26 de mai. de 2008

A Menina da Feira (Fabio Sirino)


Hoje é dia de procurar enfeites
Busco os mais artesanais
Gosto de pensar nas pessoas que os fizeram
Em suas mãos e vidas,

Em cada centímetro trabalhado.
*
Adoro ir à feira do artesanato do centro
Lá as pessoas são normais
São próximas e tem cheiro de feira.
Odeio as feiras com cheiro de shopping.
*
Ando sempre por lá.
Vejo as esteiras, as lamparinas de lata de óleo.
Os bonecos de barro, as peças de Arlindo.
(Seus sonhos em miniaturas de palitos incandescentes)
Gosto de ouvir as estórias dos vendedores

E se der sorte, até cantador nas ruas do mercado encontro.
*
Procurava camisas, adereços de palha,
E sandálias de couro...
Visitei várias bancas

E na última, uma rara surpresa...
*
Lá estava Ela... Uma feirante.
Linda de escarpin preto
De olhos tímidos e verdes
Com uma pele clara longe da morenidade que me atrai
Mas por ela meus pensamentos
Foram além das cores que desejo
*
De voz calma, ela me venderia até o que não procuro.
Talvez ela seja apenas uma linda moça na feira...
Mas seus olhos dizem mais

Neles mil histórias que a fazem calar,
Ou se esconder por traz das solas...
*
No meio de tudo, um anjo
E sua luz deixava uma sombra
Como se seus encantos fossem seus mistérios
Minhas palavras se alongam
E por mais que ganhe tempo nada sei dela
*
Retorne com parte dos meus pensamentos
Ainda entranhados por entre seu escarpin
E o amontoado de sandálias do mostruário
Mas na ida, um sol se abriu para mim
Ela simplesmente sorriu.
E a feira do artesanato voltou a ter seu brilho
Voltou à gritaria e a beleza
*
Hoje quando la retorno.
Procuro a menina mais bela da feira
E quando não a encontro
Tudo volta a ficar estranho e sem graça
Pois o sol que mora em seu sorriso tímido
Muda a cor de todas as bancas
E a feira ganha um verde esmeralda
Refletido dos olhos dela
Assim torno a buscar
Alpercatas e sonhos
Mas sempre na banca dela.
(para Polly)

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