28 de ago. de 2008

Noites de Ser Só (Fábio Sirino)


Ela não esta a fim de sair só

Solitária assim numa sexta

Em meio a tantos outros iguais

Que ela por esta só

Talvez não enxergue

A vontade que sentem

De estar perto dela

E não a culpo por isso

Por desencontrar seus olhares

Dos tantos outros que a buscam

Em espaços de carnaval

Pois ali tudo parece apenas brincadeira

E fugimos da presunção do óbvio

Encarnamos apenas o papel do esquecido

Vestindo a fantasia de cordeirinho

Ela se abandona e mesmo linda

Sufoca seu brilho em euforia

Às vezes nem sai de casa

Fica a frente de uma tela

Talvez buscando companhia

Talvez querendo acreditar

Que ali sua solidão fosse menor..

Mas ausência de calor aos seus desejos

Faz menções a mais uma noite triste

Ela bela e avassaladora

Apenas esconde o seu espelho

Num olhar entre a entrega e o pudor

Não menos fechada que um coração magoado

E não menos fácil que as desesperadas

Assim entre a cronologia que rege sua face

Na beleza de suas formas e gestos juvenis

Mal chegou a ser mulher

E tantos sentimentos a perturbam

Que filósofo ousa a descrever

A grandiosidade de suas dúvidas

Transição entre o medo e a descoberta

Assim tantas que ainda se enxergam menos

Encontram mais de si no olhar alheio

Enquanto as que se acham acabam se perdendo

Não que o mundo seja voraz

Ou não que ele não seja feroz

Aqui numa cidade subdividida

Entre o muito e o nada

As pessoas seguem suas riquezas

E desejam mais e mais

Porque que com ela seria diferente?

Ela sai e encontra os de sempre

Nem amigos nem desconhecidos

Os de sempre, com as mesmas falas

A atração até que é diferente

Mas os medos sempre são quase iguais

E assim cegam ela

Sozinha nas noites

Acreditando precisar de companhia...


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