6 de ago. de 2008

Aplausos! (Fábio Sirino)

O palco parece tão distante
Mesmo num teatro tão pequeno
Nossos lugares não nos permitem toques
As luzes nos impedem
As luzes me impedem
Tecidos, palhaços, saltos e pés
Fotos, flores anônimas e risos
Antes mesmo que vissem o autor
O sucesso era certo
Ali alguém maior que minhas explicações
Que minhas discrições poéticas
Uma nova força elegante
Com ar de dona do desejo
No foco central do senhor Deodoro
Ela a dançar e todos ali parados
Como se novidade fosse
Parar para vê-la passar ou dançar
Poucos risos, muito encanto
Mas de mim poemas e silencio
Paro nas flores
Talvez rosas
Algo mais covarde impossível
Perto da bailarina caio em contradição
Sou mais um na platéia
A observar seus mistérios
Impávido, invalido e surpreso
Vencido por seus movimentos
Esperando a projeção das imagens
Irem ao lustre e voltar à platéia
Numa esperança boba de ser visto
Talvez a foto dela toque meu rosto
E por isso sonhe
E por isso sonhe com ela
Dançando para mim
Sem acordar mais e sem fim
Pois nos espetáculos de dança
Não se pede bis.

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