6 de jul. de 2007

Depois da noite de prazer (Fábio Sirino)



No fim da tarde

As coisas ganham o verdadeiro sentido

Na realidade mais dura e cruel da vida

Depois dos sonhos que mal sonhei

Depois dos poucos momentos de sorriso

Um soco em minha alma

Ou apenas mais uma despedida

Outro momento de choro

Que resposta Deus nos dar com isso?

*

Esperei a noite como se fosse eu a morrer

Eu a sofrer, só num apartamento de paredes brancas

E insisto nessa repetição

Pois assim, se dão meus dias

Minhas vitórias

Como num livro sem escrituras ou fotos

*

Como ser quem sou, antes de me sentir algo?

Antes de me sentir parte de algo

E no nada que me incomoda

Vejo de dentro o vazio dos segundos que se seguem

Antes que me leve uma recordação

Mais um dia de minha vida

Eu quero gritar

Eu quero chorar e poder cair

Antes que diga-me que é tarde demais

Quero tentar e tentar até cansar

*

Vejo então as despedidas de uma outra forma

Vejo os fatos que se seguem assim também

E se como não bastasse

Repito-me na forma de ver toda essa mudança

E por isso me calo

Mesmo querendo gritar

Mesmo precisando chorar e cair

*

Talvez, hoje, eu faça um testamento e me mate...

Mas minha vontade de viver é tão maior que eu...

Meu desejo de amar é tão maior que eu...

Que naufrago em esperança já desiludidas

Já fadadas ao fracasso

E nele, eu a lutar, eu a seguir, eu a calar...

*

Porra! Mais o que fazer?

Se a resposta de Deus não cala a minhas perguntas...

Deixo meu filho e minha música,

Deixo poemas e risos para posteridade,

Ou deixo dívidas e inimizades?

*

Desejo o mundo e o que tenho?

Uma força que não enxergo

Amigos mórbidos que se matam

Amigo forte que clamam por mim

Um coração enorme que sofre mais

Não! Eu tenho apenas medo de me sentir ridículo.

***

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