22 de dez. de 2007

Desconhecida (Fabio Sirino)


Fora da roda
Não comum ao ciclo que eu já conhecia
Ali quieta quase anônima
Como se santa fosse ela
Na zoada que fazia observava eu de canto de olho.
A sua beleza e a paciência ao aguardar...
A filosofia dançava
E se não enxerguei os olhos dela
Assim os imagino
Não azuis ou verdes
Penso neles castanhos ou pretos
Penso que ali o mundo que viaja em cores
Mas tudo era predominantemente branco
Na gira a descer em bênçãos
Antes, no quintal os baques quase surdos.
Hoje, é tudo muito alto,
Num ponto onde a cultura se aflora
Não tenho vergonha da minha macumba
E se a senhora ali quieta deixar
Também apresento minha poesia
Recitada com voz rouca e já cansada
- Pois não canto mais como outrora sonhei
Reservo-me para em eventuais momentos
Soprar cânticos ao pé do ouvido
- E assim faria se perto dela estivesse
Saciar meu curioso desejo
Ouvir a voz e ver as mãos
Saber ao menos o que faz aquela linda moça
Aqui às escuras tudo é especulativo
Solto na medida dos segundos que a imagino
Por vezes despida.
Mas nada tenho
Uma lembrança quase incomoda
Da minha falta de iniciativa
E se algo me serve de lição
Aprendo que na distancia
O sentimento só se faz belo em poesia
Sim sou louco e disso faço pouco
Não me intimido com loucura
Vejo leio loucos como eu o tempo todo
E neles me sinto parte de algo que nem sei se conheço
Mas que me soa familiar
Irei ofertar as flores que minha ausência
Deixou em falta
Para que ela um dia volte
E eu possa simplesmente ouvir sua voz
Tocar suas mãos e olhar no fundo dos olhos que imagino
Sem palavras ou versos
Dançar e beijá-la ao fim da musica
- Sou ousado e sempre quero mais
- Pois no fim de todo artista a sempre um menino
Cheio de vontades e medos
Então conhecerei a menina dela
O que esconde na discrição de sua serenidade
Pois de longe tudo é pura ficção
Entre a áfrica e os orixás
Entre o computador e a estética
O resto é detalhe, adereço ao que vi.
Como se já perdido fosse
Como se não fizesse falta ao todo
Deixo um registro ao mar
Que ele aceite esse escrito meu
Pois dela não tenho o endereço, nem nome.
Ficou apenas sua imagem a me encantar
Em meio aos toques e bênçãos
Da casa de Iemanjá.


Um comentário:

Anônimo disse...

Oi estou passando pra deixar um olá para Fábio Sirino!
Adorei seus poemas, leio todos os dias, e penso que são todos pra mim assim fico contente!!!
Até e obrigada da Briahnna!!