22 de ago. de 2008

Descartáveis... (Fábio Sirino)


Escrevo hoje a última poesia
Versos avulsos em correspondência digital
Assim construo amores pré-programados a um fim
Minha eternidade sentimental
Tem um tempo útil curto
Como assim invento amigos e comunidades
Talvez a tecnologia nos deixe solitários
Mas com a sensação contrária
De muitos contatos e muitos endereços
De muitas visitas e milhares de mentiras
A verdade é que dizemos acreditar
Em alguém que nem sabemos se realmente somos
Deixo circunstanciados contatos com amores mortos
Não busco endereço, recados ou lembranças
Não desejo o mau, não desejo bem
Já não me desperta interesse
Os dias ou as noites
Fico apenas com poesias e obrigações
A de trabalhar, a de fazer semanalmente minha faxina
A de me manter leal as minhas crenças
Obrigação para com meu filho
De resto... De resto nada mais que minha música
Nada mais que a descrença
Se os computadores nos impedissem de mentir
Polcas pessoas usariam suas fantasias
Como justificativas a falta de caráter
Mas quem em tempos de modernidade o tem?
Quem em tempo de apocalipse urbano
Tem algo feito a compaixão e pureza?
E ainda ouso adverti: - se encontrares alguém
Com olhar de anjo e corpo de diaba...
Não precisa correr ou abdicar do pecado
Prove dos sabores sem muitas repetições
Resuma-se a comer, sorrir e descartar a embalagem.

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