25 de abr. de 2006

Piercing (Fábio Sirino)


O que foge da mordida
Se transforma em atitude
Torna-se apetrecho na língua
Que arde e beija, apimenta
Feri o fundo do peito sem rasgar a pele
Na língua em forma de prata
Na pele negra, magra, mulata
Fica o mistério do comportar
Do agir, do falar
Da forma de andar
Se é que anda, Se é que desfila ou rebola
Da bola que fica na boca
Louca e que rola e excita
Que grita junto a ela
Faz da sua feminilidade um ar escuro
Que nem de cima do muro se enxerga
Os olhos dela, a sua cor
Da voz e que imagino
Da palavra que vaga, tom de noite
Da menina do verbo cortante
Que me desconhece e matém distância
Para que não deixe de ser sonhada
Vista e idealizada em fantasias
Que vão além do estudo da comunicação
Ficam caladas entre a língua e o céu da boca




Um comentário:

Lee disse...

vc usa as palavras de forma interessante
bom poema