31 de dez. de 2008

Intimamente Falando (Fábio Sirino)





Assim sai da boca como provocação
Aos seres que habitam os matagais
E se escondem das tuas maravilhas
Querendo apenas um pouco da tua língua em mim
Que mesmo com suavidade
Reflete-se em sonho como se selvagem fosse
O ato de falar aos outros o sabor do teu gozo
De comunicar “direito” as preliminares
Totalmente carnal com lábios torneados
Amoral, e teu recato aflora meu pecado
Preto no branco, tirando teu terninho
Em quadras e senas somos duques
Não somos lordes ou temos sangue real
Buscamos o prazer por prazer
Indo bem mais longe que as apresentações aparentes
Das minha alucinações que despertastes
Chegando a lençóis suados
Sussurrados ao pé do ouvido
Chupado e cuspido
Ali na tua boca
Na frente do público, no púlpito
Proclamo a tua beleza de quatro a mais
Na cama ou no chão
Sexo, ciúmes e paixão descartável
Dando margem a um mar de sensações
Oral como se a foto fosse a descrição de teu corpo
Pormenorizado em fortes pensamentos
Estórias proibidas da vida que não tenho
Nas sobras a tua pela negra a chamar por mim
Dores, amores e chiclete com banana
Qual sabor terá tuas águas?
De que mistura de caju com as lagoas vem teu olhar?
E mesmo longe, sonhos em falar-te em línguas
Entre tuas pernas deslumbrar outro mundo
Umedecendo os teus picos de calor em anseios
Sangrando segredos, medos do que não consigo gritar
Dizer teu nome e declamar poesias em teu ventre
Voltando a ser criança e trepando
Em árvores e carrosséis amarelos
Bem mais parte que a física nos permite
Que minha coragem e vigor acreditam ter
Mítico como nossa procedência
Delicado como a lembrança que guardo de ti
Em curvas e delícias
E violento como tua chegada ao meu querer
Enquanto profetizo e vislumbro
Tua pele nua a chamar-me
Tentando descobrir
O que sai da tua boca em respiração quase cansada
E que intimamente me diz... – vem mais uma vez.

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