de jul. de 2020

Carta ao Meu Eterno Amor ( Jurandir Bozo)





Ainda parece que foi ontem
Você veio esprivitada
Ligeira e falando alto
Linda de voz rouca
E eu idiota como sempre
Quis traçar regras
Impor vontades que não eram suas
Você me deu seu tempo
Sua amizade
Você me deu um filho
Deu-me sua vida (Eu sei)
Lições que a principio não enxergava
Pois não parava de falar
Pois não me permitia escutar ou aprender
Era Eu e eu e a pseudo vontade de morrer
Quando a vida se quer parecia ter começado para mim
E sem precisar dizer nada
Sem precisar me impor nada
Você me ensinou a ser homem
Ensinou-me e me permitiu ser pai
Quando na verdade se quer sabia
O que era ser apenas um menino livre
Livre de medos
Livre de vaidades e complexos
Preso a mimos e manias de fedelho
Assim alicerçado em seu amor
Cresci aos poucos
Como menino
Como pai
Como artista
E você ali vivendo o pior de mim
As inúmeras tentativas frustradas
As minhas grosserias e traições
Mas do seu jeito você sempre foi você
Uma Mulher que não pede permissão
Uma Mulher que sabe fazer amigos
Os seus e os meus
Não há como dizer que não demos certo
(Os anos e a cumplicidade não nos permitiria
Nosso filho sendo o homem que é hoje
Mostraria o contrario disso
A profissional que Você é
Grita o contrario disso)
Jamais amarei alguém com ainda lhe amo
Tal fato me assusta
Mas me conforta
Cassilta você é mais que qualquer poema
Muito mais que qualquer pensamento
Que minha aguçada criatividade possa definir
Talvez hoje a dor que nos toma
Não nos permita enxergar o obvio
Você foi a melhor coisa que tive na vida
E isso é obvio
Até porque você foi minha vida
Por vezes meu único amigo
Por vezes meu único irmão
Meu único parceiro
Meu único cumplice
Foi tudo sem deixar de ser mulher
Sem deixar de ser você
Os sentimentos mudam
As pessoas mudam
Mas não como as pessoas
Os sentimentos não morrem
AMO-TE
Mas o amor também muda
E desse novo jeito
Eternamente te amarei




10 de jul. de 2020

Pós Exibição (Jurandir Bozo)





Eis que o sol nasce
E rasga a escuridão dos meus olhos
Ainda cansados e húmidos
Mas minha dor continua a correr
E corre por melodias ocultas
Onde meus gritos ecoam por achego
E aos que pensam que minha rebeldia
Liberta-me dos laços que criei em vida
Afirmo que não
E se ainda achares que aplausos
Confortam o eu que se esconde
Realmente devo ser um bom ator
O que sorri e diverte
E que ao entreter os outros
Engana si
Para assim seguir o roteiro do espetáculo
Seguir o dia
Seguir a vida
Na mentira mais real
Como se no final da noite
Pós exibição
Não voltasse a ficar preso nas madrugadas
Em minha solidão