2 de set. de 2005

Se perguntares... (Fábio Sirino)

Diga que sou
Todos os mendigos da cidade
O que sempre diz sim
E ouve o não.
O que consola e apóia
Para chorar sozinho e me abandonar.
Olhando a cidade que não para.

Diga-lhes que estou a favor de todos
Mesmo quando todos estão contra mim
Que penso no outro
E acaba parando
Na encruzilhada com o sinal aberto
Sendo despertado pelo pensamento
Pela zoada de um buzina
Seguida de um freio agudo.

Diga que sou o que se esquece e
Já não tem aniversário
Nem algo a comemorar.
Eu sou o escudo do cego
Ao ser espancado,
O que comemora o empate
Quando a multidão quer vitória
Eu sou ainda aquele
Que chora nas comédias
E se sensibiliza mesmo sorrindo
Com um drama encenado.

Diga também
Que criei defesas
Numa personalidade forte
Na mentira dos risos

Diga que sou o resto do lixo
O que todos os catadores se alimentam
Com a esperança de um doente
De um doente terminal...

Se te perguntares quem sou
Diga que não me conheces
E achas que sou ninguém...
Ninguém.

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